Capítulo 21

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Sonho lúcido

Há algumas semanas eu tinha visto rapidamente um livro na biblioteca chamado "Fatos curiosos sobre a magia e alguns dons particulares" e um tópico chamou bastante a minha atenção: sonhos lúcidos. Pelo o que eu li superficialmente, era um tipo de magia inconsciente e hereditária em que um bruxo conseguia se conectar a outro através dos seus sonhos. Isso poderia acontecer de duas formas: ele poderia simplesmente entrar em um sonho já existente, isto é, invadir o de alguém, ou criar um.

Quando eu li essas anotações achei extremamente interessante, mas acabei não me aprofundando tanto por pensar que não seria importante. Com a visita de Bruce, a ideia de que eu poderia produzir algo do tipo passou pela minha cabeça, principalmente porque a hipótese de eu estar invadindo os pesadelos do Draco durante os últimos meses parecia ser bem mais provável do que eu ter uma imaginação fértil e repetitiva.

Havia diversos fatores que me influenciaram a pensar isso. Em primeiro lugar, quando ele passou a noite comigo na enfermaria ele me disse que não conseguiria dormir de qualquer jeito e isso deveria ser, provavelmente, por causa desses seus terrores noturnos. Além disso, esses momentos inconscientes com ele pareciam extremamente reais, muito mais do que um simples sonho.

Assim, quando eu decidi ajudá-lo a única maneira que eu pensei que seria possível me comunicar com ele era através da tentativa de encontrá-lo puxando-o para o meu sonho. Com isso, eu pedi o remédio para médica, já que quanto mais cansada eu estivesse, mais imersa nesse mundo eu estaria e, em consequência, estaria mais propensa a encontrá-lo.

Engoli meu jantar, eu estava ansiosa para testar meu plano e falar com o Draco. Meus olhos não saiam do relógio, esperando que, de alguma maneira, fosse possível adiantar o tempo com a minha força mental para que eu pudesse vê-lo logo. Tudo isso funcionaria apenas se ele também estivesse dormindo, por isso eu precisava esperar.

Os ponteiros finalmente estavam em uma diferença de 30° indicando que eram onze horas. Decidi quebrar o sentimento de tensão que habitava dentro de mim e ir me deitar no meio do filme natalino que estávamos assistindo.

- Eu estou morrendo de sono - Menti para a minha mãe.

- Vai descansar filha - Eu sabia que essa seria a resposta que ela me daria.

Subi a escada quase voando, eu estava completamente afobada com toda essa situação. Sem hesitação eu abri o frasco que estava dentro da sacola da farmácia e retirei uma pílula. Engoli a mesma tão rapidamente que quase engasguei.

Em pouco tempo meu corpo já estava implorando para que eu deitasse, era exatamente o que eu precisava. Meus olhos se fecharam involuntariamente. Me deixei ser controlada por aquela sensação e apenas mentalizava o Draco, eu precisava encontrar ele.

Eu estava andando por uma floresta, não sabia exatamente qual. Meu vestido branco ia até o joelho, fazendo com que eu tivesse uma imagem quase angelical. Toquei nas flores ao meu redor e me aproximei delas para cheirá-las. Toda a paisagem era extremamente bonita e, embora houvesse um toque mágico a mais, parecia bem verdadeira.

Não sabia exatamente o que fazer, apenas deixei meus instintos me guiarem, o pior que poderia acontecer era dar errado e eu ter que pensar em outra hipótese. Assustei com o som de alguns galhos quebrando e me locomovi na direção do barulho.

- Me procurando? - Sua voz era inconfundível.

Me virei para ele e sorri. Eu estava radiante por ter conseguido encontrá-lo. Fui correndo na sua direção para abraçá-lo.

- Eu senti tanto a sua falta - Apertei ele ainda mais forte em uma tentativa de colar nossos corpos e não separá-los nunca mais.

- Eu também - Draco suspirou.

𝘿𝙖𝙣𝙜𝙚𝙧𝙤𝙪𝙨 | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞 🔥 [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora