Capítulo 4

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Quando senti o Sol bater em meu rosto me virei para o lado, não queria levantar.

- Bom dia, senhor

Mas era óbvio que Jonny não me deixaria em paz

- Me deixe dormir - Resmunguei

- Senhor, seu casamento começará daqui duas horas, precisa se arrumar

- Eu não quero, não quero... - Confessei

- Eu sei, mas conviver com aquela senhorita não deve ser pior que a morte

Não consegui e ri daquele comentário, Maite era tão difícil de lidar que as vezes a morte parecia mais serena.

Sem mais opções me levantei, a água quente já estava na banheira só ao meu aguardo, quando me afundei naquela água soltei um gemido rouco, só um banho morno para aliviar a tensão em que eu me encontrava.
Depois de me secar vesti um terno preto, por um momento pensei em me casar com o terno que usei no casamento com Érica, mas não achei justo com Maite, e então comprei um novo especialmente para aquele ocasião.
Meu cabelo estava perfeitamente arrumando, passei uma mistura de cheiros que eu havia comprado na semana passada, tinha um odor amadeirado, era bem agradável.
Quando saí do quarto a casa toda estava numa movimentação para terminar de arrumar os últimos detalhes da festa que seria realizada ali.

Então segui para a Capela onde aconteceria a cerimônia, tinha somente minha mãe, o padre e umas pessoas que julguei ser a família de Maite, então segui até eles para cumprimenta-los

- Bom dia

- Bom dia, você deve ser o Senhor Levy? - Perguntou um homem de mais ou menos 50 anos

- Sim, sou eu

- Prazer, sou Benício Perroni, pai de Maite

- O prazer é todo meu

- Essa é minha esposa Catarina e essa nossa bebê Alexandra

A mulher me estendeu sua mão que eu beijei, e fiz um cafuné na cabecinha da bebê em seu colo

- Pena que as coisas acontecem assim, tão... Rápidas

Uma coisa era fato, não gostei do pai de Maite, a mãe dela parecia ser gente boa, mas totalmente submissa ao marido

- Foi um prazer conhecê-los

Saí sem esperar uma resposta, e depois me posicionei no altar.
Eu estava nervoso, minha mãos suadas, mas devia ser por conta do estresse de estar me casando de maneira forçada, não por sentir algo por Maite.
Demorou um pouco, mas logo ela estava na porta da igreja. Senhor amado, pensei que meu coração pudesse sair pela boca, que ela era linda eu já sabia, mas hoje ela estava espetacular, seu vestido era branco de seda, as saias rodadas toda bordada, um decote saliente que eu sabia que ela gostava, dava uma visão pecaminosa de seus seios, um colar com um pingente de pérolas se perdia decote a dentro, fazendo qualquer um se imaginar enfiando a mão ali para procurá-lo, seus cabelos estava meio preso meio solto, o que deixava seu rosto ainda mais desenhado, sua boca tinha um tom avermelhado como o de uma jovem que acabará de ser beijada. Que Deus nos ajude!

Quando ela chegou até o altar segurei em sua mão, e foi inevitável não sentir a eletricidade que teve naquele pequeno contato. Por um segundo eu jurava que ela havia me lançado um sorrisinho, eu devia estar ficando maluco, ela me odiava isso sim.

Confesso que era um tanto entediante ficar ouvindo o padre falar, falar e falar. Mas finalmente acabou, chegando a hora do pode beijar a noiva.
Era uma situação extremamente desconfortável, e o olhar irritado de Maite demonstrava que ela não estava nem um pouco feliz com aquilo, mas fazer o que não é mesmo?
Então me aproximei aos poucos, enquanto uma mão levei a sua cintura para puxa-la para mim a outra apoiei atrás de sua cabeça para nossos lábios finalmente se tocarem, no começo ela ficou paralisada, mas depois foi ela quem tomou a iniciativa e pedia passagem com a sua língua em minha boca, e por um momento pensei nas cartas que havia lhe escrito e constatei que seu beijo era realmente como eu havia descrito, lábios macios, um beijo calmo, mas tão intenso que me deixava com um gostinho de quero mais. Quase protestei quando sua boca se afastou da minha, e depois me repreendi mentalmente, isso só devia estar acontecendo porque eu estava a muito tempo sem receber um toque feminino.

A festa estava muito bem organizada e bonita, a mesa com diversas comidas foi a atração principal para os poucos convidados. Depois de todos comerem seguiram para o salão onde uma música tocou anunciando a valsa dos noivos, me curvei diante aquela mulher pedindo que me concedesse uma dança e ela aceitou

- Devo confessar que o beijo foi agradável - Falei enquanto dançávamos

- É não foi tão ruim, mas obviamente que ja recebi melhores

Provocadora, esse era o pior tipo de mulher que existia, elas consomem os homens por inteiro, até não lhe restarem nem ossos, mas eu não sou bobo em cair nas suas alfinetadas

- Já recebeu tantos beijos, mas ainda lhe falta experiência, talvez não tenha tido professores tão bons

E então ela me beijou, nossos passos de dança foram ficando mais lentos para sentir melhor aquele ato, dessa vez eu explorei cada canta de sua boca com minha língua, o beijo estava tão quente que eu podia sentir o olhar das pessoas nos repreendendo, quando ela separou os lábios dos meus eu estava ofegante, foi o melhor beijo que já havia tido em toda a minha vida.

- Quer retirar o que disse? Ainda dá tempo - Comentou com um sorrisinho zombeteiro

- Digamos que melhorou um pouco

E então ela riu alto com aquele comentário, não pude evitar e ri junto, o som da sua risada até parecia um calmante, era gostoso de ouvir. No final das contas até que ela não era tão ruim assim.

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