Descobertas desagradáveis

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Miles Upshur

O vento soprava as folhas secas no pátio do manicômio, somado ao silêncio ensurdecedor que estava naquele momento. Barulhos de raios e trovões quebravam o notável silêncio por alguns segundos, mas aquilo não intimidou o jornalista que caminhava em passos calmos enquanto observava a arquitetura, mas ele precisava expressar o que sentiu ao observar a construção em sua primeira nota:

Manicômio Monte Massive

"Começo a me sentir mal só de olhar para este lugar. Manicômio Monte Massive, fechado em meio a escândalos e segredos do governo em 1971, reaberto pelo sistema psiquiátrico de Murkoff em 2009 sob o pretexto de uma organização de caridade. O sinal do telefone celular foi cortado abruptamente a um quilômetro e meio de distância, mais como um bloqueador do que sinal perdido. A corporação Murkoff tem um longo histórico de disfarçar o lucro como caridade. Mas nunca em solo americano. O que quer que eles pensassem que poderiam tirar deste lugar tem que ser grande. Pode finalmente ser a história que quebra os bastardos."

Miles continua andando pelo pátio na esperança de encontrar um local para que possa entrar quando avista uma janela, mas para sua sorte havia um andaime de uma possível reforma que estava sendo realizada ali. Sem pestanejar, ele consegue acessar a suposta janela através do andaime e, no momento em que  atravessa a mesma, a luz dessa suposta sala se apaga, provocando um medo e arrepios que correram pela sua espinha.

Mas aquilo não impediu ele de acessar uma sala onde tinha uma TV quebrada que ligava sozinha, causando-lhe um pequeno susto.Determinado, ele vaga pelo corredor no desnível do bloco de administração, onde entra em uma das salas e nela encontra o primeiro arquivo confidencial em cima da escrivaninha:

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Relatório do projeto Walrider para Billy Hope.

Número do caso: 174.
Iniciais do Paciente: WPH, " Billy"
Consulta Datada: 2012.10.14
Data Inicial da Consulta do Paciente: 2009.04.12
Idade do Paciente: 19
Gênero: Masculino
Médico Observador: Dr. Carl Houston (DBNR)

ESTADO DA TERAPIA:
O paciente afirma ter progredido para estados de sonho lúcido autodirigido. Atividade do motor morfogênico observada em escala sem precedentes. Continuando a programação hormonal do estágio 4.

DIAGNÓSTICO:

A espirometria não revelou acúmulo brônquico.

A centrífuga de hemácias novamente falhou em separar eritrócitos. Altamente preocupante.

A ressonância magnética revelou ciclo REM/NREM arrítmico. Riso no estado NREM.

NOTAS DA ENTREVISTA:
Billy perguntou sobre o status do processo de sua mãe contra Murkoff e o asilo. Isso representa uma brecha catastrófica na segurança, apesar das alegações de Billy de que ele descobriu a verdade "nos sonhos de sangue do Doutor Trager". (Nota: o único Trager nos registros da empresa, Richard Trager, é um executivo da MRD.) Todos os enfermeiros e pessoal de segurança devem ser interrogados e a segurança de vídeo deve ser melhorada para incluir biometria analítica.

PROJETO DE SISTEMAS PSIQUIÁTRICOS MURKOFF PROJETO WALRIDER
Mount Massive CO "

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Quando Miles termina de ler esse documento, ele continua em direção ao final do corredor. Ele nota a porta aberta de uma possível sala quando a mesma é fechada com violência. Miles recua e entra na sala à direita apenas para se deparar com um intestino alheio na pia.

Pondo a mão direita na boca, contendo as náuseas, o repórter adentra um duto de ar que era a única passagem viável para um dos corredores em volta do bloco administrativo. Saindo do mesmo, ele observa o local onde vários móveis bloqueados pelos variantes bloqueiam sua passagem. Então, ele é obrigado a entrar numa sala para acessar o outro lado dos móveis. O jornalista abre a porta, mas é surpreendido com um carpo ensanguentado caindo na sua frente:

—  Caralho! Mas que porra! —  Disparou o jornalista, se recuperando do susto.

Imediatamente, um odor de sangue adentra suas narinas, fazendo-o  pensar no que pode ter acontecido nessa suposta sala, mas ele não tem alternativas e adentra no local e se depara com uma espécie de biblioteca, onde havia cadáveres de soldados da divisão tática de Murkoff, além de doutores e até mesmo de outros pacientes.

Miles engole seco e continua caminhando contra sua própria vontade. Em meio a corpos e moscas dos mesmos, ele se depara com uma estante cheia de cabeças pertencentes aos cadáveres que presenciou.

Ignorando e pensando em quem poderia ter feito tal atrocidade, ele continua caminhando e nota um dos soldados empalado em uma grande barra de ferro. O jornalista se apressa ansioso para deixar a biblioteca quando o soldado segura seu braço direito, causando-lhe mais um susto.

—  Meu Deus! A coisa só piora —  Miles recua para trás, pisando em um braço, e olha atentamente para o homem, ligando sua câmera. Em sua farda estava escrito "Stephenson" que estava em seus últimos suspiros.

—  Eles nos mataram. Eles escaparam... Os variantes. —  Disse Sthepenson com dificuldades.

— Vou buscar ajuda! Só quero que me diga como saio desse lugar! —  O jornalista estava começando a entrar em pânico.

—  Pela... Pe... —  Sthepenson falece olhando diretamente para o jornalista.

—  Ah, não, cara! Estou ferrado! Preciso sair daqui! —  O jornalista deixa a biblioteca tentando esquecer o que presenciou.

O jornalista encosta na parede e respira por uns segundos, quando escuta um barulho suspeito próximo a onde estava, era Chris Walker que entrou em uma sala. O coração do jornalista começa a acelerar muito nesse momento.

A adrenalina percorre suas veias misturadas ao medo, respirando fundo, e segue em direção, passando em frente à sala em que o variante entrou e avista a porta de saída.Porém, havia dois móveis atrapalhando a passagem, o que não impediu dele passar. Quando ele se preparava para passar, Chris Walker o agarrou pelo pescoço.

—  Filho da puta!

—  Quem é você? Me põe no chão —  Miles apertava a mão do variante na tentativa de retirá-la.

Sem pestanejar, o variante atira o jornalista através do vidro que no bloco administrativo que grita de desespero, o impacto de sua cabeça ao piso do local faz o jornalista perder a consciência e o barulho dos cacos de vidros restantes foram a única coisa que escutou antes de apagar por completo.

Outlast - Another StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora