Brunna encerrou o beijo com uma mordida antes que não conseguisse parar. O corpo de Ludmilla era uma perdição, mas não podia se perder nele...
-Ludmilla: Acho que agora posso ir. - sorriu leve enquanto limpava a boca com o dedo indicador - Até amanhã, no seu escritório.
A morena saiu do carro com um sorriso contagiante, e a loira sorriu fraco enquanto observava a mulher entrar. E somente depois, arrancou o carro indo em direção a sua casa.
(...)
-Larissa: Te trouxe algo que a mamãe enviou. - disse calma quando ouviu a porta se fechar e ouviu os passos de Brunna acompanhado de seu cheiro, que por sinal era irreconhecível.
-Brunna: Isso? - questionou ao abrir a pequena caixinha revestida em couro preto.
-Larissa: Ela quis... - parou a frase ao ficar o olhar em Brunna. - Seus lábios, estão borrados de batom... - sorriu irônica - Se machucar ela, não vai gostar do que vou fazer! - disse séria e fria.
-Brunna: Eu não vou, prometo! - respondeu.
-Larissa: Você sempre teve todas as mulheres que quis, mas a Ludmilla não é um brinquedo pra saciar desejos. Ela está em uma situação complicada. Se não tiver intenção de nada, então nem começa. - concluiu - Sei de tudo que existe dentro de você, mas não pode fazer isso com ela, nem com você mesma.
Brunna assentiu, sua irmã estava certa. Ludmilla era uma mulher extraordinária e incrível, não podia magoá-la também, não com sua insegurança e frieza.
-Larissa: Se precisar de algo me liga, irmãzinha. - sorriu leve e abraçou a menor - Eu te amo, Brunna.
-Brunna: Eu também te amo, Lari.
A morena de cabelos curtos sumiu pelos corredores indo embora. Mas sobre a mesa, havia um pequeno bilhete e dentro da caixa um fino colar...
Mal sabia ela que aquela carta lhe faria reviver tudo que tentou fugir durante 4 anos.
Mirian Gonçalves - Los Angeles; Califórnia.
Eu sei que está em uma difícil fase emocional e sinto muito por não estar com você agora. Seu trabalho anda te prendendo demais e esse peso emocional está caindo sobre você agora. Eu sei que a insegurança te prende e tenta te domar em alguém sensível e frágil. Não deixe. Trave uma batalha interna e lute por si mesma, você é forte e consegue. Eu sinto muito por tudo que está passando, sinto muito pelas decepções amorosas que te quebraram em mil pedaços, sinto muito por morarmos longe e não ter tempo de te dar apoio necessário, sinto muito por tudo que aquele monstro te fez vivenciar em meio a força. Eu sei que a falta de amor te deixou fragilizada, que a criação de confiança e a destruição delas te fizeram entrar em ruinas. Mas não pode continuar assim, meu amor.
Você precisa amar de novo, não pode deixar a sombra desses monstros te assustarem até hoje, não é justo com você... Sabemos do que passou, e da dor que tudo isso te causou. Mas não viveu um amor, viveu uma ilusão, e por isso te peço. Ame novamente.
A correntinha, é pra lembrar de que estarei com você, mesmo que esteja longe de mim.
Eu te amo, Bru!
Assinado: Mia.
As lagrimas escorreram por seu rosto mas a loira logo tratou de enxuga-las, sentou-se no sofá acompanhada de sua garrafa de vinho...
A exatamente 4 anos atrás Brunna descobriu a segunda maior dor de sua vida. A desilusão. Era feliz ao lado de Patty, a loira era linda e atrativa, seu sorriso esplêndido e seu jeito delicado... só não conhecia o monstro que habitava no fundo. Eram namoradas a exatamente 2 anos, Brunna pretendia pedi-la em casamento, mas foi aí que tudo desandou...
