Capítulo 5

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Emma.

       Quíron me leva até um local que havia vários chalés, alguns bem bonitos, outros nem tanto. Ele me guia para um em específico ele era preto com mínimos detalhes verdes, por fora se via várias rosas negras, que pareciam bem secas.

–Ela está te esperando lá dentro- ele diz, assinto mesmo em dúvida e ele sai.

            Me aproximo mais e abro a porta, sentindo um cheiro doce invadir o local, encaro mais a frente, vendo uma mulher mexendo com as flores, as fazendo ficarem mais vivas. Cérbero late e pula do meu colo, indo em direção a mulher.

–Cérbero garoto, parece que você não quer voltar para casa- ela diz calma, fazendo carinho em suas cabeças, ela ergue o olhar, me encarando- é muito bonita Emma- ela sorri.

–Obrigada- digo grossa cruzando meus braços, eu queria não ter a idéia de quem ela era- você seria?.

–Eu sou Perséfone querida- ela diz sorrindo, fazendo minha feição se fechar completamente.

–E o que quer comigo?- pergunto a encarando.

–Como assim oque eu quero com você? Eu sou sua mãe meu amor- ela diz sorrindo para mim, sorrio amarga.

–Você não se lembrou de mim por anos, não preciso que você tente se fazer de boa mãe agora- digo voltando a ficar séria, seu sorriso se desfaz.

–É claro que eu me lembrei de você, todos os dias- ela diz tentado se aproximar, faço sinal para que ela pare.

–Se realmente lembrasse não teria me deixado naquele lugar- digo amargurada- mas por que não ter filhos não é mesmo? Podemos deixa-los em orfanatos, assim não vamos precisar ter trabalho- sorrio irônica- então quando ela tiver idade suficiente: BUM- faço gestos com as mãos- voltamos como se nada nunca tivesse acontecido.

–Não é bem assim a história- ela diz me encarando, eu encarei em seus olhos, vendo tristeza nos mesmo- eu apenas achei que não seria bom você crescer em um lugar como aquele.

–E você acha que foi bom eu crescer naquele orfanato?- pergunto a ela- como você acha que eu me senti a vida inteira sem ter ninguém ali comigo? Acha que eu gostava de não ter uma pessoa para me dar pelo menos um abraço quando todos me deixavam de lado ou me zoavam por me acharem estranha ou ter medo de mim?- me exalto- você realmente acha que o melhor para sua filha era crescer longe dos pais?- sorrio amarga- que pais não é?.

–Eu e seu pai vivemos em um lugar horrível Emma- ela diz me encarando- cresceu como uma mortal, podendo ter os privilégios  de poder estar em jardins, praias, parques- suspira- eu vivo literalmente no inferno, acha que eu iria querer que você crescesse em um lugar como esse?.

–Você preferiu se livrar de mim- digo rindo irônica- então mamãe- a encaro- é assim que você queria ser chamada não é?- ele continua me encarando- eu só quero deixar claro uma coisa- dou um passo me aproximando dela- eu não quero contato com você, se possível fique longe de mim- paro em sua frente, encarando em seus olhos,vendo os mesmos com lágrimas- dói não acha? Isso não é nem metade do que eu senti em toda minha vida por terem me abandonado- meus olhos se enchem de lágrimas e eu me afasto um pouco, logo voltando a encara-la, com os olhos embaçados de lágrimas- AS SOMBRAS ME ATORMENTAM A VIDA INTEIRA, ELA E TUDO QUE FICA DENTRO DELA ME DA MEDO!- grito, não segurando mais minhas lágrimas- NEM VOCÊ, NEM ELE ESTIVERAM LÁ PARA ME AJUDAR A DORMIR QUANDO EU TINHA APENAS SEIS ANOS E ESCUTAVA VOZES ME ATORMENTANDO!- dou risada- mas para que se importar não é? É só a Emma, não tem valor algum.

–Não, não diga isso- ela diz se aproximando e segurando em meu rosto, me fazendo encara-la- tudo que eu fiz foi pensando em você minha princesa, eu nunca iria querer nada de ruim para você- ela limpa uma lágrima que escorre em meu rosto- eu sei de tudo que você passou, sempre te observava de longe- ela sorri- eu não queria que ficasse muito perto de seu pai, você veio em uma época que ele estava possesso de raiva pelos irmãos, não queria que te afetasse- ela coloca a outra mão em meu rosto- eu te amo mais que tudo nesse mundo meu amor- sorri para mim- eu nunca deixei de pensar em você, pode não me perdoar agora, mas quando conhecer seu pai vai me entender.

–Você não precisava ter me abandonado para isso- digo com a voz chorosa e os olhos cheios de lágrimas, eu queria não chorar, mas esse assunto me machucava, até demais.

–Eu não te abandonei- ela diz- você apenas não me via- limpa mais uma lágrima em meu rosto- não precisa tentar ser durona comigo, eu sei oque realmente tem aqui dentro- aponta para meu peito, acabo fungando com o choro, sem mais enrolação ela me abraça, não faço nada para impedir.

–Eu apenas queria que algum de vocês estivesse lá comigo- murmuro abraçada a ela.

–Eu sei meu amor, eu sei- ela diz fazendo carinho em meus cabelos- agora nada vai me afastar de você- fungo novamente, me separando dela com os olhos vermelhos- não chore mais tudo bem?.

–Eu não chorei, apenas caiu um cisco nos meus olhos- murmuro limpando as lágrimas, vejo ela sorrindo.

–Sabe que não é errado chorar, não sabe?.

–Espero que não conte a ninguém que me viu chorar- digo a encarando.

–Como quiser- ele diz sorrindo, escutamos um latido, olho para baixo vendo Cérbero me encarando com suas três cabeças e abanando o rabo.

–Por que ele está nesse grude comigo?- pergunto a encarando.

–Eu te levei para o orfanato com  dois dias de vida- ela diz, aparentemente com tristeza na voz- no dia em que nasceu, Cérbero ficou agitado, não parou um minuto até você nascer- ela sorri- ele ficou ao lado de seu berço o tempo todos- ele late- ele queria te proteger- fala por fim- ficou depremido quando te levei embora, quando chegou no acampamento ele sentiu que você estava aqui de alguma forma.

–Own garoto, você se tronou o amorzinho da minha vida- digo me abaixandoe fazendo carinho nele, que me lembe.

–Espero que não se importe de ficar um tempo com ele.

–Eu não me importo, vai ser bom ter uma companhia- digo me levantando.

–Pode ter certeza que você não vai ficar sozinha- ela diz sorrindo- espere só até encontrar sua avó, não terá paz.

–Eu não gosto de grude- digo a ela.

–Ela não vai entender isso- diz rindo, me fazendo soltar uma pequena risada também...

Emma.Onde histórias criam vida. Descubra agora