Meu amor

2K 172 16
                                    

A vista de Brunna já estava pesada, seu corpo estava cansado, estava com sono. A manhã havia sido intensa, e estressante, encontrar Patrícia, defender Ludmilla em um processo e agora estar com a morena em sua banheira, acariciando seus ombros enquanto tem a cabeça deitada em seu peito após um sexo intenso, era... aconchegante.

-Ludmilla: Vem bebê, vamos tirar essa espuma e a gente descansa. – disse ajudando a loira a levantar.

As duas foram para o chuveiro e Ludmilla ajudou Brunna a tirar a espuma do corpo, tomaram um banho de verdade, rapidamente.

Ludmilla estava no closet de Brunna procurando um blusão confortável para a loira enquanto ela esperava sentada na cama com a cara de sono após secar o cabelo. Ludmilla levou o blusão até a loira que o vestiu.

-Brunna: Obrigada, princesa. – Sorriu sonolenta.

-Ludmilla: Quer alguma coisa antes de deitar, bebê? – questionou sentada ao lado da loira que a olhava com olhar cansado.

-Brunna: Só você. – respondeu sonolenta.

Ludmilla sorriu e se arrastou até o fim da cama, sendo seguida por Brunna. A morena apagou o abajur e deitou Brunna em seu peito, acariciou seus cabelos recentemente secos até vê-la dormir. Era bom para Brunna se sentir segura, poder dormir com alguém ao seu lado sem sentir medo de acordar e esse alguém não estar mais ali. Era bom para Ludmilla, dormir com alguém que não a agredia e dormia agarrada a ela somente no dia do período de desculpas.

Com o passar das horas, os corpos rolaram pela cama, mas se mantinham sempre em contato.

Brunna levantou por volta das 18:15, quase noite. Havia tido um pesadelo. Pegou o celular ao lado da cama...

Olhou para o lado e Ludmilla ainda dormia tranquilamente vestida em seu blusão, com os cabelos espalhados pela cama e os lábios avermelhados entre abertos. A loira deixou um beijo em seu rosto e desceu para a área externa da casa, de frente pra piscina. Conseguiu respirar um pouco melhor, talvez fosse uma crise de ansiedade por conta do pesadelo que muitas vezes rondava sua cabeça, revivia toda aquela dor, todo aquele sofrimento. Mesmo com auxilio psicológico aquilo não passava, Brunna estava afundada em um TEPT (transtorno de estresse pós traumático) a anos. Ela não queria contar rapidamente a Ludmilla, mas precisava, sabia que precisava. E se ela escolhesse outro caminho, assim seria...

A loira enxugou algumas lagrimas, jogou o celular sobre o balcão.

Como ela faria pra esquecer, se Ludmilla decidisse o fim do que nem teve início?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Como ela faria pra esquecer, se Ludmilla decidisse o fim do que nem teve início?

Seu coração doía ao sentir-se inteiramente dela, mas não saber se ela seria inteiramente sua, depois que soubesse de um TEPT e quedas emocionais incontroláveis.

A loira sentou-se no banco de madeira, de onde tinha visão de toda a casa. As lagrimas escorriam lentamente por seu rosto, e ela em vão tentava enxugar. Como se o universo conspirasse contra. Ludmilla descia as escadas e vinha em sua direção com a expressão sonolenta.

-Ludmilla: Ei bebê, o que aconteceu? – perguntou ficando de joelhos em frente a loira, segurando suas mãos. – Você chorou? – questionou com a expressão preocupada ao perceber o olhar velho. – Eu fiz alguma coisa que te magoou?

Ludmilla fazia perguntas rapidamente.

-Brunna: Não, não foi você. Eu só... não consigo controlar. Desculpa. Está tudo bem. – disse tentando se levantar.

-Ludmilla: Não está. – Concluiu. – Crise de ansiedade? – questionou sugestiva.

Brunna negou, por mais que quase tivesse uma.

