A MINHA GAROTA

Capítulo 2- Filme

O céu não estava cinza como no dia anterior, o sol havia surgido, ainda que o vento soprava um ar gelado.

Desde o quarto Milena podia sentir o cheiro de bolo recém saído do forno, isso aumentou sua fome, sempre acordava faminta e o café da manhã era sua refeição favorita.
Aproximou-se dando um beijo na cabeça de dona Ana ao mesmo tempo em que lhe pedia sua benção, pegou um pedaço de bolo e seguiu sua mãe para o jardim.

- Como dura pouco o frio aqui no Mato Grosso, hein, mãe! Ontem tinha até névoa e hoje apesar de fresquinho o sol já surgiu.

Dona Ana havia começado a molhar as plantas com auxílio de uma mangueira tomando certo cuidado para não molhar seus pés que ainda permaneciam com meias.

- É verdade, mas tá ótimo assim, esse clima está perfeito.

Respondeu dona Ana, colocando o dedo na ponta do cano objetivando que o jato fosse mais longe.

- Eu gosto também! - Milena sentou- se num banco e apoiou o queixo nos joelhos, abraçando as pernas, sua saia ia até os tornozelos, acompanhando com os olhos o que sua mãe fazia.

- Bonita! Vai ficar ai só me olhando trabalhar, é? - perguntou divertida.

- Quem é essa bonita que está só olhando? - comentou Milena como que procurando alguém e gargalhando.

Milena era assim, sempre sorridente, brincalhona com a família, mas não conseguia ser tão espontânea com os demais, tinha bastante maturidade apesar da pouca idade.
Era uma moça que gostava de ir à igreja, desde pequena influenciada pelos seus pais, principalmente pela mãe.

Ela e Guilherme eram os únicos filhos de Francisco e Ana. Ele tem uma empresa no ramo de segurança e é um homem bastante sério e reservado, mas um ótimo pai, já sua mãe Ana, trabalha na empresa com o marido, muito atenciosa com os filhos e esposo, sempre tem um kit de tapete em crochê para vender, ela era boa, fazia peças lindas, também era quem fazia a maioria das roupas de Milena e para ela mesma.

Milena havia terminado o ensino médio e queria cursar algo na área de comunicação para contragosto de seu pai, que queria que ela estudasse direito assim como Guilherme, ele havia aceitado cursar direito para alegrar ao pai, pois o que queria era educação física, levava a sério os estudos, porém sem muito entusiasmo.
Ela não era desobediente, mas não queria deixar-se influenciar profissionalmente, pois queria fazer algo que lhe desse algum prazer, se simpatizava com o jornalismo e era o que pretendia estudar.

- Vai sair hoje à noite, Gui? - perguntou Milena para o irmão ao passar pelo quarto dele e o ver fazendo abdominais no tapete.

- Não, faremos uma noite de cinema aqui! - respondeu fazendo esforço ao levantar as costas e voltar a deitar novamente sem parar.

- Faremos, quem? Já falou com a mamãe?

- A turma de sempre. A única exceção é o Cláudio, acho que você não o viu ainda, não sei se ele trará alguém e sim, mamãe está de acordo, por quê?

- Por nada. - levantou os ombros.

- Junte-se a nós! - ele parou a sessão de abdominais e ficou com os braços em volta das pernas.

- Vou à igreja, você não irá?

- Acredito que não, mas esperamos vocês chegarem para começarmos.

- Não sei, pode ser. - respondeu Milena sem muito interesse.

Não é que Milena não gostasse de coisas de jovens ou estar com eles, não gostava era da forma que muitos se comportavam, bebidas, drogas, sexo antes do casamento, embora que seu irmão e os amigos que andavam com ele eram até tranquilos, não se metiam em badernas, bebidas e drogas, ela não gostava muito de sair na maioria dos lugares que eles frequentavam.