Capítulo 18

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      Meredith foi a primeira a ouvir os gritos.

     A rapariga deu um pulo na sua cadeira, assustando-se a si, aos seus colegas e à Professora McGonagall, que não demorou a entender o que chamara à atenção da Lovelace. De sobrolho franzido, a professora de Transfiguração desceu as escadas em direção ao som que ecoava por Hogwarts. Os alunos seguiram-na, curiosos, Meredith trocando um olhar apreensivo com Laurel enquanto corriam atrás de McGonagall.

      Os gritos vinham da boca da Professora Trelawney.

      No meio de uma multidão de alunos ora chocados, ora assustados, a professora de Artes Divinatórias permanecia parada no meio do Hall, a varinha numa mão e uma garrafa vazia de xerez na outra, olhando com ar de louca para um ponto qualquer ao fundo das escadas.

- NÃO! - guinchava ela - NÃO! Isto não pode estar a acontecer... Não pode... Recuso-me a aceitar uma coisa destas!

- Não se apercebeu do que a esperava? - questionou uma voz maldosa e divertida - Mesmo sendo incapaz de prever o tempo de amanhã, deve ter certamente percebido que a sua lamentável atuação durante as minhas inspeções e a sua ausência de qualquer melhoria, tornaria inevitável o seu despedimento.

- Não p-pode! Não p-pode despedir-me! Est-tou... a-aqui há dezasseis anos! H... Hogwarts é  minha casa!

- Não consigo ver isto... - murmurou Meredith, horrorizada - Esta megera... - cerrou os punhos e mordeu os lábio, visivelmente perturbada - Não consigo...

     Virou as costas e saiu dali, incapaz de assistir a algo que era bastante semelhante a um julgamento, algo que lhe invocava memórias terríveis. Ao longe, Ashley apercebeu-se do movimento da namorada e seguiu-a, trocando um breve olhar com Laurel, que assentiu, com lágrimas nos olhos.

     A dor nas feições da professora era quase palpável, os seus soluços ecoando pelo Hall mergulhado num silêncio chocado. Umbridge, apesar de mandar a professora abandonar Hogwarts o mais rápido possível, permanecia parada como se apreciasse o espetáculo, o prazer da situação visível na sua expressão. Ao ver a Professora McGonagall dirigir-se à Professora Trelawney, a Ravenclaw desistiu de fazer de conta que não iria fazer nada e aproximou-se das duas mulheres, estendendo um lenço à Professora de Artes Divinatórias.

- Acalme-se, professora... - pediu ela, com gentileza - Tome um lenço e assoe-se, por favor...

- Laurel tem razão, Sybill. Pronto, acalme-se... Não é assim tão mau... Não é preciso abandonar Hogwarts...

- Hogwarts é a sua casa, professora. - afirmou Laurel, lançando um olhar duro a Umbridge, cujos olhos faiscaram de ódio ao ver a Ravenclaw desafiá-la - Ninguém a vai tirar daqui.

- A sério? E a autoridade para proferir essa declaração provém...?

- ... Da minha pessoa. - respondeu uma voz grave.

      Dumbledore adentrou o castelo com um sorriso sereno no rosto. Laurel soltou um suspiro aliviado, apreciando por breves instantes o rosto desfigurado de Umbridge ao ver o Diretor caminhar na sua direção.

      Ninguém no seu perfeito juízo desafiava Dumbledore, à exceção da própria neta, e caso isso acontecesse não teria grandes hipóteses de vencer.

      Aquele não seria o dia em que Sybill Trelawney abandonaria Hogwarts.

**

- Um centauro? - desdenhou Blaise, dois dias depois do despedimento da Professora Trelawney enquanto docente de Artes Divinatórias - Não sei o que é pior, o centauro ou a professora que foi despedida.

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