Capítulo 26

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Cuidar de alguém quando você também estava precisando de cuidados era uma das coisas mais difíceis do mundo, mas eu passei por cima da minha dor e do meu luto para amparar Maite. Eu fazia tudo para tentar anima-la, foi então que fontes confiáveis me disseram que o pai de Maite estava viajando para côrte por causa de trabalho, então mandei uma carta para a mãe dela pedindo para nos fazer uma visita, eu sabia que Maite amava muito a irmãzinha e achei que aquilo poderia fazer bem a ela.
Então dois dias depois elas chegaram

- Você ainda não me disse quem são essas visitas - Falou Maite enquanto aguardavamos na sala

- Pare de ser curiosa mulher, você irá descobrir agora

E então Catarina adentrou com a pequena nos braços. Vi um sorriso se formando nos lábios de Maite antes dela correr até a mãe e a irmã

- Que surpresa maravilhosa, obrigada William - Disse sorrindo

- Por você eu faço qualquer coisa. Senhora Perroni, como vai?

- Muito bem, obrigada - Sorriu gentil - E meu neto, onde está?

Provavelmente Maite havia mandado uma carta informando a gravidez para a família, mas não havia mandado outra informando sobre a tragédia. Catarina notou o semblante triste em nossos rostos e pareceu ficar preocupada

- Ele morreu no dia em que nasceu, o cordão estava amarrado em seu pescoço...

- Oh minha filha - E então abraçou Maite

Depois saíram abraçadas para conversar no jardim, eu sabia que a mãe dela saberia lhe confortar.

A irmãzinha de Maite era uma graça, era a alegria e sapequisse em pessoa. Era impossível ficar triste ao lado dela, toda hora a pequena fazia uma graça ou soltava uma gargalhada que fazia todos ao redor rirem junto com ela

- Posso conversar com você William? - Perguntou Catarina

- Claro

- Nesses dias em que estive aqui eu conversei muito com Maite, mas nem uma vez com você. Ela está muito triste, mas você também deve estar

- Sem dúvidas

- É muito difícil, porém a vida é assim, a primeira gravidez é sempre complicada, um parto é muito difícil, vocês não são os primeiros e nem serão os últimos a passar pela perca de um filho. Eu e meu marido passamos anos tentando ter um filho, eu sofri diversos abortos, até finalmente conseguir ficar grávida de Maite e graças a Deus dar tudo certo, cada aborto sofrido era uma luta, uma dor, mas eu nunca desisti e é isso que eu quero de vocês. Eu quero que não percam as esperanças, é difícil eu sei, mas vocês precisão se reerguer, lógico que um filho não substituí outro, mas eu garanto que ameniza esse vazio que vocês estão sentindo - Falou apertando minhas mãos em forma de consolo

- Desculpa a pergunta, mas se Maite foi tão esperada, porque o pai a trata tão mal?

- Sabe como é, depois de tantas tentativas ele queria muito um menino. Acho que por isso também que Maite sempre foi tão rebelde, no fundo ela só queria agradar o pai, mostrar que podia fazer as mesmas coisas que um menino faz

- Obrigado pelo apoio senhora Catarina, obrigado - Agradeci de coração.

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