Capítulo 7

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Já era tarde da noite quando me levantei para tomar um copo d'água e me deparei com Maite vestindo uma enorme capa preta e saindo de fininho, rapidamente corri para meu quarto vesti uma roupa qualquer e sai disfarçadamente a seguindo. Uma carruagem já estava a sua espera, então eu corri para meu cavalo.
Eu só conseguia imaginar uma coisa, ela estava me traindo, e eu não estou bravo por estar com ciúmes claro que não, mas sim porque se alguém descobrisse começaria as fofocas e logo eu seria o corno do ano, para limpar meu nome teria que chamar o sujeito para um duelo e mata -lo... Teatro? Que raios Maite veio fazer no teatro?

O local estava lotado, o que era estranho porque a tempos este teatro estava aos ratos.
Com tanta gente acabei perdendo Maite de vista

- SENTE AI QUE JA VAI COMEÇAR

Gritou alguém para mim, e então fui obrigado a me sentar. Derrepente uma escuridão total, e quando a claridade volta havia uma pessoa no palco, uma mulher.
O vestido vermelho chamativo marcava muito bem sua cintura, o colo a vista demais, um vestido que uma mulher normal não usaria. E usava uma máscara preta que tampava sua identidade, mas Infelizmente eu sabia muito bem quem era.

- Quem é ela? - Perguntei para um homem que estava sentado ao meu lado

- Ninguém sabe

Menos mal, imagina se soubessem que aquela que estava ali tarde da noite, com roupas indecentes e trabalhando era a minha mulher.
E derrepente ela começou a cantar e todo o salão se calou, todos comentavam em como Maite Perroni era uma excelente cantora, mas eu não imaginava que era tanto. Era sem dúvidas a voz mais bonita que eu já havia ouvido em toda a minha vida, as pessoas paravam para admira-la, para ouvi-la.
Depois de duas músicas sua apresentação se encerrou, tudo bem que ela era incrível no palco, mas teria que abandonar essa vida, pois agora era uma mulher casada.
Vi quando alguns homens se aproximaram dela quando estava saindo, o máximo que ela fez foi lançar um sorrisinho e dizer que tinha que ir, bando de desocupados que não podem ver uma mulher que partem para cima como cachorros famintos.

Eu corri para conseguir chegar em casa primeiro do que ela, e felizmente consegui.

Assim que ela abriu a porta e me viu o susto foi inevitável

- Onde você estava?

- Fui dar uma volta, espairecer

Sem dúvidas perguntar uma coisa a alguém já sabendo a verdade era muito satisfatório, e quando essa pessoa mentia então a coisa só ficava mais interessante

- E para espairecer precisava ir até o teatro?

E então ela respirou fundo antes de se sentar

- Eu amo os palcos, eu amo cantar

Pressionei minhas têmporas a fim de tentar relaxar um pouco antes de começar a falar

- Maite, querendo ou não, gostando ou não vivemos em uma sociedade que impõe algumas regras, alguns preceitos. Agora Infelizmente para ambas as partes somos casados, eu não posso permitir que minha esposa trabalhe, e como seu pai as pessoas pensam que atrizes, cantoras, dançarinas são mulheres da vida, meretrizes...

E então o tapa veio, ligeiro, forte e rápido. Para uma pessoa pequena ela tinha uma força e tanto

- Você é um desgraçado, não queria se envolver com uma cantora então não ficasse me enchendo de cartas indecentes, o único sem vergonha que eu vejo aqui é você de ter ficado me mandando coisas tão impróprias. Eu estava muito feliz no meu canto, e da próxima vez que me faltar com respeito não terá sido morto pela côrte, mas será morto por mim

E então ela saiu furiosa, pronta para esbofetear qualquer um que aparecesse em sua frente.

No dia seguinte eu estava disposto a ter uma conversa decente com ela, já era hora do almoço e Maite ainda não havia saído do quarto, então fui até lá e bati na porta

- Quem é?

- Sou eu

- Vai embora seu infeliz, desgraçado!

- Maite... Eu só quero conversar, abra essa porta

E só depois de alguns minutos a porta foi destrancada

- O que você quer? - Perguntou enquanto voltava a se sentar em sua cama

- Quero me desculpar por ontem, reconheço que fui grosseiro

- Tá bom, pode sair agora

- Você pode me achar a pior pessoa do mundo agora, mas quando eu te peço para abandonar sua carreira eu não estou pensando só em mim e em minha reputação, eu estou pensando em você também. Viu o que seu pai disse sobre você? Isso que ele é sangue do seu sangue, imagina aqueles que não são. As pessoas irão te faltar com respeito, te ofender. E agora você está casada comigo, eu sou um homem rico, de posses, sei que começou a cantar por necessidade, porque precisava de dinheiro, mas agora é diferente, eu posso cuidar de você

- Eu não preciso dos cuidados de ninguém, e sim no começo foi por dinheiro, mas hoje eu canto por amor. E sobre a sua reputação não se preocupe que como você mesmo deve ter visto eu me apresento mascarada, ninguém sabe que eu sou Maite Perroni

- Lembra da Benedita que fez seu vestido? Ela sabe que uma grande cantora de ópera está aqui, derrepente lindas apresentações num teatro que até então estava abandonado, acha mesmo que ela não vai sair abrindo a boca?

- Ela é minha cúmplice

Ok, as coisas pareciam só piorar

- Cúmplice?

- Prometi dar metade do dinheiro para ela ficar com a boca fechada

- As pessoa mais cedo ou mais tarde também vão te conhecer, vão saber que é Maite Perroni

- Não saberão, porque agora sou Maite Levy e me apresentarei como tal, e de outras Maites o mundo está cheio, ninguém precisa saber que eu sou justamente a cantora

Parei para encara-la, eu não tinha mais argumentos, e eu sabia que de um jeito ou de outro ela faria o que quisesse mesmo

- Tudo bem - Cedi

O sorriso vitorioso em seu rosto me deu um pouco de raiva, perder era algo que eu definitivamente odiava, e ela também

- Mas tenho algumas condições

- Quais?

- Nada daqueles vestidos tão chamativos, tão decotados, porque aqueles homens ficam te comendo com os olhos

- Ciúmes, baby?

Por um segundo parei realmente para analisar a situação, será que eu estava sentindo ciúmes dela? Mas é claro que não, é apenas por segurança dela mesma

- Entre nós dois não há nada, então não há ciúmes também. É apenas por segurança sua mesmo

Pensei ter visto uma mágoa em seu olhar, mas eu devia estar enganado

- Eu aceito suas condições, milorde

Eu acho que Maite não conseguia ditar uma frase sem ser irônica e debochada, ela era a definição perfeita de atrevida

- Mais uma coisa, te quero em casa todos os dias no máximo até meia noite, entendeu?

Ela apenas revirou os olhos antes de me expulsar a pontapés do seu quarto.

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