A EMERGÊNCIA DO HOSPITAL estava lotada, e os ouvidos de Soobin zuniam. Talvez porque um neurônio tivesse morrido. Ou talvez porque ele não entendia nada no que estava acontecendo. E Hueningkai chorava.
Soobin precisava urgentemente de um pouco de silêncio.
Sua cabeça girava quando deixou o cinema correndo, sem ao menos conseguir avisar Yeonjun. Ele gastou todo o dinheiro que tinha na carteira para pagar um taxi, o modo mais rápido de chegar em casa. Soobin ligou para a emergência e tentou ajudar Kai.
Ele já havia lido sobre coma alcoólico. Inconscientemente, sabia que um dia isso provavelmente aconteceria. Soobin instruiu Kai a virar a mãe de lado, para que os riscos de engasgamento diminuíssem.
O garoto chegou em casa praticamente ao mesmo tempo que a ambulância. Com passos trêmulos, guiou os paramédicos até o apartamento. Seus dedos tremiam ao virar a chave.
Kai estava sentado ao lado da mãe, no chão. As luzes estavam apagadas. Ele chorava. A mãe deles deitada, inconsciente. Era uma cena que assombraria Soobin por muito tempo. Os três foram na ambulância. Soobin não sabia se abraçava o irmão, perguntava o estado da mãe ou simplesmente gritava.
Agora, já passavam de onze da noite, e eles estavam sentados em cadeiras de plástico esperando o médico sair da UTI e explicar o que estava acontecendo. Kai estava quase dormindo, usando o casaco de um dos paramédicos como cobertor.
Soobin já podia saber sobre a mãe, mas Hueningkai não. Como ele iria contar que já sabia?
Soobin ligou para a tia, fingindo não ver as chamadas perdidas e as mensagens de Yeonjun. Ele não conseguia contar sobre o alcoolismo da mãe nem para o irmão, quanto mais para o azulado. Era algo difícil demais para ser contado por mensagens.
Felizmente, a tia atendeu. E prometeu chegar o mais rápido possível. Ligar para ela foi a única coisa que Soobin conseguiu pensar. Pelo menos, a única coisa sensata. Sua cabeça nunca estivera tão cheia, e ele sabia que teria uma crise de ansiedade.
- Com licença? - O médico apareceu, carregando uma prancheta. Ele tinha rugas na testa. - Onde estão os responsáveis de vocês?
Soobin se sentiu levemente constrangido ao responder que a mãe era a única responsável. Mas respondeu que a tia chegaria em breve.
- Muito bem - Ele pigarreou - Sua mãe teve um coma alcoólico.
Hueningkai piscou. Soobin respirou fundo.
- Ela já está no soro, e vamos usar glicose intravenosa. Mas foi por pouco, o fígado dela quase não aguentou.
Quase.
Sua mãe poderia ter morrido.
- Mas ela vai ficar bem? - Kai estava chorando de novo. Soobin também queria chorar, mas procurou manter a pose de irmão mais velho responsável.
- Ela está sob observação - O médico respondeu, desviando da pergunta - Vamos esperar sua tia chegar para resolver os detalhes, sim?
Depois que o médico foi embora, o hospital começou a ficar mais vazio. Algumas luzes se apagaram também. Hyuka voltou a dormir, abalado pelo cansaço. Sua cabeça apoiada no ombro de Soobin, exatamente como Yeonjun fizera poucas horas atrás.
Ele gostaria mais do que tudo de ter ficado preso em uma fenda temporal no cinema, com Yeonjun. Assim, não precisaria se preocupar com a mãe, o irmão. Ou com as contas e o dinheiro que seria gasto no hospital. Suas mãos começaram a tremer.
A respiração ficou cada vez mais irregular, e Soobin sabia que era uma crise. Já tivera muitas dessas. Todas de madrugada. Todas com ele e apenas ele. Como contar para Hyuka. Como cuidar de sua mãe. Como cuidar de tudo. Seus pensamentos estavam altos demais. Como diminuiria o volume?
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The book of you and I • Yeonbin
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] Yeonjun precisa evitar ser expulso da escola e, para isso, o diretor lhe dá uma última chance. As condições? Passar a frequentar a biblioteca como ajudante, junto com o garoto mais estranho da escola e ainda com aquela velha bibliotecári...