Enquanto dormia senti alguém ao meu lado. Estranhei, pois ninguém já havia dormido na minha cama, nem mesmo a Débora eu que costumava ir em sua casa. Mas me veio uma lembrança maravilhosa da noite anterior com Letícia. Viro-me e a abraço.
-Bom dia minha gatinha -selo seus labios -dormiu bem?
-Não muito, tive um pesadelo.
-Sobre o que?Percebi que Letícia demorou para responder a minha pergunta.
-Eu sonhei que estava morrendo afogada. -ela senta na cama vestindo sua blusa que antes estava no chão
-Ô meu amor vem cá -a puxo para um abraço - foi só um pesadelo, quando você for dormi faça uma oração.Não me considero uma pessoa religiosa, mas em alguns momentos o único que pode me ajudar é Deus. Graças a ele e a minha tia que não fiz nenhuma besteira comigo mesmo.
-Qual é a sua religião? -pergunta Letícia bem curiosa
-Católica, participei das aulas de catecismo e do coral. Minha mãe era uma mulher muito religiosa.Letícia faz carinho em meus cabelos, olho para ela com um sorriso fraco e meus olhos se enchem de lágrimas. Pois, quem costumava fazer isso comigo era a minha mãe. Letícia permaneceu em silêncio, ela deveria esta pensando como eu parecia fragio com um simples toque que estava fazendo em meus fios loiros. Não aguentei acabei a abraçando com mais força.
Alguém bate na porta do quarto, mas Letícia e eu não fomos atender. Até que a porta se abre e a minha tia entra e ver o meu estado, ela se aproxima e senta na cama e passa as mãos nas minhas costas. Soltei Letícia e abracei a minha tia.-Letícia você pode me deixar só com ele?
-ClaroDepois que Letícia saiu a minha tia levantou o meu rosto fixando seu olhar nos meus. Um dos seus polegares limpa as minhas lágrimas.
-Querido, o que aconteceu?
-Tia, eu não consigo esquece-los, eu sou responsável pela morte deles...
-Guilherme você não teve culpa de nada.
-Tenho sim, se eu não tivesse viajado...
-Guilherme aquela viagem era muito importante pra você. Acidentes acontecem e temos que saber lidar com eles. Você entendeu?Fico em silêncio. Como a culpa não pode ser minha? Meus pais eram um casal tão feliz, eu era feliz. Mas tudo isso acabou. E só restou a minha tia e agora Letícia apareceu em minha vida. Minha tia saiu do quarto me deixando sozinho, resolvi tomar um banho. Procurei por Letícia e a achei na área da piscina, sentada na beira da mesma. Ela percebe a minha presença, sento-me ao seu lado.
-Me desculpe -digo olhando para o outro lado da piscina -antes eu era um cara que não demostrava sua fraqueza, e ainda não gosto de mostra-la principalmente pra você.
Ela segura meu rosto -Guilherme não tenha vergonha de mim. Eu sou a sua namorada, pode me contar tudo o que se passa, eu estou aqui com você e pra você. Eu te amo muito.
-Tenho sorte de ter conhecido alguém como você, que me entende -digoLetícia me puxa para um abraço protetor, retribui seu abraço. Sinto algo vibrar no bolso do meu casaco. A solto, e tiro o celular do bolso, ao olhar para a tela soltei um suspiro desanimado. Era a Débora, não antendo apenas continuo olhando para o número na tela.
-Não vai antender? -pergunta Letícia
-Não
-Por que?
-Não quero falar com ninguém -Coloco o celular de volta no bolso.
-Guilherme eu não queria tocar neste assunto de novo, mas como os seus pais morreram?Essa pergunta me doeu um pouco, só pelo fato de eu ter que lembrar de tudo o que aconteceu naquele dia.
-Acidente de carro... -digo friamente encarando meu reflexo na água -eu viajei para Portugal, foi uma viagem de estudos. Como eu tinha apenas nove anos, meu pai me deixou aos cuidados da minha avó que mora lá. Quando terminei voltei para o Brasil, meus pais estavam vindo me buscar no aeroporto e estava chovendo muito. Eu fiquei esperando, mais estavam demorando muito. Depois de algumas horas a minha tia chega ao aeroporto chorando muito, pensei que estivesse emocionada porque cheguei ao algo do tipo, mas quando me encontrou ela me abraçou e chorava muito. Perguntei o que houve e ela havia me dito que meus pais... sofreram um acidente de carro e morreram na hora.
-Você se sente culpado pela morte deles?
-Eu sou o único culpado, se não fosse por mim eles estavam aqui comigo, poderiam conhecer você.
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O garoto Loiro
RomanceVocê irá conhecer a história do Guilherme, o garoto loiro da história "Para todos os garotos que já gostei VOL 02", cujo o passado não foi satisfatório pela perda dos pais quando ainda era uma criança. Tendo como seu parente mais próximo a sua tia...