04. A FINAL SENTENCE

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★ ━━━━━ QUATRO
the final sentence

O ODOR ACRIMÔNIO DE carvão se expande em sua traqueia como uma carga venenosa, diluindo em pequenas, porém letais, porções ao alcançar os pulmões

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O ODOR ACRIMÔNIO DE carvão se expande em sua traqueia como uma carga venenosa, diluindo em pequenas, porém letais, porções ao alcançar os pulmões. Essa fora a sensação que o olhar de Ossário evocara em seu organismo na primeira vez que o encontrou destruído na garagem de Julie, há 6 meses. Agora parecia mais como o aroma de uma erva estragada, largada num fogo a lenha e deixada para queimar lentamente até seu fim.

Essa também era a sensação de estar sob domínio do mestre dos fantasmas.

Luke achava que era um apelido cafona demais para alguém que certamente poderia fazer o que quisesse sem hesitar e sem ter problemas no processo, mas precisara aceitá-lo. Sem objeções, como sempre. Ele recorda da primeira vez que desobedeceu o homem misterioso, a primeira vez que teve a amarga experiência de ter a consciência roubada de si. De ver tudo a seu redor desmoronar e não poder fazer nada a respeito porque ele não era mais o mesmo. Porque sua alma pertencia a Ossário.

Não fora fácil de aceitar, muito menos entender as consequências daquilo, mas Luke estava certo de que o estranho símbolo da seta que manchava o lado esquerdo do peito havia provocado todo caos. Ele poderia simplesmente piscar os olhos e em breves instantes sua mente se aninhava aos cordões controlados por aquele condecorado como Mestre Fantasma. Tem sido assim desde a primeira vez e continuado até ele ter chegado ao lar de seu novo mestre.

— Isso não vai sarar, sabe? — o dilúvio de pensamentos conturbados vai para longe com a voz feminina que o garoto reconheceria em qualquer limbo — Pensar em como sua vida costumava ser antes do Grande Chefão te sequestrar. É um pouco sádico e inútil.

— Grande Chefão? — Luke sorri, embora os músculos das costas estivessem contraídos demais para estar completamente relaxado — Essa é nova. Seu pai não vai ficar irritado?

A garota retribui o gesto com um sorriso tedioso, esvoaçando as longas madeixas negras com terminações verdes para trás dos ombros. O longo vestido vitoriano feito sob medida causa uma quebra de décadas em seu visual, além de conferir mais peso a seus passos. Mesmo assim, ela não se sente impedida de caminhar até o garoto a frente.

Como se estivesse sob um feitiço mais forte que o de Ossário, Luke se aproxima aos poucos e se permite ser guiado pelo toque inebriante da garota – o dorso de sua mão pesava, gelado, sobre a pele da bochecha do garoto, assim como os lábios dela nos seus. Diferentemente do que ele sempre esperava, o beijo é quente e duradouro, mas se rompe quando a morena se esquiva de seus braços com mais uma risada enigmática. Da lista pessoal de fenômenos que Luke jamais conseguira entender em meses, Ophelia estava em quarto lugar.

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