Capítulo 5

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     Albus Dumbledore aguardava aquele momento há meses. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria de enfrentar a fúria da neta mas a sua consciência estava tranquila. Jurara proteger a criança que Cora lhe confiara e conceder-lhe a oportunidade de viver sem um peso nos seus ombros fazia parte disso.

     Mesmo que esse peso estivesse lá à mesma.

     Cora Ravenclaw cometera o erro de dizer à filha que esta nascera com a maldição que o seu sobrenome carregava, uma mentira que saíra muito cara a Laurel. Passara a vida inteira a achar que mataria alguém se se descontrolasse, achando-se perigosa. Dumbledore nada fizera para a contradizer, pois não era um segredo seu para contar, mas a omissão e a mentira não são muito diferentes e o desapontamento nos olhos safira da neta era quase palpável.

- Boa tarde. - cumprimentou ela, educada.

- Olá, pequena. - saudou-a, como se nada fosse - Aceitas um chá?

- Não. - disse ela, categórica - A única coisa que quero de si é informação, nada mais.

     Dumbledore assentiu.

- Tentarei dizer tudo o que sei mas não será tanto como julgas.

- O senhor sabe muito mais do que conta a alguém, avô. - afirmou Laurel, sentando-se no cadeirão defronte para ele - Eu talvez seja a única pessoa no mundo que realmente tem consciência disso.

- O que gostavas de saber? - perguntou o Diretor, com toda a calma do mundo.

- Porque é que a minha mãe usou o pacto de sangue para me ligar a Voldemort?

- Para lhe retirar a magia e deixá-lo mais fraco. - respondeu Dumbledore, prontamente.

- Eu já sei disso. - Laurel abanou a cabeça, irritada - Mas porquê? Ela sabia as consequências disso para mim? Ou não se importava com a própria filha?

- Não fales de Cora dessa maneira, Laurel. Todos fazemos sacrifícios quando estamos em guerra e a tua mãe fez o maior sacrifício de todos: pôs a vida da filha em risco por um Bem Maior. - Dumbledore prensou os lábios, o sabor daquelas palavras soando-lhe agridoce depois de tantos anos sem as proferir - Ela confiava em ti. Se te desse um papel importante nesta guerra, ela sabia que tu o cumpririas como ninguém.

      Laurel assentiu, apenas confirmando o que já sabia. Ainda assim, era bom ouvir tudo da boca de Dumbledore, depois de tantos anos de segredos e mentiras.

- Qual é o meu papel, avô? - perguntou, de chofre.

     Dumbledore olhou para a neta, recordando o bebé que Cora lhe pusera nos braços pouco tempo depois do seu nascimento. A bela adolescente fitava-o da mesma maneira que a sua mãe tinha feito tantos anos antes, quando Cora era a aluna mais popular de Hogwarts e quisera à força se juntar à Ordem de Fénix.

- Impedir que Voldemort recupere todo o seu poder, ficando o mais afastada possível dele. - respondeu - Voldemort não sabe como tirar a magia de dentro de ti mas fará tudo para descobrir. Caso não consiga, quererá que fiques ao lado dele e sejas a sua arma.

     Não era toda a verdade e não chegava. Laurel prensou os lábios, analisando os olhos do avô.

- E Harry?

      Dumbledore suspirou. A ligação dos Herdeiros era complexa, a vida de todos conectadas pelo pacto de sangue que brilhava no peito de Laurel. A preocupação da Ravenclaw para com Harry baseava-se nisso e Dumbledore sabia que ambos fariam tudo um pelo outro, como Laurel fizera ao ficar para trás para Harry fugir no seu ultimo confronto com Voldemort.

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