-Ludmilla: Ok, podemos fazer no seu tempo. Tudo bem? – disse e Brunna assentiu.

Ludmilla permaneceu ali ajoelhada encarando a loira que mantinha os olhos vermelhos e segurava suas mãos. A empresária viu as lagrimas se formarem vagarosamente e escorrerem por seu rosto com lentidão.

-Ludmilla: Vem cá, meu amor... – disse carinhosa.

Brunna sorriu ao ser chamada de amor, queria ouvir aquilo sempre. Mas a questão não era só você, também envolvia suas dores, e Ludmilla não tinha a obrigação de curá-las.

Ludmilla levantou-se e abriu os braços para que Brunna fosse envolvida neles. Era reconfortante ter Ludmilla ali.

Brunna tinha medo. Ludmilla vinha de um relacionamento complicado, onde viveu em insegurança, traições e agressões. Brunna sentia que não podia jogar o peso de sua dor sobre Ludmilla e esperar que ela lhe ajudasse. Não podia pedir que Ludmilla montasse seu coração quebrado em pedaços por outro alguém, não podia esperar nada da morena.

-Brunna: Eu não posso... – disse baixo em meio as lagrimas.

-Ludmilla: O que? – disse se afastando e encarando Brunna que se mantinha entre seus braços. Com a mão livre Ludmilla enxugou suas lagrimas e colocou seus cabelos atrás da orelha.

-Brunna: Não posso continuar com isso até que estiver com essas feridas fechadas. E mesmo sabendo de tudo que eu tenho, eu quis que ficasse, mas não posso permitir que fique. – disse firme, mesmo assim as lagrimas amargas escorriam por seu rosto.

-Ludmilla: Essas palavras que saíram da sua boca, não são suas, muito menos minhas. Elas fazem parte de um alguém que te assombrou por anos, e essa pessoa já não está mais aqui. – disse firme.

A morena puxou Brunna pelas mãos e sentaram novamente no banco, agora uma de frente pra outra. Enquanto Ludmilla segurava as mãos da loira com firmeza.

-Brunna: Eu tenho TEPT, Lud. – disse rapidamente com a cabeça abaixada. – Eu tenho quedas emocionais onde eu nem mesma me reconheço. Eu não posso jogar tudo sobre você e pedir que me ajude a curar uma dor da qual você nem causou. – disse. – Você veio de um relacionamento cheio de inseguranças, traições e agressões. Eu não quero que se machuque ainda mais... – disse a ultima frase olhando nos olhos da morena.

-Ludmilla: Em todos esses anos da minha vida... com você foi o único do qual eu me senti eu mesma. A minha vida, foi uma mentira. E só agora eu posso ver a verdade. Eu entendi que eu gosto de mulheres, eu entendi que eu gosto de você. – disse séria. Seus olhos castanhos estavam escuros. – Eu não quero perder o único lugar que encontrei e me sinto segura, o lugar qual eu me sinto feliz. Eu sou feliz quando estou com você, Brunna. – Respirou fundo. – Eu quero ficar, quero cuidar de você. Eu não vou te deixar, eu quero lutar com você.

-Brunna: Não são coisas simples, Lud.

-Ludmilla: Está com medo de que eu vá embora e faça o mesmo quando me der contas das dores que existe em você? – questionou incrédula.

-Brunna: Eu me sinto inteiramente sua. – revelou. – Mais não sei se algum dia será inteiramente minha. – respirou fundo. – A verdade é que eu descobri que te amo, enquanto te assistia dormir... – disse sorrindo. – Eu descobri que te amo, e te quero aqui. Mas sei que provavelmente minha parte escura te assuste e entendo que nunca foi obrigada a me amar... se quiser, eu te deixo livre pra ir... por quê nessa luta da qual quer fazer parte, pode acabar se afundando nela comigo.

-Ludmilla: Então afogaremos juntas, por que eu te amo. – sorriu fraco.

ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora