Capítulo 25

233 28 13
                                    

Assim que a porta se abriu e Maite entrou, a sensação de alívio foi inexplicável. Eu passei todos os dias procurando por ela, até mesmo orando, coisa que eu nunca tinha feito até então.
Quando vi que ela ia cair eu corri para tentar amparar principalmente o bebê em seus braços, meu filho... Com muito esforço consegui pegar a criança e evitar que a queda de Maite fosse muito grande.
Eu deitei sua cabeça em meu colo e finalmente encarei o bebê, sorri emocionado ao ver que era minha cara, sem dúvida alguma ele era meu. Porém estranhei ao ver que estava quieto demais, e quando chequei seus batimentos eles não existiam. Um desespero tomou conta de mim enquanto gritava pedindo que aquilo não fosse verdade, que tudo não passasse de um infeliz pesadelo.
Jonny apareceu na sala, e foi tentar ajudar Maite, já que eu não conseguia fazer mais nada além de chorar com meu filho entre meus braços.
Aos poucos Maite foi acordando, e depois seguiu até o meu lado onde me abraçou assustada

- Me perdoa Maite, me perdoa - Pedi em prantos - Eu não consegui cuidar de você, eu falhei. Se eu tivesse sido menos ignorante e ido com você naquele dia...

- Chega William, não é o momento - Falou chorando enquanto acariciava a cabecinha do bebê

- Precisamos enterra-lo - Falei com dor no coração

Ela apenas assentiu. Pedi para que chamassem um padre, e para que preparassem o corpo.
Enquanto tudo estava sendo organizado eu levei Maite até o quarto, a despi com cuidado e a coloquei na banheira com uma água morna. Ela estava num estado deplorável, toda suja de sangue, terra grudada até em seus cabelos, várias marcas roxas por seu corpo. Eu comecei a ensaboa-la

- Onde você estava? Me conte o que aconteceu

- Foi Christopher, tudo foi culpa dele. Ele me manteve prisioneira, me batia, me castigava. Quando entrei em trabalho de parto ele não chamou ninguém, assim que viu que a criança era sua cara ele a jogou para mim, rapidamente eu notei que o bebê estava sem respirar por causa do cordão enroscado em seu pescoço, eu tentei tirar, e quando fui pegar a tesoura ele a jogou pela janela, eu corri, corri o mais rápido que conseguia, mas aí quando cheguei lá em baixo já era tarde demais... - Respondeu chorando

- Eu vou mata-lo, eu juro pelo nosso filho que eu vou mata-lo - Falei fervendo de raiva, diversas tipos de vingança passavam por minha mente naquele momento

- Eu já o fiz

- Que? - Perguntei surpreso

- Eu enfiei a tesoura no pescoço dele

Eu simplesmente a abracei, era disso que ela precisava naquele momento. Depois de lavar seu cabelo, finalizei o banho, a guiei até a cama fazendo com que se sentasse e comecei a enxuga-la. Depois fui até o guarda roupa e peguei um vestido preto

- Não, pegue o vestido branco, nosso filho é um anjo, era luz

Então fiz sua vontade, a ajudei se vestir e penteei seus cabelos. Depois de pronta nem parecia a mesma mulher que adentrou essa casa alguns minutos atrás. Eu a puxei para mim e depositei um beijo em sua testa antes de descermos novamente. Tudo já estava arrumado, seguimos para a Capela onde o padre realizou uma cerimônia e depois chegou o momento mais difícil, nos despedir.
Eu acariciei os finos cabelinhos, as bochechas gordinhas... Era uma dor que eu não conseguia explicar, era como se alguém tivesse arrancado um pedaço de mim. Maite segurava a pequena mãozinha enquanto chorava desesperadamente, precisei ampara-la diversas vezes para que não caísse

- Qual é o nome dele? - Perguntou o padre

Eu não sabia, porque eu não tinha me interessado pela gravidez, eu não tinha perguntado a Maite que nome dariamos, e aquilo caiu como um peso de uma tonelada em minhas costas

- Heitor Perroni Levy - Respondeu Maite. E aquele havia se tornado o nome mais bonito que eu já havia ouvido

E então o pequeno caixote foi tampado e colocado dentro do buraco recém aberto

- Que Heitor Perroni Levy faça uma tranquila trajetória até o reino do céu - Disse o padre fazendo o sinal da cruz antes que toda a cova fosse fechada.

Cartas EncontradasOnde histórias criam vida. Descubra agora