Capítulo 32

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Flinn

Faltava apenas alguns minutos para que o próximo dia começasse. Após o horário estipulado do retorno ao castelo, eu era a única que continuava andando pelas pequenas ruas de Hogsmeade. O silêncio assustador do local fazia com que, passo após passo, eu adentrasse ainda mais nos meus pensamentos barulhentos. Minha mente gritava em uma enorme confusão diante de todos os acontecimentos e descobertas.

A neve que cercava o meu sapato, esfriando meus dedos bem protegidos, gerava um grande questionamento: será que eu realmente deveria ter vindo até aqui? Eu estava sozinha buscando por alguém que eu não conhecia e que eu nem sabia se queria me encontrar. O ar gelado entrou pelas minhas narinas. Esperar um pouco mais não faria nenhuma diferença.

O vento gelado bateu nos meus fios loiros, fazendo com que eu lembrasse dele: Draco. A saudade de estar aconchegada no seu peito ouvindo o seu coração bater enquanto conversávamos sobre diversos assuntos estava quase me matando. De repente, o cheiro do seu perfume caro parecia penetrar no meu cérebro como um mecanismo de defesa a fim de suprir toda a necessidade de tê-lo comigo. Olhei novamente ao redor. Ele não estava aqui, mas eu o desejava verdadeiramente.

A escuridão da noite me agradava. Nenhum animal seria capaz de sair do seu ninho em um momento como esse. Virei uma esquina qualquer. Eu não temia nada que pudesse acontecer, pois eu sabia que eu tinha um mal muito pior para enfrentar. Em questão de alguns dias, Voldemort começaria a colocar o seu plano em ação, me estipulando alguma missão que me torturaria até a última partícula da minha alma.

Não sei como iria me olhar no espelho depois de tudo isso, ou melhor, não sei como iria olhar para o outro par de olhos cinzas, os dele. Suspirei desejando que as coisas fossem mais simples. Eu me sentia em um jogo de xadrez onde era necessário sacrificar a rainha para que o rei não sofresse um cheque mate. Meu coração se apertou com essa analogia, mas era indubitável: eu era a rainha tentando salvar o meu rei.

Olhei para a lua brilhante em meio as grandes nuvens. Sua fase crescente demonstrava que era o momento em que se devia apontar a intenção pela mudança. Esse período em que todo o fruto da reflexão da lua nova deve ser colocado como foco de atuação me fazia refletir ainda mais sobre as minhas próximas ações. Dei um sorriso fraco, no fundo eu já havia escolhido o meu destino.

Impedi a dor de me dominar e voltei a observar o vilarejo. Já deveria ser a oitava vez que eu passava pelas mesmas casas. Infelizmente o ex Ministro da Magia havia falhado em ser claro em relação ao local específico em que estaria. Assim, eu percorria atentamente todos os cantos do mesmo buscando por alguém que andasse tão solitário quanto eu. O pensamento de desistir havia feito com que eu começasse a procurar pela capa da invisibilidade que estava na minha bolsa. Entretanto, como se estivesse ouvido as minhas preces, alguns passos desfizeram a plenitude do local.

― Por Merlin! ― Uma voz soou atrás de mim e fez com que meu corpo todo estremecesse ― Liam estava certo, você é idêntica à ela.

Me voltei para o som e analisei o homem que agora encontrava-se em minha frente. A iluminação fraca da rua não me permitia vê-lo com precisão, mas as rugas que preenchiam boa parte do seu rosto mostravam que a meia idade já havia sido ultrapassada. Embora a sua postura fosse meio desajeitada, ele continuava sendo alto. O cabelo grisalho era aparente e combinavam com a cor dos seus olhos: cinzas, iguais aos meus.

Sua expressão ao me ver era de surpresa, mas não como se eu fosse uma desconhecida. Suas palavras transpareciam um tom aconchegante e familiar, quase como se ele esperasse por mim ou até mesmo me conhecesse. Havia algo nele que me passava exatamente a mesma impressão, fazendo com que um milhão de perguntas surgissem na minha cabeça.

𝘿𝙖𝙣𝙜𝙚𝙧𝙤𝙪𝙨 | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞 🔥 [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora