Capítulo 22

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       Laurel Ravenclaw não conseguia sentir nada.

     Os últimos instantes repetiam-se vezes sem conta e todo o seu corpo doía, uma dor física e palpável de quem acabara de perder alguém.

     Sirius Black fora-se.

     Enraivecido, Harry correu atrás de Bellatrix, que fugia aos risos, completamente alucinada. Os olhos do Menino Que Sobreviveu faiscavam de raiva e vingança, enquanto os de Laurel fitavam o estranho espelho por onde Sirius caíra. Os braços de Remus rodeavam-na, tensos, abraçando-a.

     Devagar, Laurel soltou-se dos braços da melhor amiga, sem a olhar. Ergueu as mãos, fechou os olhos e permitiu-se sentir a magia Negra que não lhe pertencia consumi-la. O seu corpo tornou-se fumo negro, exatamente como o de Voldemort quando voava, um Dom que acabava de descobrir que possuía.

     Em silêncio, flutuou atrás de Harry, sem pressa. Atrás de si, Remus gritava por ela, demasiado assustado com o que via, enquanto os restantes Devoradores da Morte eram presos pela Ordem de Fénix. Nada disso lhe importava naquele momento.

     Tudo o que importava era Bellatrix Lestrange.

- Não tens o que é preciso, Potterzinho!

     Quando se aproximou, viu Harry com a sua varinha erguida de forma trémula, cheio de raiva e dor. Laurel perdera o seu tio mas Harry perdera a única figura paternal que tinha, o homem a quem recorria para todos os seus problemas.

     Ele queria fazê-la sofrer e estava claro que a Maldição Cruciatus encontrava-se na ponta da sua língua. Queria que ela sofresse como ele estava a sofrer.

     Laurel impediu-o.

- Harry não precisa ter a capacidade da tortura, Bellatrix. Eu tenho.

     A mão direita ergueu-se, apontada à mulher curvada à sua frente. Antes que Bellatrix pudesse reagir, a dor acometeu-a, mais forte do que qualquer Maldição Cruciatus que já sentira.

- Laurel... - chamou Harry, trémulo.

     Os gritos enlouquecidos de Bellatrix ecoaram pelo Salão onde estavam. Laurel sorriu, cruel e fria, o mesmo sorriso que Voldemort possuía no rosto sempre que feria alguém. Outra Maldição saiu-lhe pelos dedos, atingindo a mulher à sua frente sem remorsos.

      Laurel queria que Bellatrix sofresse. Queria que sentisse dor, tanta dor quanto ela sentia.

     Sirius fora-se.

     O seu tio. A última família de sangue que possuía.

      Sirius fora-se.

      Bellatrix ergueu-se, embora ganisse de dor. Laurel ergueu de novo a mão mas Bellatrix virou-se para ela, louca:

- Crucio!

     Laurel afastou o feitiço com facilidade. Harry escondeu-se atrás de uma fonte, puxando a ruiva consigo, embora esta mal reagisse. A Ravenclaw não conseguia sentir nada além do sabor agridoce da vingança, a qual Harry partilhava na mesma intensidade.

- Potter, Ravenclaw, não me podem vencer! Fui e sou a serva mais leal do Senhor das Trevas. Foi com ele que aprendi Magia Negra...

     Os olhos safira de Laurel fecharam-se, bloqueando o som. Sentia algo dentro de si chamá-la, algo maior do que a vingança, maior que a dor. Harry gritava com Bellatrix, trocando feitiços, e Laurel aproveitou a confusão para escapulir-se das mãos do Herdeiro de Grinffindor, em busca daquilo que a chamava.

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