Prólogo

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     A noite fria assobiava suavemente à janela de Meredith, cuja pele arrepiada estremecia toda a vez que a brisa gélida lhe tocava.

     Ela não sentia o frio.

     Pergaminhos antigos estavam espalhados pela sua mesa de jantar, os traços certos e a caligrafia feminina recordando-a a quem pertenciam: Amanda Lovelace. Do seu lado esquerdo, outro pergaminho estendia-se em cima da mesa, este com a letra da própria Meredith.

     O mapa de Azkaban e o feitiço para comandar os Dementors estava na sua posse e o seu plano estava praticamente pronto para avançar.

     Só lhe faltava a coragem e a oportunidade.

     Meredith Lovelace tinha uma missão: tornar-se a mais nova  Devoradora da Morte que Voldemort já teve nas suas mãos e passar o máximo de informações importantes à Ordem, sem ser descoberta e assassinada por traição.

      Para isso, e como nunca fazia as coisas por menos, iria usar a maldição da sua vida a seu favor.

      Devagar, pôs-se de pé, enfrentando o seu reflexo na janela, de braços cruzados. A menina que se importava com o que pensavam dela morrera e fora substituída por aquela sombra fria e calculista que a fitava com um olhar decidido no rosto.

     Estava na altura de abraçar as Trevas com que nascera.

     O seu reflexo sorriu-lhe. As madeixas rosa que pintara no cabelo davam-lhe o ar de mulher que procurava e o batom vermelho nunca mais a abandonara. Estava linda e o seu sangue Veela ainda a tornava mais bela e letal.

     Estava pronta.

     Os prisioneiros de Azkaban estavam prestes a dever-lhe a vida.

     
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     Laurel encarou as ruínas à sua frente, o coração a bater mais depressa. A Mansão Ravenclaw erguia-se à sua frente, como se tivesse à sua espera durante anos. Mesmo abandonada e desfeita, a casa era imponente e transmitia a aura de quem é importante e sabe disso.

     A ruiva não se sentia em casa ali, tal como a sua mãe não se sentira nunca.

      O medalhão brilhava de um azul intenso, cheio de expectativas. À medida que adentrava os aposentos, Laurel sentia o frio do abandono entrar-lhe nos ossos, as tábuas de madeira a tremerem sobre os seus pés.

     O quarto da mãe tinha o seu nome escrito na porta.

      "Cora Ravenclaw"

     Era ali que devia começar a procurar a razão porque a mãe a forçara a ter a magia do Lorde das Trevas a correr-lhe pelas veias mal nascera. Acreditava que tinha sido a sua maneira de derrotar Voldemort mas ainda assim era um fardo demasiado pesado para alguém que tinha acabado de nascer. Cora era inteligente; com certeza sabia que a magia seria incontrolável e perigosa. Teria a esperança que Laurel estivesse preparada para aguentar tal força? Ou teria a certeza absoluta?

     Laurel reviveria todos os passos da mãe até descobrir como se livrar daquela maldição.

     Começaria pela Mansão Ravenclaw, a qual poucas almas no mundo sabiam da sua existência.

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     Ashley Diggory acordou sobressaltada a meio da noite, como sempre acontecia.

     Os pesadelos assombravam-na, todos relacionados com o momento em que percebera que Cedric Diggory tinha partido.

     Pôs-se de pé, dirigindo-se à sala de estar com a certeza absoluta de que não iria conseguir voltar a dormir. Ao chegar lá, encontrou Meredith, como todas as noites acontecia. A Lovelace nunca a deixava sofrer de insónias sem companhia, algo que reconfortava o coração da Diggory e lhe dava a volta ao estômago, como se tivesse engolido borboletas e não se tivesse apercebido.

     Meredith estendeu-lhe uma caneca de chá fumegante, os olhos negros fixos nela. Ashley sentiu-se envergonhada, o pijama demasiado curto para o seu gosto.

- Pesadelos? - questionou Meredith, mesmo sabendo a resposta.

      Ashley assentiu, bebericando o chá.

- Amanhã é a primeira reunião da Ordem. - comentou a Diggory - E o início do meu treinamento. Sirius Black vai ajudar-me a tornar-me exímia em duelo para poder ir em missão.

- Não és muito nova para ir em missão?

- Não és muito nova para te tornares Devoradora da Morte? - questionou Ashley, erguendo as sobrancelhas.

- Está no meu sangue, querida. É o meu destino desde que nasci. - ironizou a Lovelace, fazendo a Diggory rir como só Meredith conseguia.

      As duas permaneceram caladas, apreciando o momento e a companhia.

- Hogwarts vai ser muito interessante este ano. - ironizou Meredith, pensativa.

     Ashley fitou-a, achando lindo a forma como o cabelo de Meredith lhe caía em ondas negras e rosa pelas suas costas.

- Sim. Muito interessante... - sussurrou, sentindo-se perdida.
     

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