Capítulo 23

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      Remus Lupin fechou os olhos, as palmas das mãos pressionadas contra a parede à sua frente.

      A árvore genealógica que decorava aquela sala específica da casa Nº12 de Grimmauld Place mudara devido aos mais recentes acontecimentos.

     Alguns dias se passaram depois da morte de Sirius e Remus não vira a filha uma única vez.

      O Quartel-General da Ordem de Fenix estava mergulhado no silêncio pelo que parecia ser a primeira vez. Remus era o único ser vivo daquela casa sem ser Kreacher, que se escondera onde ninguém o pudesse encontrar depois de Remus ter gritado com ele por ter traído Sirius e Laurel.

     O pobre elfo, ao descobrir que a ruiva gentil que tentara falar com ele uma ou outra vez era filha de Regulus Black, ficara num sofrimento enorme e escondera-se com vergonha por ter falhado com a sua mais recente senhora.

     Remus ergueu os olhos, fixando-os na zona queimada onde estaria a cabeça de Sirius. O Black mais velho há muito que fora queimado e banido daquela família mas, ainda assim, a árvore colocara a data do seu nascimento...

     E agora, da sua morte.

     Os olhos de Lupin passaram para o rosto de Laurel, belo como nenhum outro e nada parecido ao de Regulus, que ficava um pouco acima da filha. Cora não aparecia na imagem mas se ali estivesse não haveria qualquer dúvida sobre quem Laurel puxava todos os seus traços físicos.

      Contudo, naquele momento, o olhar de Laurel era igual ao do pai.

     Regulus sempre fora um rapaz fechado e reservado mas, como Cora dizia, os seus olhos expressavam tudo o que sentisse para quem quisesse ver. Laurel era igual; para ela, a dor que sentia era facilmente expressa no seu olhar habitualmente brilhante, agora tão esmorecido.

     Pelo menos era isso que estava representado naquele desenho encantado, muito diferente do que vira quando chegara ali no primeiro dia enquanto membro da Ordem.

- Remus?

     Nimphadora Tonks adentrou o aposento, cautelosa. Surpreendido, Remus endireitou-se, não deixando de notar nas bochechas ligeiramente coradas da Auror.

- Olá. - saudou o lobisomem, afastando-se da parede - Não te ouvi chegar...

- Estás bem?

     Era uma pergunta normal mas o estômago de Remus contorceu-se; é claro que não estava. Sirius morrera, Harry perdera a figura paternal que tinha, Laurel perdera o tio...

      E Remus perdera mais um dos seus melhores amigos.

- Estou preocupado com a minha filha. - confessou, com um suspiro - Ela regressou a Hogwarts e recusou-se a falar comigo ou com quem quer que fosse... Aparentemente há uma profecia sobre ela também e Dumbledore sabia. Sente-se traída... E com razão, ele devia ter-nos contado, eu sou o pai dela e deveria saber que...

      Remus não conseguiu continuar. Tonks pousou a mão no ombro dele, compreensiva, observando Lupin esfregar o rosto numa tentativa de se recompor.

- Ela é minha filha. Digam o que disserem, ela é minha filha e não posso perdê-la... Não posso... E a profecia... Ela é tão nova para carregar esse peso às costas... Laurel é apenas uma menina...

      Escondeu a cara entre as mãos, constrangido por estar a chorar em frente a uma mulher que mal conhecia. Para sua surpresa, Tonks puxou-o para um abraço apertado, os cabelos cor de rosa fazendo-lhe cócegas no pescoço.

- Tu estás de luto também, Remus. A tua filha precisa de ti sim mas tens o direito de estar a sofrer à mesma. Não negligencies os teus sentimentos por ela, tu sabes que não vais estar a ajudá-la.

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