Capítulo 36

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      Laurel abriu os olhos, sonolenta. Era de madrugada e demasiado cedo para acordar, por isso não entendeu de imediato o que foi que a acordou.

      Ao ver Draco Malfoy deitado junto dela a dormir profundamente, entendeu.

      Aquela tinha sido talvez a primeira noite que ele ficara com ela a dormir a noite inteira. O corpo dela reconhecera isso e o seu cérebro parecia querer deixá-la mais feliz. Com um sorriso no rosto, aconchegou-se ao loiro, que abriu os olhos de imediato.

- Tens um sono demasiado leve. - reclamou ela, encostando o rosto no peito dela.

- Mexes-te muito. - reclamou Draco, rodeando-a com os braços.

      O tilintar das pulseiras de Laurel chamou-lhe à atenção. Com gentileza, segurou-lhe o pulso, observando com atenção as jóias que ali se encontravam.

- Porque ainda a usas? - perguntou, curioso.

- A tua? É linda, nunca consegui tirá-la. - respondeu Laurel, sonolenta, referindo-se ao pingente de dragão que ele lhe dera - Foi dos melhores presentes que já recebi.

- Referia-me a esta. - apontou para a Cobra dos Puros, que circulava perfeitamente o pulso magro da jovem - Porque é que a usas?

     A expressão de Laurel tornou-se séria, o sono que tinha dissipando-se. Afastou-se dele apenas o suficiente para acariciar a jóia de prata, os olhos fixando-a de forma distante.

- Relembra-me daquela noite. De Cedric. - fez uma pausa, pensativa - Ao mesmo tempo, uso-a para desafiar a memória do homem que destruiu a minha vida e a de todas as Ravenclaw antes de mim...

- Salazar Slytherin. - completou Draco, os olhos cinza brilhando com a luz da Lua, que adentrava no dormitório através da enorme janela ao lado da cama de Laurel.

     A ruiva assentiu. Por várias vezes pensara em devolver a jóia aos Malfoy mas nunca conseguira forçar-se a isso. Aquela pulseira salvara-lhe a vida na noite em que não conseguira salvar a de Cedric. Era uma constante lembrança do seu melhor amigo, o rapaz que se recusara a abandonar a irmã e que acreditara sempre na sua recuperação.

     Se Ashley recuperara do tormento que passar, fora por causa de Cedric e Laurel estaria sempre em dívida com ele por isso.

- A pulseira pode ser usada contra ti. - mencionou Draco, passando a ponta do polegar na bochecha dela, num movimento instintivo que não compreendia.

      Laurel assentiu. A pulseira tinha a estranha capacidade de retirar-lhe a magia caso um Malfoy e somente um Malfoy assim decretasse.

     O Malfoy mais próximo estava mesmo ali à sua frente.

- A única pessoa que pode usá-la contra mim és tu, Draco e tu não o farias. - afirmou, convicta.

      Haveria um dia em que Laurel se arrependeria da confiança cega que tinha em Draco. Haveria um dia em que ele lhe partiria o coração precisamente por isso.

      Mas ela estava ciente disso e preferia viver um dia de cada vez, preferia permitir-se amá-lo do que sofrer por antecedência.

- Tens demasiada fé em mim. - comentou Draco, num sussurro.

      Não havia pessoa no mundo que acreditasse tanto em Draco como Laurel.

      E não havia ninguém mais grato por isso do que Draco.

      Curvou-se para a beijar, sentindo-a suspirar contra si. Eram completamente opostos, criados de maneira muito diferente e com perspectivas de vida muito diferentes. Laurel era como a água, livre e tempestuosa se precisasse, sempre defendendo aquilo em que acreditava. Draco era fogo, queimando para seu próprio benefício, pronto para destruir quem se metesse no seu caminho em nome da família e do sangue.

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