Cartas Encontradas

Capítulo 22

Quando consegui me recuperar um pouco saí cavalgando logo atrás de Cleonte, assim que chegamos no local do acidente meu coração se apertou, a carruagem estava em cacos, um dos dois cavalos estava extremamente machucado, e sangue escorria dentre os escombros, sai em disparada e comecei a tirar os pedaços do que um dia foi meu meio de transporte sem me importar com as enormes feridas que se abriam em minhas mãos por conta dos cacos pontiagudos, eu já estava vendo o solo, mas nada de Maite. Cleonte e eu tiramos tudo e a única coisa havia restado era a poça de sangue

- CADÊ MINHA MULHER? - Gritei em pânico

- Eu não sei senhor, quando sai daqui para buscar ajuda eu espiei por entre os escombros e ela estava lá embaixo, deu para ver que estava toda ensopada de sangue, por isso conclui que já estivesse sem vida. Com certeza alguém passou aqui, a pegou e a levou para o médico

- Vamos ver o doutor

Então seguimos até a cidade na casa do único médico da cidade. Bati desesperadamente na porta e alguns segundos depois ele abriu

- Senhor Levy?

- Doutor Stive, trouxeram uma mulher toda machucada para o senhor examinar?

- Como assim?

- Minha esposa sofreu um acidente, e ela não está mais lá, pensei que alguém poderia ter passado e a ter trazido para o senhor

- Lamento Milorde, mas a única paciente que atendi hoje foi a senhorita Castilla

Apenas murmurei um agradecimento e depois Cleonte e eu seguimos de casa em casa, perguntando se ninguém tinha a visto. Porém, ninguém viu nada, ninguém sabia de nada. O dia já estava amanhecendo quando sentei frustado num banco da praça, minhas mãos entre meu rosto, e as lágrimas desciam desesperadamente. Uma sensação de impotência me atingiu em cheio.

- Me conte certo como aconteceu o acidente

- Estava tudo tranquilo até uma raposa surgir do nada na frente dos cavalos, eles assustaram e o jeito que se ergueram fez a carruagem tombar toda para trás, como consequência eles acabaram caindo por cima da carruagem, por isso ficou tudo em pedaços daquele jeito. Lamento dizer milorde, mas o senhor está procurando uma pessoa morta

Eu o olhei com raiva, ela não estava morta, ela não podia estar morta. E caso ele tivesse razão, porque raios alguém pegaria um corpo e sumiria com ele?
Por um segundo Christopher veio em minha mente, era a única casa que eu ainda não havia ido procurar

- Prepare a pistola Cleonte, talvez vamos precisar - Falei já me levantando

Assim que adentrei a fazenda Uckermann fui recebido pelo mesmo menino que fez os boatos da cantora mascarada com Christopher

- Cadê seu patrão? - Perguntei

- Senhor Uckermann saiu da cidade já faz um tempo

- Como assim?

- Depois que o senhor atirou no pé dele acabou que ele teve uma complicação e precisou amputar o membro

- Pelo menos uma notícia boa nesse maldito dia. Minha esposa sofreu um acidente e desapareceu do local, você sabe de alguma coisa? Sabe se seu patrão está envolvido nisso? Se souber de algo e me contar te dou 10 moedas de ouro

- Não sei nada não senhor, já disse que meu patrão nem tá na cidade

Então era isso, Maite havia desaparecido e não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Como que pode uma pessoa desaparecer assim?
Depois segui correndo para minha casa, e fui até Jonny

- O que foi, milorde? - Perguntou vendo o desespero estampado em minha face

- Você tem que olhar aquelas cartas, vê onde está Maite

- O que? Como assim?

- Maite sofreu um acidente e simplesmente sumiu, eu preciso que veja nas cartas onde ela está e se está viva

- Desculpa milorde, mas as coisas não acontecem assim. Não sou eu que mando nas cartas, elas que me mostram as coisas quando querem

- Jonny, eu estou mandando você ir olhar aquelas malditas cartas agora - Falei irritado

Ele suspirou antes de ir rumo ao seu quarto, eu o segui. Ele então pegou as cartas espalhou numa mesinha que ali tinha e começou a olhar cartas aleatórias

- E então? - Perguntei esperançoso

- Não tem nada sobre o paradeiro de Maite, mas aqui temos um coração e um fio, o que me faz concluir que o coração está por um fio, algo como entre a vida e a morte. Mas temos que pensar que nesse história também tem o bebê, e as cartas podem estar falando dele, de Maite ou até mesmo dos dois

Eu sentei cansado, e pedi para todos os deuses uma luz, um caminho que me levasse até Maite e até... Meu filho.