Capítulo 13

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Seus olhos vagavam lentamente pelo parque quase cheio, aquela agitação o trazia lembranças vagas que poderiam ser consideradas o começo de uma luta para encontrar a si próprio. Questões familiares que um dia o tornaram uma pessoa a qual desejava não ter sentimentos, mas que sonhava em expressar sua arte de modo que todos entendessem. Diferente do Akasuna, via em suas obras um significado que poderia ser ligado a vida, que não era duradoura, a qual sempre era levada quando a morte chegava.

A arte para si era um momento rápido que poderia expressar suas emoções aos poucos, soltando-as levemente até as ver indo embora, explodindo e sendo esquecidas em um lugar vazio e podre, levando consigo o peso de uma alma ferida. Diferentemente do Akasuna, tinha uma família do lado de fora, a qual não o considerava e não fazia questão de o ver, era ignorado por todos, cresceu lidando com o fato de ser odiado e sequer saber o motivo.

Considerava-se uma pessoa sozinha, que usava as molduras para aliviar aquilo que o matava por dentro. Nunca costumou ser uma pessoa sociável, até que, em um momento de desespero, precisou fazer isso para salvar sua própria vida, em uma tentativa de se livrar das inúmeras ameaças que recebia em casa. Em uma fuga inútil e mal sucedida, conheceu uma moça de cabelos roxos, que se tornou um anjo em sua vida e motivo da sua salvação, até que finalmente entrou no ensino médio.

Passava dias e dias na casa da mulher, que era mais velha que si, mas não se importava em o acolher, mesmo que antes ela também enfrentasse problemas familiares para ter sua própria liberdade. Porém, quando entrou naquela escola, pensou que talvez nunca fosse mais sorrir, aliás mal tinha contato com os amigos que tinha feito do lado de fora e nada chamava sua atenção, além de um certo ruivo que era sempre quieto.

Deidara sempre tentava ser uma pessoa confiante, tentando utilizar seu conhecimento para demonstrar seu amor próprio, que era apenas uma máscara para esconder seus reais problemas. Onde criou métodos para que pudesse aliviar sua mente, estava longe de sua família, isso já era algo positivo para si.

Longe da família e próximo à um amor.

Andava solitário, por mais que observasse seu colega de dormitório e sempre era retribuído de forma discreta. Não sabia se ele odiava sua presença ou estava apenas brincando consigo, porém, despertou em si uma curiosidade que sua família sempre o impediu de saber: o gosto da felicidade.

─ Amor, você está há meia hora parado com esse saco de argila na mão.

Seu ruivo chamava sua atenção, enquanto o observava com um olhar preocupado. Apenas tratou de sorrir, exalando a falsa confiança que aprendeu para ocultar o que realmente estava sentindo.

─ Não sei o que deu em você para vir comprar argila em uma hora dessas.

Sasori reclamava enquanto tentava acompanhar seus passos apressados, na realidade, sua argila não estava faltando, apenas queria uma desculpa para sair daquela escola e se divertir um pouco com o ruivo, porém sua mente estava ocupada demais pensando em o quão fútil ele era.

Suspirava baixo, sentindo seu braço ser puxado para um banco isolado de todos, o ruivo o mandou sentar ali, e sem cerimônias o fez, apenas observando o semblante preocupado que seu namorado carregava.

─ Certo, o que houve com você, amor? ─ O ruivo puxava para perto, alisando seus cabelos. ─ Não adianta dizer que estar bem, eu te conheço.

Por incrível que pareça, a frase conseguiu arrancar um riso leve do loiro, que pousou a argila sobre seus pés, passando as mais por seus fios dourados que se encontravam soltos. Sabia que Sasori notava quase tudo, porém não imaginaria que ele fosse desconfiar até do seu olhar distraído, perdido em pensamentos dolorosos.

─ Estou apenas pensando, ruivinho.

Por mais que parecesse simplista, seu olhar continha olheiras fortes e que chamavam a atenção de quem observasse seu rosto por longos minutos. Suas mãos estavam levemente trêmulas, mas não chegava a ser tão grave quanto a imensidão de sangue que seu interior chorava todos os dias.

─ Você me parece cansado, amor. ─ Sasori segurava sua mão. ─ Eu sei que você não ficaria assim por um simples pensamento.

─ Só parei para pensar nas pessoas que se dizem minha família.

Seu olhar se tornou perdido, Sasori apenas se aproximou mais ainda. Acariciando seu rosto levemente, não pensou duas vezes antes de sair correndo atrás do carrinho de algodão doce, logo voltando com um em sua mão e entregando-o ao seu namorado.

─ Irei fazer de tudo para você ficar feliz, Deidara.

─ Você já é o suficiente, danna.

Sorriram, porém o ruivo não se deu por vencido, tentava o fazer sorrir, levando-o em barracas de brinquedos, contando piadas ruim e que surpreendentemente o faziam rir, queria retribuir tudo que Deidara já tinha feito por si, por mais que não fosse uma das melhores pessoas para isso.

─ Deidara, você é a pessoa mais importante para mim.

O beijou levemente, vendo seu loiro rir fraco e o abraçar. As ruas eram movimentadas por pessoas que tentavam consertar seus próprios problemas, tendo suas próprias distrações, tentando controlar seus próprios demônios. Ele não era muito diferente delas, assim como também não era diferente do seu namorado.

Desejava um dia tornar-se um pássaro, que saia para voar pelos lugares, tendo sua própria liberdade. Queria sentir sensações novas, ficar feliz por finalmente estar livre de sua família, queria viver em paz ao lado da pessoa que amava.

Uma hora ou outra, a escola deixaria de ser seu escape das dificuldades sufocantes, mas queria aproveitar enquanto não lidava com elas, queria aproveitar enquanto a vontade de ir embora de vez não o atingia novamente. Sorriu para o ruivo ao seu lado, segurando sua mão e correndo em direção à um pequeno lago.

Sentaram-se na grama, fazendo questão de se abraçarem. Um grude inseparável, que se assumiam aos poucos, que deixavam os problemas de lado de vez enquanto. Sasori sorriu, dando-o um beijinho de esquimó e ambos riram.

─ Amor, acho que você esqueceu de uma coisa. ─ Sasori sorria enquanto falava.

─ O que?

Que eu sou sua verdadeira família e que sempre estarei aqui quando precisar.

Até que a arte nos separe;; SasodeiOnde histórias criam vida. Descubra agora