05. O GAROTO IMPOSSÍVEL

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★ ━━━━━ CINCO
the impossible boy

LÁGRIMAS QUENTES EXPLODEM NO vinco de sua jaqueta, formando gotículas que aumentavam de diâmetro conforme Julie contemplava a figura radiante do guitarrista à distância

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LÁGRIMAS QUENTES EXPLODEM NO vinco de sua jaqueta, formando gotículas que aumentavam de diâmetro conforme Julie contemplava a figura radiante do guitarrista à distância. Sob a luz de diversos projetores presos ao urdimento do palco, o corpo dançante de Luke parecia roubar toda a atenção do mundo para si com uma energia surpreendentemente contagiante a qual a jovem Molina demorou para processar. Embora o dínamo em seu peito palpitasse com um estranho misto de felicidade e dor ao revê-lo – e logo naquele estado de euforia – , a garota não conseguiu se desvencilhar do torvelinho de pensamentos que agora reverberavam uma só frase: ele não podia ser real.

Não foi preciso se esforçar para perceber que os dois fantasmas e a melhor amiga ao seu lado também compartilhavam de sentimentos conflitantes como os que agitavam seu coração. Nem Alex ou Reggie estavam dispostos a falar algo, concentrados demais em admirar alguém que há seis meses teria sido o responsável por abrir uma ferida que demoraria a ser cicatrizada. Além disso, havia um outro fator incompreensível: Luke claramente estava visível para o público – Julie só não seria capaz de entender como.

Flynn, por outro lado, ainda conseguia trocar de olhares entre Julie e a figura estonteante que sugara a felicidade de sua amiga.

— Ok... — ela é a primeira a se pronunciar, saboreando a descrença ao ver um garoto que deveria (duas vezes) estar morto — Quem aqui vai dizer que eu tô ficando louca e que aquele não é o guitarrista bonitinho da banda de vocês? Julie?

Mas ela não ouvira. Apenas dividia a concentração entre a própria respiração oscilante e as vibrações jorradas da guitarra do garoto a cada acorde. Ela desejou que ele a tivesse avistado, mas a plateia era imensa e sua presença ali era tão banal como a de qualquer outra pessoa. Em partes, Julie até sentiu-se agradecida por estar perdida entre a multidão. Assim poderia ficar mais tempo divagando sobre aquele Luke ser real ou não – embora ele parecesse transbordar uma aura diferente da que ela se acostumara sentir.

A jovem Molina sente as pulseiras metálicas de Flynn gerarem uma pequena estática em seu braço, fazendo-a finalmente retornar à realidade com um susto e pelos eriçados. Há uma evidente confusão dos olhos castanho-escuros da garota, uma a qual a própria Julie não detinha as respostas que a amiga procurava.

— Não é ele. — Alex interveio num gesto repentino que se pareceu com um safanão — Não tem como ser, tá? Nosso Luke tá bem longe daqui e eu... e-eu não vou voltar pra merda da estaca zero por causa de uma imitação barata como aquela.

— Qual é, Alex, eu reconheceria aquele riff em qualquer lug-

Não importa, Reg. — a voz do baterista se sobressai tanto que Julie pôde jurar que um garotinho ao seu lado o havia escutado — E-Eu... eu não aguento isso de novo. Desculpem, eu tenho que sair daqui.

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