Capítulo 34

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      Dias depois do Ano Novo, Hogwarts aguardava o regresso dos seus alunos, que correram para os seus dormitórios para arrumarem as suas coisas e falarem com os amigos sobre as festividades. Meredith, que se isolara por completo de tudo e de todos desde o Natal, limitou-se a atirar o malão para cima da cama e sair porta fora, sem sequer olhar para Laurel ao passar por ela.

     A Ravenclaw soltou um suspiro. As três tinham vindo através da Rede de Pó de Flu que ligava a casa dos Black ao gabinete de Dumbledore em Hogwarts mas o ambiente estava tenso. Ashley recusava-se a falar com Meredith; Meredith era demasiado orgulhosa para falar com Ashley.

      Sem quererem admitir, ambas culpavam Laurel pelo sucedido.

     Sentada sozinha na sua cama, a ruiva soltou outro suspiro, pressionando a camisola preta entre os dedos. Não era algo relevante ou que lhe transmitisse a essência do pai mas dava-lhe segurança e uma sensação de pertença que poucos entenderiam. Colocou a peça de roupa debaixo da almofada, ajeitou o cabelo cor de fogo e saiu do dormitório, o queixo erguido como se nada se passasse.

     Em passos decididos, adentrou no Salão Nobre para a habitual cerimónia de boas-vindas, os olhos procurando de imediato a figura alta e loira de Draco Malfoy perto dos restantes Slytherin.

     Em vez disso, deu de caras com Harry Potter, que a encarou com olhos piedosos.

- Desculpa. - pediu, colocando as palmas das mãos em frente ao peito num gesto de arrependimento - Eu fui longe demais...

- Pois foste.

- E disse coisas que não devia...

- Pois disseste.

- Laurel...

- Harry...

- Olá Ravenclaw. - saudou Draco, depositando um beijo demorado na testa de Laurel, que deu um pulo de susto, as bochechas coradas - Potter, perdeste alguma coisa?

     Harry rangeu os dentes. De pé junto da mesa dos Grinffindor, Harry sentiu Ron aproximar-se dele, a figura familiar do amigo difícil de não notar. O Weasley acenou a Laurel timidamente, que acenou de volta, abrindo a boca para o cumprimentar verbalmente, fechando-a mal Harry voltou a falar:

- Dumbledore quer falar contigo. - disse o rapaz, os olhos verdes fixos nela, embora o maxilar cerrado demonstrasse o quão incomodado estava pela presença indesejada de Draco, que o olhava de forma superior.

- Sim, ele disse-me. - Laurel sorriu, fitando Harry com suavidade - Estás desculpado, Grinffindor.

- Já podemos ir? - perguntou Draco, com desdém.

- Podes ir, se quiseres. - disse Laurel, fitando-o - Nós depois conversamos...

- Conversam? - questionou Harry, franzindo o sobrolho.

     Laurel ignorou-o, os olhos fixos em Draco. O Malfoy encarava-a com seriedade, visivelmente desconfortável com a atitude dela. No fundo, Laurel sabia o que ele queria, sabia qual era o maior desejo de Draco Malfoy: tê-la do seu lado.

     Isso nunca aconteceria e ambos sabiam. Laurel ficaria do lado de Harry e protegê-lo-ia até ao fim, enquanto Draco fazia parte da linha inimiga.

     Todos os dias Draco pensava nisso. Todos os dias Draco sonhava com isso. Por isso não assumiam uma relação. Por isso não diziam o que sentiam em voz alta.

- Adeus, Ravenclaw. - despediu-se Draco, virando-lhe as costas de punhos cerrados.

     Os olhos safira de Laurel encheram-se de lágrimas. Ginny, que se aproximara do pequeno grupo, entrelaçou o braço de imediato no dela, fitando Harry, que encarava a ruiva com uma expressão confusa.

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