-Peter, acorda dorminhoco – Nanna cantarolou no ouvido do garoto, que respondia com alguns resmungos – Acorde, Peterzinho.... Peter!
Ele caiu da cama de Nanna com o grito dela. Foram dormir às quatro da madrugada, mas mesmo assim, Nanna conseguiu acordar as nove e meia da manhã em um sábado e estar mais lúcida e animada do que nunca.
Peter franziu a testa, e olhou para ela como se dissesse: por que diabos você fez isso?
-Desculpa, mas você é difícil de acordar.
-Você também é, sabia? – Peter retrucou, se levantando.
-Blábláblá.... Vamos para a cozinha, eu fiz café.
Os dois adolescentes foram para a cozinha, se serviram de café e sentaram um do lado do outro na bancada de mármore. O garoto ainda estava com as roupas que usou no dia anterior: uma blusa cinza de tecido grosso, calça preta, meias listradas coloridas. Nanna também ainda vestia seu pijama de frio, calça e blusa pretas com vários planetas e constelações estampadas.
Peter sempre quis saber onde Nanna comprava roupas tão legais.
Nanna encostou sua cabeça no ombro de Peter e continuou tomando seu café. Ele achou um pouco estranho, porque ele sabia que a menina não gostava daquele tipo de afeto, mas nem se importou com isso. Continuou com seu café, que estava muito forte.
-O que podemos fazer hoje? – Nanna perguntou.
-Não sei, o que você quer fazer?
-Bem, eu tenho umas ideias. Minha tia saiu agora cedo, teve que ir no escritório da NatGeo em New York e só vai voltar mais tarde.
-Nanna, o que você quer fazer? – Ele perguntou, sorrindo.
-Você tem ecstasy na sua casa?
-------
Almoçaram na casa de Nanna e em seguida foram até a casa do garoto.
Peter procurava nas gavetas de seu guarda-roupa o ecstasy em pílulas enquanto Nanna estava deitada na cama dele, tirando fiapos da manga de seu suéter verde, que antigamente era de Peter. Já estava ficando impaciente de esperar ele encontrar a droga, então se levantou e começou a xeretar as coisas do garoto.
Caminhou até a escrivaninha dele. Se sentou na cadeira e olhou todos os CD's que ele tinha; no meio de tantos, viu o Transformer do Lou Reed. Pegou o CD, foi até o aparelho de som de Peter e o colocou para tocar. Passou todas as músicas até chegar em Walk On The Wild Side. Nanna começou a fazer suas dancinhas no meio do quarto, enquanto Peter ainda estava com a cabeça enfiada no seu armário de madeira.
Ele se virou e viu ela dançando, com os olhos fechados, a música em um volume altíssimo, o suéter escorregando pelo ombro dela, mostrando a alça de seu sutiã azul; seus lábios cantando junto com o Lou Reed. Peter se impressionava como ela conseguia ser tão estonteante fazendo coisas tão simples.
A música acabou e em seguida começou a tocar Make Up. Nanna saiu de seu transe dançante, e começou a averiguar as estantes de Peter. Viu um exemplar de O Anticristo, que parecia estar em francês pelo título: L'Antéchrist. Já havia lido, mas achou um pouco presunçoso vindo do escritor alemão. A garota pegou o exemplar e começou a folheá-lo; enquanto o fazia, achou pequeno papel.
No papel, tinha uma cruz ao contrário e, ao lado, um mini Satã desenhados. Também havia uma dedicatória no final da folha.
"Deixe esse desenho no meio do livro, e o Satanás em pessoa ira ir até você e te conceder um desejo sem sua alma em troca.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Little Trouble Girl, Little Trouble Boy
Roman pour AdolescentsNanna Mars nunca teve amigos. Nunca. Nem ao menos um. Já teve alguns namorados, mas nunca alguma "melhor amiga para quem pudesse contar tudo e chorar vendo comédia romântica de madrugada". Não tinha realmente reparado em Peter, até que ele começou a...