Capítulo 15 O sonho

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Enquanto dormia senti alguém ao meu lado. Estranhei, pois ninguém já havia dormido na minha cama, nem mesmo a Débora eu que costumava ir em sua casa. Mas me veio uma lembrança maravilhosa da noite anterior com Letícia. Viro-me e a abraço.

-Bom dia minha gatinha -selo seus labios -dormiu bem?
-Não muito, tive um pesadelo.
-Sobre o que?

Percebi que Letícia demorou para responder a minha pergunta.

-Eu sonhei que estava morrendo afogada. -ela senta na cama vestindo sua blusa que antes estava no chão
-Ô meu amor vem cá -a puxo para um abraço - foi só um pesadelo, quando você for dormi faça uma oração.

Não me considero uma pessoa religiosa, mas em alguns momentos o único que pode me ajudar é Deus. Graças a ele e a minha tia que não fiz nenhuma besteira comigo mesmo.

-Qual é a sua religião? -pergunta Letícia bem curiosa
-Católica, participei das aulas de catecismo e do coral. Minha mãe era uma mulher muito religiosa.

Letícia faz carinho em meus cabelos, olho para ela com um sorriso fraco e meus olhos se enchem de lágrimas. Pois, quem costumava fazer isso comigo era a minha mãe. Letícia permaneceu em silêncio, ela deveria esta pensando como eu parecia fragio com um simples toque que estava fazendo em meus fios loiros. Não aguentei acabei a abraçando com mais força.
Alguém bate na porta do quarto, mas Letícia e eu não fomos atender. Até que a porta se abre e a minha tia entra e ver o meu estado, ela se aproxima e senta na cama e passa as mãos nas minhas costas. Soltei Letícia e abracei a minha tia.

-Letícia você pode me deixar só com ele?
-Claro

Depois que Letícia saiu a minha tia levantou o meu rosto fixando seu olhar nos meus. Um dos seus polegares limpa as minhas lágrimas.

-Querido, o que aconteceu?
-Tia, eu não consigo esquece-los, eu sou responsável pela morte deles...
-Guilherme você não teve culpa de nada.
-Tenho sim, se eu não tivesse viajado...
-Guilherme aquela viagem era muito importante pra você. Acidentes acontecem e temos que saber lidar com eles. Você entendeu?

Fico em silêncio. Como a culpa não pode ser minha? Meus pais eram um casal tão feliz, eu era feliz. Mas tudo isso acabou. E só restou a minha tia e agora Letícia apareceu em minha vida. Minha tia saiu do quarto me deixando sozinho, resolvi tomar um banho. Procurei por Letícia e a achei na área da piscina, sentada na beira da mesma. Ela percebe a minha presença, sento-me ao seu lado.

-Me desculpe -digo olhando para o outro lado da piscina -antes eu era um cara que não demostrava sua fraqueza, e ainda não gosto de mostra-la principalmente pra você.

Ela segura meu rosto -Guilherme não tenha vergonha de mim. Eu sou a sua namorada, pode me contar tudo o que se passa, eu estou aqui com você e pra você. Eu te amo muito.
-Tenho sorte de ter conhecido alguém como você, que me entende -digo

Letícia me puxa para um abraço protetor, retribui seu abraço. Sinto algo vibrar no bolso do meu casaco. A solto, e tiro o celular do bolso, ao olhar para a tela soltei um suspiro desanimado. Era a Débora, não antendo apenas continuo olhando para o número na tela.

-Não vai antender? -pergunta Letícia
-Não
-Por que?
-Não quero falar com ninguém -Coloco o celular de volta no bolso.
-Guilherme eu não queria tocar neste assunto de novo, mas como os seus pais morreram?

Essa pergunta me doeu um pouco, só pelo fato de eu ter que lembrar de tudo o que aconteceu naquele dia.

-Acidente de carro... -digo friamente encarando meu reflexo na água -eu viajei para Portugal, foi uma viagem de estudos. Como eu tinha apenas nove anos, meu pai me deixou aos cuidados da minha avó que mora lá. Quando terminei voltei para o Brasil, meus pais estavam vindo me buscar no aeroporto e estava chovendo muito. Eu fiquei esperando, mais estavam demorando muito. Depois de algumas horas a minha tia chega ao aeroporto chorando muito, pensei que estivesse emocionada porque cheguei ao algo do tipo, mas quando me encontrou ela me abraçou e chorava muito. Perguntei o que houve e ela havia me dito que meus pais... sofreram um acidente de carro e morreram na hora.
-Você se sente culpado pela morte deles?
-Eu sou o único culpado, se não fosse por mim eles estavam aqui comigo, poderiam conhecer você.

O garoto LoiroOnde histórias criam vida. Descubra agora