O relógio marcava 16h30 quando Miles Upshur entrou na redação da Wayward Gazette, seus olhos brilhando de antecipação. A sala, uma miscelânea de cubículos e paredes repletas de artigos premiados, parecia vibrar com o murmúrio constante de jornalistas em pleno trabalho.
Ele segurava uma pasta volumosa, repleta de anotações, fotos e gravações feitas no Afeganistão. Tinha certeza de que aquele material mudaria tudo. Miles aproximou-se da porta envidraçada do escritório de seu chefe, Steven Matthews, um homem austero com um olhar de aço.
Bateu duas vezes antes de ouvir o grunhido de aprovação para entrar.
— É você Upshur? Entre. — Disse Steven, sem levantar os olhos do monitor.
— O que você tem para mim?
— Trabalho de meses. — Miles respondeu, colocando a pasta sobre a mesa.
Cobertura exclusiva do conflito no Afeganistão. Histórias que ninguém mais tem, relatos de soldados e civis que podem mudar a percepção do público sobre a guerra. — Completou.
Steven finalmente levantou o olhar, seus olhos frios avaliando Miles e a pasta em frente a ele.
— Vamos ver.
Os minutos seguintes passaram em um silêncio tenso enquanto Steven folheava as páginas. Finalmente, ele empurrou a pasta de volta para Miles com um suspiro de desdém.
— Não é o que estamos procurando, Miles. Nossos leitores querem escândalos locais, histórias de interesse humano que vendam. Isso aqui... não é o suficiente.
Miles sentiu um frio percorrer sua espinha.
— Não é o suficiente? Steven, isso é jornalismo real, impactante! — Upshur tentou convencê-lo.
— Real ou não, não vende! — Steven retrucou, com um tom definitivo. Estou te dispensando, Miles. Seus serviços não são mais necessários aqui.
O golpe foi certeiro e devastador. Despedido, Miles deixou o escritório com a pasta debaixo do braço, a esperança esmagada pelo pragmatismo cruel de um mundo regido pelas vendas.Nas semanas seguintes, a rotina de Miles desmoronou.
Os dias se tornaram borrões de frustração e autocomiseração, com o álcool sendo sua única companhia constante. Ele passava horas olhando para o fundo do copo, o brilho de sua paixão jornalística apagando-se lentamente. Uma noite, perdido em meio a garrafas vazias e amargura, Miles abriu seu laptop, mais por hábito do que por intenção.
Seu email estava abarrotado de mensagens não lidas. Entre elas, um nome chamou sua atenção: Waylon Park. Miles clicou na mensagem com um misto de curiosidade e ceticismo. O conteúdo era breve, mas carregado de implicações sinistras:
De: 10260110756@mutemail.com
Para: milesupshur@gmail.com
Assunto: TIP / atividade ilegal do Sistema Psiquiátrico de MurkoffVocê não me conhece. Mas precisa fazer isso rápido. Eles podem estar monitorando.
Fiz duas semanas de consultoria de software nas instalações do sistema psiquiátrico da corporação Murkoff em Monte Massive. Estou quebrando todos os tipos de regras desse lugar agora, mas falando sério, quero que essa gente se foda.
É o seguinte, coisas terríveis estão acontecendo aqui. Não entendo. Não acredito em metade das coisas que vi nesse lugar. Médicos falando sobre terapia de sonhos indo fundo demais, encontrando algo que estava esperando por eles na montanha e afins. Pessoas estão sendo feridas e Murkoff está ganhando dinheiro com o sofrimento delas.
Eles precisam ser expostos.
De repente, algo despertou dentro de Miles. Um resquício da chama que antes ardia intensamente. Talvez, apenas talvez, ali houvesse a chance de redenção que ele tanto buscava. Ele fechou o laptop, o rosto endurecido pela determinação. O jornalista dentro dele ainda respirava, e agora tinha um novo alvo: descobrir os segredos do asilo Monte Massive.
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Outlast - Another Story
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