Chegou em casa em uma noite chuvosa, estava completamente molhada. Adentrou em casa correndo, chamando pela namorada. Mas não a encontrou. Brunna entrou no quarto e estava tudo normal, então decidiu tomar um banho, mas quando abriu o closet, sentiu falta das roupas da loira. Seus olhos se marejaram automaticamente.
Ela foi até a cozinha, pegou o celular e tentou entrar em contato com a loira. Mas estava bloqueada em qualquer rede social possível, tentou a ligação... mas ouviu apenas "Esse número não existe".
Patty havia ido embora...
A loira rapidamente se viu em desespero e em uma crise de ansiedade terrível. Seu peito ardia e lhe faltava ar. Doía...
Respirou fundo assim como sempre fazia, contou até 10 entre intercalações. E depois de se acalmar, aproximou-se da mesa de centro da sala. Encontrou um pequeno envelope.
Sinto muito por toda a dor que estou te causando. A verdade é que eu não podia continuar amando você, você é uma mulher incrível, genuína e forte. Me fez feliz por um tempo, mas hoje eu cansei. Cansei de estar ao seu lado diante das suas dores, eu não te causei elas, não posso curar. Sinto muito por ter sofrido essa tragédia, ninguém merece sofrer essa dor. Te tiraram a opção de escolha e te forçaram a fazer um ato sexual, sinto muito mesmo! Mas não posso te ajudar...
Brunna sorria incrédula em meio as lagrimas. Havia sido forçada a praticar um ato sexual, e essa era primeira e maior dor.
Tudo que vivemos não passou de ilusão, estou te quebrando agora para que não precisasse fazer mais tarde. Se cuida, acredito que consiga.
Adeus.
Assinado: Patricia Chris
O que Brunna havia feito de errado?! Amado demais? Se entregado demais? Esperado demais? Mas durante dois anos, esperar apoio era demais?
Por quê?!
Ela se viu sozinha em meio a tempestade e a dor. Seu choro enquanto se mantinha ajoelhada com o bilhete em mãos. Não tinha culpa da depressão que carregava! Não tinha culpa da ansiedade que dominava seu corpo! Não tinha culpa se havia sido estuprada aos 20 anos e aquela lhe consumisse todos os dias, em todos os sonos...
Pedir que aquela dor passasse era como se ajoelhar e esperar que alguém fosse seu "Deus" sua ajuda, sua salvação. Pedir que aquela dor fosse embora, era como buscar esperança na falta dela. Estava presa em um desastre, acorrentada pela dor, o ódio, o nojo próprio, a amargura, aos movimentos sedentos e duros do homem...
Naquela noite Brunna gritou ao implorar que alguém lhe tirasse desse desastre...
E hoje ela implorava novamente, enquanto se mantinha naquele sofá. Tinha medo de amar de novo, medo de amar e ser deixada por sua insegurança. Medo de que o alguém amado sentisse nojo dela por ter sofrido certos abusos, medo desse alguém ir embora e a deixar sozinha novamente...
As vezes ela queria alguém pra abraçar e chamar de sua, mas tinha medo de tropeçar mais uma vez. Então os alguém que lhe desse uma noite quente, satisfaziam sua sede.
Brunna não via a mãe a meses, não gostava de pisar na Califórnia desde a ida de Patty, aquele lugar só lhe trazia recordações dolorosas. E a mãe só podia vir de vez em quando.
A verdade era que Brunna tinha uma mascara, e escondia as dores muito bem. Era melhor viver às escondidas do que se arriscar a mostrá-las novamente e ser cortada em pedaços.
Era completamente fora de cogitação amar novamente.
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Esse é a parte mais dolorosa da vida da Brunna, seráque a Lud vai fazer ela superar essa dor?
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Improvável
FanfictionBrunna Gonçalves é uma advogada criminalista e da família mais conhecida na América, que possui fama e imponência na mídia e no mundo. Porém não acredita no amor, por conta de uma relação passada. Ludmilla Oliveira é uma bloqueira e empresária, casa...