Capítulo 37

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- Aí, aí que engraçado. MAITE! - Saí andando pela casa com a mãe dela logo atrás de mim - PARA DE GRAÇA, EU QUERO TE VER

E Realmente Catarina havia dito a verdade, andei por toda casa e nem sinal dela

- Pelo amor de Deus William, me explique o que está acontecendo

- Acabou que apareceu uma filha minha com outra mulher, Maite ficou maluca e saiu de casa dizendo que viria para cá

- Será que aconteceu algo na estrada? - Perguntou preocupada

- Não acredito que seja isso, ela não veio para cá porque sabia que eu iria procurá-la - Falei nervoso

- Vá embora William e encontre Maite, não deixe Benício saber da fuga dela, senão ele é capaz de denunciar a própria filha, e aí você sabe que ela pagará com a própria vida

Apenas concordei e saí daquela casa, subi na carruagem, mas eu não tinha um rumo certo. Eu não fazia ideia de onde procurar Maite.
Depois de dar algumas voltas na cidade eu avistei um teatro, estava desativado. Eu não sei explicar o motivo, mas eu senti em meu coração que eu devia ir até lá e então obedeci meu instinto. Foi complicado para entrar, tive que passar por diversas grades até chegar em seu interior. Tudo estava escuro, não sei que raios me deu em ter vindo aqui, e eu já estava saíndo quando ouvi um gemido de dor. Fui caminhando até o som que deu em uma porta, quando a abri meu coração acelerou. Maite estava deitada sobre uma cama suando demais e um líquido transparente estava espalhado pelo chão do quarto, constatei que era sua bolsa que havia estourado e ela estava em trabalho de parto. Eu corri até ela e me sentei ao seu lado, apoiando sua cabeça em meu colo enquanto lhe acariciava os cabelos, e agradeci mentalmente por tê-la encontrado

- Maite meu amor, por que faz essas coisas comigo? - Perguntei entre lágrimas - Vou chamar um médico

- Não... Vai... Dar... Tempo - Falou em pausas pela dor que devia estar sentindo - Traga nosso filho ao mundo William

Eu não sabia o que fazer, olhei para o lado e vi uma garrafa de whisky rapidamente joguei em minhas mãos para desinfetar, depois me posicionei ao pé da cama e afastei as pernas de Maite

- Querida, eu não sei como fazer isso, mas todos dizem que deve fazer força. Então faça força minha vida, empurre

E cada grito dela cortava meu coração, eu podia sentir sua dor e se pudesse lhe tomaria para mim.
Notei que Maite estava exausta, por vezes quase desmaiou e nada do bebê nascer. Eu me levantei e comecei a massagear sua barriga, para tentar ajudar a criança a sair

- Vamos mais uma vez amor, por favor

Ela agarrou com força os lençóis e forçou novamente, e então eu pude ver a cabecinha, peguei com cuidado e comecei a puxar calmamente e logo um chorinho inundou o quarto enquanto lágrimas escorria por meu rosto

- É uma menina - Falei sorrindo depois de cortar o cordão que as unia.  Caminhei até a cama, coloquei a bebê nos braços de Maite que rapidamente guiou o bico de seu seio até a boca da pequena

Eu me curvei e depositei um beijo na testa de Maite antes de pegar uma toalha e começar secar o suor que lhe havia umidecido todo seu rosto.
Ela estava pálida demais, ofegante demais aquilo realmente estava me assustando

- Eu te amo William, por favor cuide bem da nossa filha - Falou fraco

- Nós vamos cuidar meu bem, nós - Respondi sorrindo e ela negou com a cabeça

- Na primeira gaveta dessa cômoda atrás de você tem uma carta, por favor leia-a. Eu te amo William - Falou e me puxou para beija-la - Eu te amo filha, seu papai vai cuidar muito bem de você. Não deixe ela esquecer de mim William, não deixe - E depois que uma lágrima solitária escapou, seus olhos se fecharam

- MAITE! NÃO! - Gritei em prantos - Meu amor, volta pra mim, por favor... Por favor - Pedi me debruçando sobre ela tomando cuidado com nossa bebê.

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