Capítulo 28

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       Laurel bateu suavemente à porta, procurando o avô com os olhos. Luna Lovegood fora-lhe entregar um pequeno pedaço de pergaminho onde Dumbledore requisitava a sua presença, algo que a Ravenclaw não esperava. A relação entre avô e neta já tinha visto melhores dias, estando demasiado danificada com as mentiras e os segredos que Albus guardara por anos e, portanto, aquelas tardes passadas a beber chá e a conversarem sobre livros há muito que deixaram de existir.

      Sendo assim, o motivo daquela reunião era-lhe completamente desconhecido.

- Entra pequena. - disse Dumbledore, sentado na sua cadeira habitual.

- Sabe que pode falar comigo por Leglimancia, não sabe? - questionou, sentando-se confortavelmente na cadeira em frente à secretária do Diretor.

- Gostaria que evitasses usar Leglimancia por uns tempos, Laurel, e te focasses mais na Oclumancia. A ligação entre ti e Voldemort é mais poderosa que a de Harry...

- Eu estou protegida, avô. - interrompeu Laurel, categoricamente - Não voltei a ter pesadelos com Tom Riddle desde...

      Sirius Black.

- Não custa prevenir. - concluiu Dumbledore, servindo-lhe uma chávena de chá - Camomila. Continua a ser o teu preferido, suponho?

     Dumbledore observou a neta assentir, bebericando o chá. A inocência de Laurel há muito se perdera e o velho Diretor não podia deixar de se sentir responsável por isso. Tentara protegê-la o mais que pode mas, tal como fizera com Harry, fora em vão.

     Laurel tinha um papel a cumprir e nada do que Dumbledore fizesse mudaria isso.

- Alguma vez te perguntaste porque razão não te escolhi para monitora? - perguntou à jovem à sua frente, curios.

- Não precisei, sei perfeitamente que o avô não queria coloca-me mais responsabilidades em cima. Eu também não queria mas podia ao menos ter escolhido a Meredith em vez da Pansy...

- Acredito que Miss Lovelace também tenha algumas responsabilidades em cima que não deveria. - interrompeu Dumbledore, erguendo as sobrancelhas.

     A mais nova enrubesceu. Era bem verdade.

- Porque me chamou? - perguntou, sabendo que Dumbledore sempre tinha segundas intenções.

- Eu e Harry iremos iniciar uma jornada juntos. Uma jornada à vida de Voldemort. - explicou Albus, fitando Laurel com seriedade- É uma jornada que também te diz respeito e, como tal, achei por bem perguntar-te se te queres juntar a nós.

 - Não, não quero. - respondeu imediatamente, os olhos safira encarando o tampo da mesa - Nem pensar.

- Podemos arranjar maneira de o destruir...

- Esse é o papel do Harry. Ele é o Cavaleiro Branco neste estúpido jogo. Eu estarei lá sempre para o proteger mas conhecer a história de Voldemort pode fortalecer a ligação entre nós e eu não quero isso. - Laurel abanou a cabeça, pondo-se de pé - Não quero ter rigorosamente nada a ver com isso.

     O desespero que sentia não era de todo premeditado. Se analisasse racionalmente, a resposta com certeza seria diferente. Conhecer a forma de destruir Voldemort faria com que a Guerra sequer começasse, ajudaria e muito a enfrentar o Senhor das Trevas e, com a inteligência de Laurel, seria mais fácil para Dumbledore e Harry obterem respostas às suas perguntas.

     Mas Laurel não queria. Tudo o que queria era descobrir o que a sua profecia significava e fazer o que tinha de ser feito.

     E, no final, arrancar a magia de Voldemort de dentro de si, fosse como fosse.

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