"Para tudo há uma primeira vez"

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A MÃE DE SOOBIN não comenta sobre os filhos terem chegado molhados da chuva, ou pergunta o por quê de chegarem tão tarde. Ela apenas pede ajuda na cozinha e anuncia um jantar em família, "como nos velhos tempos". E os irmão se sentiram gratos por isso. 

Depois dos sustos daquele dia, Soobin arrumou todos os livros o mais rápido possível, imaginando se mais alguma coisa sairia dos corredores da biblioteca. Ele estava exausto e preocupado com o silêncio de Kai, que negou todos os tipos de curativos e cuidados para seu pescoço. Como se quisesse a marca da gola em sua pele.

E Soobin ainda tinha que lidar com a incógnita de sua vida, um "X" escrito em caneta de tinta azul forte, Choi Yeonjun. Ele ainda estava bravo pela atitude de Yeonjun, que agiu como se fosse ajudar Tae-hyun. 

Quando terminaram de arrumar a biblioteca, Yeonjun sabiamente esperou Kai começar a andar pela escola vazia para chamar Soobin no canto. 

"Ei, tudo bem?" Ele se encostou na pilastra, se escondendo nas sombras da noite que já caíra.

"Não. Você me matou de susto!" Soobin socou de leve o braço de Yeonjun, que apenas riu.

"Não tem graça, achei que íamos ser espancados até a morte" O mais alto respondeu, ainda bravo, um pouco emburrado.

"Então vamos fazer assim, você vai comigo no parque amanhã depois da escola. Minha intenção não era te assustar." O azulado sorriu e as primeiras gotas de chuva começaram a caír.

Soobin nem conseguia formular uma pergunta em seu cérebro de como e por que ele tinha aceitado ir no parque com Yeonjun, se todos os boatos diziam que lá os garotos fumavam, vandalizavam e coisas piores... Ele só aceitou, sem pestanejar, até esquecendo de estar bravo com o garoto.

Soobin estava começando a perceber que tudo relacionado com Yeonjun era assim.

- Soobin? - Sua mãe chamou.

O garoto piscou, tentando lembrar onde estava. Em casa, sentado ao lado de Kai e de frente para a mãe, em um jantar em família que não envolvia comida congelada. Um jantar de verdade, como ele sempre desejava. 

- Sim? - Soobin encarou seu kimbap. Seu cansaço emocional era tanto que tudo que ele queria fazer era dormir e capotar.

- Preciso contar uma coisa para vocês. - Ela arrumou os cabelos castanhos, do mesmo tom que Soobin, algumas rugas aparecendo em seu rosto. 

"Vai contar que bebe?" Era a pergunta que ele queria fazer, mas segurou a língua. Não era hora para aquele assunto, e Hueningkai não sabia sobre isso, pelo menos não tanto quanto Soobin. 

Yoora assumiu uma expressão séria, a tensão aumentou na mesa da cozinha pairando entre a família, e disse:

- Eu perdi o emprego.

Tudo ficou em silêncio, até mesmo a mente de Soobin. O único barulho era o da chuva que castigava as janelas e o mundo lá fora. 

- Puxa... - Kai se virou para Soobin preocupado, mas agindo como se aquele assunto não fosse novidade. Então ele sabia, antes dele.

Soobin tinha a impressão de que sempre julgava mal as pessoas. 

- É... - Soobin disse. Isso era terrível, a pior coisa que podia ter acontecido, na verdade.

Talvez Hyuka não estivesse surpreendido com a notícia porque aquilo era comum. Em meses ou semanas, a mãe acabava perdendo o emprego.

- Eu preciso ser uma mãe melhor para vocês. 

- Mas você já é. - Os irmãos disseram, um pouco tristes.

- Não - A mãe negou, balançando a cabeça - Não sou. 

The book of you and I • YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora