Capítulo 16- Barcelona, agosto de 2015

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- Sua Lena se casou? - perguntou Maica triste.

- Sim, já não era minha Lena, casou e era uma mãe linda, beijando com amor seu bebê.

- Ostra! Que coisa hein? Eu não entendo como pode ter seguido gostando dela durante todo esse tempo. - comentou Javier. — Há tantos peixes no mar. -concluiu.

- Não são todos iguais. Dizem que só se ama uma vez, eu acredito nisso.

- E depois disso o que aconteceu? - perguntou Maica.

- Aconteceu que eu pensei que já estava na hora de seguir adiante, já não havia mais esperanças com Milena, não poderia seguir querendo uma mulher casada, mãe de família. E então conheci a Miriam, ela frequentava a mesma igreja que eu...

- Continuou indo a igreja mesmo desistindo de Milena? - quis saber Juan.

- Sim, no início meus pais acharam que eu estava ficando louco, pelo súbito interesse em participar da igreja, mas a lembrança dela foi fundamental para que eu fosse e pegasse gosto por estar ali, como já disse, era onde eu pensava: -A Lena está ouvindo a mesma coisa que eu, mas chegou um momento em que já não se tratava só dela, se tratava de mim. Eu me sentia um cara melhor, conseguia sentir a presença de Deus, como quando ela me falava com tanto amor dEle.

- Nunca senti isso. - disse Javier, tomando um pouco de água.

- Pois é indescritível, maravilhoso.

- Melhor que estar com sua Lena?

- Muito melhor, Javier. Ainda que seja a melhor garota que já conheci, o que sentia estando ali, era muito mais. Ele me fortalece em tudo e eu peço a Ele a minha garota, a que virá a ser minha esposa e espero realmente ter a felicidade de encontrar uma que se assemelhe a ela.

- Ostra. - Javier repetiu a expressão novamente.

- E a Miriam? - perguntou Maica.

- Então... Eu comecei a conversar com ela e a namorar porque de certa forma ela me lembrava Milena, guardadas as devidas proporções. - falou sorrindo, porque sempre tudo voltava a Milena.

— Isso não é amor, é obsessão. — disparou Javier.

— Não, era amor! — afirmou Cláudio.

— Em que ela parecia a sua Lena? — Maica insistia em dizer que a Milena era do Cláudio.

— Não na aparência, mas era no modo de se vestir, se comportar e curiosamente usava uma pulseirinha de corrente prata no pulso, com uma medalha, assim como a Milena e entendi aquilo como um sinal.

Juan riu alto. - Não acredito que fez isso! As pessoas se interessam pelo corpo, pela aparência, mas não por vestidos e pulseira, você é louco!

- Talvez seja mesmo. - riu Cláudio. - Mas namorar com ela me ajudou bastante.
Ela apesar de ter tido relações antes de levar a sério a doutrina cristã, já não fazia mais, iria esperar o casamento, isso me ajudou bastante a desenvolver um alto controle e me fortalecer, por um tempo Milena ficou esquecida em meus pensamentos, chegamos a ficar noivos, mas um ano e pouco depois terminamos, nos tornamos muito amigos, não havia o interesse homem e mulher.

— Sério? E quem términou o noivado? — perguntou Juan.

— Ela mesma, me disse que ela merecia ser amada por alguém como a Milena era amada por mim e sabia que isso não iria vir de mim. Depois vocês já sabem, vim para Barcelona, essa cidade linda. -disse mostrando com a palma da mão pra cima. - Conheci vocês, estudei muito, não tinha tempo para garotas e depois namorei Maitê por quase oito complicados meses e vocês já sabem o restante.

- Como que consegue namorar sem ter nada além de beijo, Cláudio? -perguntou Juan curioso.

- Hummm, receita mesmo não tenho, mas pra mim funciona da seguinte forma:Evitar ocasiões que possa te deixar excitado, como ficar a sós por muito tempo, evitar beijos mais calientes, eu diria, com o tempo você vai se conhecendo e sabendo evitar o contato quando está mais atiçado, em perigo. Manter-se ocupado também ajuda e principalmente muita, mas muita oração.

- Ah, mas isso é muito chato! - disse Javier fazendo uma cara bizarra.
-Meu Amigo é tão galã e sem graça ao mesmo tempo.

- Não lhe faça caso, Cláudio, por isso Javier está solteiro, fala muita bobagem

- Não faço, Maica, eu também pensava assim...pode parecer estranho, sem graça, mas depende do que você quer pra sua vida agora e depois e de quem vê, por exemplo hoje eu seria o homem da vida da Milena, era o que ela vivia, mas eu não sabia entender isso naquela ocasião. Poderia ter namorado ela uns dois ou três anos, ela tinha apenas dezenove anos, teríamos tempo para nos conhecermos melhor e casar, poderia ser eu o pai dos filhos dela.

- Daria um filme sua história de amor pela Milena, é muito amor, tão raro hoje em dia, em que as pessoas trocam de relacionamentos como trocam de roupa.-disse Maica de verdade admirada com tudo que ouvia.

- Não sei se venderia, não houve os "Felizes para sempre".

- Quem sabe? — disse ela.

- Só Deus! — respondeu ele.

- Sim, concordou ela.

- Quando você vai mesmo para o Brasil?

- Dentro de um mês.

- Marcamos um jantar antes da sua ida. O que você acha?

- Ótima ideia, obrigado, Maica! E me desculpe por toda essa novela.

- Para uma novela até que gostei, apesar da mocinha não ficar com o galã. —completou Juan.

Eles riram, haviam pago a conta e se despediram.

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