Lutar para Conquistar

4° Capítulo

— Chegamos! — disse Edward na porta do restaurante.
Aquele local era o que possuía as melhores comidas, e sem dúvida, o mais caro.
— O que vão querer? — disse o garçom.
— Eu não quero nada — disse Jack.
— Você disse que comeria, olha como está magro — retrucou Edward.
— Pelo que percebo você deve estar comendo muito.
— Me chamou de gordo?
— Não, só disse...
— Não precisa se explicar. Traga dois pratos com a comida mais cara.
— Mas....
— Traga dois sucos naturais de laranja — disse Edward interrompendo Jack novamente.
O garçom balançou a cabeça e anotou os pedidos.
— Por que fez isso?
— É uma forma de te agradecer por me ouvir.
— Então fale.
— É sobre meu pai.
— Pode dizer.
— Eu nunca o perdoei pelo o que ele fez comigo quando criança.
— Explique.
— O que eu mais queria, era um pequeno brinquedo, daqueles que todos meninos tinham, eles me zombavam por não ter.
— Você queria somente porquê eles te zombavam?
— Eu queria mostrar a eles que eu podia ter também.
— E por que seu pai não te deu o brinquedo?
— Na verdade ele deu, mas era velho e não igual o dos outros, eu queria melhor que o deles, mas meu pai não tinha condições para comprar e eu o maltratava, chamava-o de pobre e falava que ele não podia dar a vida que eu queria, e eu não o perdoei por isso.
— Você deveria ter agradecido a seu pai pelo o que ele pôde te dar, você quis ser alguém que não era. Não pode querer as coisas só para mostrar aos outros que você tem.
— Eu pensava que se eu tivesse o brinquedo, aqueles meninos parariam de me zoar.
— As pessoas devem gostar de ti como você é, não deve mudar para agrada-las, isso só te fez ficar arrogante.
— Percebo que eu devia ter pedido perdão, meu pai não errou.
— Exatamente! Agora que tens condições boas, poderia dar ao seu filho o que seu pai não pode te dar.
— Eu sempre digo ao meu único filho que não darei presentes a ele porque eu não recebia quando criança.
— Você não pode fazer isso com ele, o seu pai não tinha condições de te presentear, mas você tem, isso só vai deixar seu filho magoado. Você mesmo não se sente desta maneira, mesmo sabendo que seu pai não teve culpa de não te dar o brinquedo?
— Estava, mas agora me sinto um pouco melhor, sei que eu errei, isso foi tudo o que eu precisava ouvir.
— Fico feliz que esteja melhor, todos nós um dia passamos por situações difíceis. Como estão as pessoas que te zombavam?
— Não estão com uma condição muito boa.
— Isso aconteceu por te zombarem quando você não tinha condições de comprar um brinquedo.
— Com licença, aqui está a comida, desculpa a demora — disse o garçom.
— Não tem problema! Não percebemos a demora — disse Jack.
O garçom saiu e Edward disse:
— Agradeço por ter me ouvido e me ajudado. Em troca lhe ofereço o apartamento com preço reduzido por mais alguns meses. Você poderá pagar quando puder.
— Eu também agradeço pela proposta, mas faz muito tempo que não vejo meu pai, não sei como ele está e preciso lutar para conquistar o meu sonho.
— Se acha melhor assim, eu te entendo, mas com que dinheiro vai viajar?
— Eu passarei na banca e pedirei para o dono, ele não me pagou mês passado e nem este mês. Eu irei de ônibus.
— Posso te dar mais um pouco de dinheiro, seria melhor, não acha? Não aceita nenhum modo de agradecimento?
— Aceito!
— Pega o dinheiro então — disse Edward mostrando o dinheiro.
— Não quero dinheiro.
— O que você quer então?
— Que você peça desculpa a seu pai.
Os olhos de Edward ficou cheio de lágrimas, e elas escorriam sobre seu rosto, não conseguia conter o seu choro.
— O que aconteceu, não consegue pedir perdão a ele?
— Não é isso! — disse baixo.
— Não entendi!
— Meu pai faleceu.
— Me desculpa, eu não sabia
— Agora que ele já está morto não posso pedir desculpa.
— Não precisa ficar desta maneira, o bom é seu arrependimento, não viu o seu erro à tempo, o problema é as pessoas que não pedem perdão pelos atos quando ainda há tempo e sabendo que estão erradas.
Jack e Edward após a conversa ficaram um tempo no restaurante almoçando. E após saírem de lá, Jack tentou consolar Edward, algo que nunca imaginou que faria.