Eu caí lá embaixo e machuquei um pouco os cotovelos, mas saí correndo e aproveitei que também estava na hora do jantar dos seguranças e passei pelo portão com facilidade. Poderia chamar Bernardo, mas precisava me distanciar urgentemente daquele local antes que me pegassem. Para minha sorte, eu não demorei a encontrar um táxi e fiz sinal para ele. Falei o endereço para onde eu iria e passei o caminho inteiro tentando não surtar, o medo faria mal ao meu bebê e eu tinha certeza de que ao lado de Lucero, eu estaria segura.
− Mocinha, chegamos.
Eu saí do meu transe ao ouvir a voz do taxista me chamando e me toquei de que não tinha dinheiro para pagá-lo.
− Eu posso buscar o dinheiro lá dentro? É que eu não tenho aqui. – eu falei sem graça.
− Estou vendo que você está nervosa. Faça o seguinte, essa corrida foi por minha conta. – o taxista sorriu.
− Obrigada. – eu forcei um sorriso.
− Não precisa agradecer. Agora vá, é perigoso uma moça como você e ainda mais grávida estar sozinha essas horas.
Eu assenti e desci do carro, entrando na casa da Lucero e batendo na porta. Ela não demorou a abrir e seus olhos marejaram ao me ver, então me joguei nos braços dela e desmoronei, soltando todas as minhas lágrimas.
− Nina, o que foi? – Lucero olhou todo o meu rosto e meu corpo, preocupada. – Venha. – ela me puxou para dentro e fechou a porta.
Nós nos sentamos no sofá ainda abraçadas enquanto Lucero passava a mão no meu cabelo devagar.
− Me perdoa. – eu solucei.
− Por que, meu amor? O que houve?
− Você estava certa, eu tive um motivo para querer me distanciar de você. – eu me levantei do colo de Lucero e enxuguei minhas lágrimas.
Lucero assentiu, ainda me olhando, confusa.
− Quando o meu pai descobriu sobre o bebê, ele me fez uma proposta. – eu engoli o seco. – Eu me afastaria de você e do Théo, em troca eu poderia ficar com meu filho. Do contrário, eu precisaria tirar a criança.
Eu aguardei alguns minutos para continuar enquanto Lucero olhava para o chão com a expressão chocada.
− Ele me proibiu de contar o motivo a você, me ameaçando de tirar o seu trabalho. Como eu poderia deixar isso acontecer? Você me disse várias vezes que aquela escola é sua vida.
− E era até conhecer você. – Lucero me olhou emocionada e segurou minha mão. – Você pode não ser minha filha de sangue, mas é do coração e uma mãe faz qualquer coisa pelo seu filho. Só que eu entendo, você quis proteger a mim e ao bebê. – ela colocou a outra mão na minha barriga e eu assenti.
− Só que hoje ele me chamou para jantarmos "em família". – eu fiz aspas com as mãos. – Eu estranhei, claro, ele nunca quis esse tipo de coisa sem que seja em um jantar de negócios. Mas resolvi ir e quando estava descendo, encontrei ele entregando algo para a empregada colocar no meu prato. Com certeza ele iria fazer mal ao meu filho. – eu voltei a chorar. – Só queria entender porque meu pai me odeia tanto.
− Não se importe mais com isso. – Lucero me abraçou. – Eu vou te proteger com minha vida se necessário.
− Mas você sabe que se eles quiserem podem me tirar de você porque eu sou menor de idade.
− Se você permitir, amanhã mesmo eu entro com um processo pedindo a sua guarda.
Eu olhei para Lucero, estática.
− Lucero, não! – eu me levantei e comecei a andar de um lado para o outro. – Você não imagina o quanto meu pai é mal e poderoso. Eu não quero que aconteça nada com você.
− Meu amor, nada vai acontecer. – Lucero se levantou e me abraçou. – O que eu mais quero é que você seja minha filha no papel também e quando isso acontecer, nada e nem ninguém vai poder nos separar de novo.
− Eu não sei, Lucero, eu tenho medo.
− Nós vamos cuidar uma da outra e do bebezinho. – Lucero segurou meu queixo e sorriu emocionada. – Apenas quero que você me aceite como sua mãe.
− Eu prometo que serei a melhor filha do mundo para você. – eu sorri com os olhos cheios de lágrimas.
Lucero me abraçou apertado e ali eu tive certeza de que nós seríamos as melhores uma para a outra e que enquanto o amor que nos unia existisse, seríamos indestrutíveis.
~ * ~
Agora sim Marina está no lugar certo <3
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Minha Querida Professora
Фанфик"Andava cabisbaixa entre as pessoas, queria ser invisível para todos até que eu a vi, caminhando graciosamente segurando seus livros para a sala de aula. Então ela sorriu e naquele momento, eu recebi mais amor do que já havia recebido em toda a minh...