Capítulo 27

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Três vassouras

Finalmente cheguei na minha Casa. Embora o trajeto de volta tenha sido feito na mesma velocidade, meu corpo estava pesado e fez com que a viagem parecesse infinita. Minha cabeça latejava a cada passo que eu dava. A pressão que chegava no meu cérebro parecia estar mais alta do que deveria, me proporcionando uma sensação de que este iria explodir a qualquer momento. O sangue que corria pelas minhas veias fervia por todos os órgãos que ele passava.

A dor que havia dentro de mim era tão grande que a minha visão já estava ficando turva. Me esforcei o máximo possível para chegar no meu quarto sem despencar pelo caminho. Para minha sorte nenhuma das meninas estavam lá, não conseguiria encará-las nesse momento. Meu esforço para não chorar era admirável e, por sorte, eu não tinha forças para gastar com lágrimas.

Simplesmente deixei meu corpo cair no colchão. Eu só queria dormir. Queria parar de pensar em tudo que tinha acabado de acontecer. Queria parar de me preocupar com tudo que iria acontecer e todos os meus princípios que eu teria que deixar de lado para ser alguém que eu não era. Eu sentia como se estivesse carregando uma mochila pesada nas minhas costas e agora ela comprimisse o meu coração, fazendo com que ele batesse com certa dificuldade.

Por mais que a minha vontade de descansar fosse gigante, meu corpo não permitiu tal ato. Assim, fiquei me revirando na cama tentando pensar em alguma coisa que não me machucasse ainda mais. Esse era o problema: qualquer coisa boa que eu pensasse o meu subconsciente achava uma forma de estragá-la. A auto sabotagem é, sem dúvidas, um dos meus maiores defeitos.

Pensei em milhões de formas diferentes de acabar com todo esse sentimento, mas a única forma de fazer isso faria com que tudo tivesse em vão: o sofrimento do Draco continuaria e ele ainda teria que fazer tudo o que ele não queria. Meu corpo estremeceu. Meus ombros estavam tensos devido a todas as emoções confusas e bagunçadas que circulavam no meu interior.

Olhei para a janela do quarto. A luz que refletia pelo vidro encostava na minha pele, deixando-a iluminada. Essa fonte de energia ajudava a esquentar parcialmente o meu corpo gelado e me fazia lembrar da minha família. Costumávamos estar sempre juntos no inverno para comer besteiras e assistir filmes. Fazia um bom tempo que eu não escrevia para eles.

Sorri ao lembrar da minha mãe, sempre bondosa e se preocupando com os outros, com certeza ela estaria na Lufa Lufa. Já o meu pai, embora também fosse carinhoso, possuía um lado inteligente e calculista que, com certeza, o seu ponto forte, então, provavelmente, ele faria parte da Casa de cor azul.

Desde que cheguei em Hogwarts eu havia mudado tanto, não sei o que eles pensariam de mim agora. Olhei para a marca do meu braço. O crânio com a serpente passando por ele. Eu nunca imaginaria que eu chegaria nesse ponto. Respirei pesado. Algumas lágrimas escorreram ao pensar que eles ficariam desapontados ao ver a pessoa que eu estava me tornando.

O dia estava nublado e, como era de se esperar, começou a chover levemente. Até tinha esquecido da minha ligação com a natureza. Eram tantas coisas para pensar que no fim eu mal tive tempo de focar em mim. Desviei o olhar para a coruja da minha amiga, Talles, o que me fez ter vontade de mandar uma carta para os meus pais.

Levantei e fui em direção da escrivaninha, pegando um papel e escrevendo tudo o que eu estava sentindo em relação a eles. A falta de todo o amor e conforto que eles me proporcionavam foi a pauta principal. Eu sempre fui de demonstrar meus sentimentos, mas, depois da nossa confusão sobre as fotos, eu acabei me distanciando um pouco.

Com isso, repassei todas as lembranças sobre esse assunto pela minha memória. Precisava lembrar o Cedrico de me entregar a carta para que eu pudesse providenciar meus próximos passos em busca de resposta. Suspirei ao pensar no moreno, se o meu coração tivesse escolhido ele, talvez as coisas tivessem sido mais fáceis.

𝘿𝙖𝙣𝙜𝙚𝙧𝙤𝙪𝙨 | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞 🔥 [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora