HORAS DEPOIS
Nós acordamos assustadas com Rodrigo entrando novamente no quarto. Lucero se sentou rapidamente e me abraçou com força.
− Pelo visto comeram. – Rodrigo olhou para as marmitas com deboche.
− Quando vai acabar com tudo isso, Rodrigo? – eu suspirei.
− Eu já falei, quando uma de vocês duas morrerem.
− Para quê isso? Você vai se tornar um assassino e aí sim sua candidatura irá para o espaço.
− E quem disse que eu já não sou um assassino? – Rodrigo riu.
Lucero e eu nos encaramos, incrédulas.
− Sabe por que seu namoradinho não foi te encontrar? Porque eu precisei ter uma conversinha com ele antes. – Rodrigo riu novamente, apertando meu queixo.
Meu coração se despedaçou totalmente ao me dar conta do que Rodrigo queria dizer e as lágrimas já escorriam pelo meu rosto.
− Eu tinha cada passo dele cronometrado, mas infelizmente o moleque se isolou porque você não quis mais saber dele. Só que você ligou para falar sobre esse girino que você carrega e o idiota foi como um cachorrinho. – Rodrigo falava divertido enquanto eu chorava com as mãos nos ouvidos. – Viu como sempre estive certo quando te ensinei que não se deve ser bom para ninguém? O garoto... Théo, né? – ele me encarou ironicamente. – Deu carona para um homem desconhecido que supostamente estava com o carro quebrado e atrasado para o trabalho e aí que começa a melhor parte. – Rodrigo riu, mas eu o interrompi.
− Cala a boca, eu não quero ouvir mais nada. – eu solucei.
− Por quê? Agora é que se inicia a diversão. – Rodrigo gargalhou.
− Chega, Rodrigo. Você não vê que ela não pode passar por emoções fortes? – Lucero falou me abraçando.
− Pouco me importa se ela vai vomitar esse bastardo pela boca. – Rodrigo falou grosso e se voltou para mim. – Inicialmente ele achou que era um assalto, mas logo apareci para ele. Acredita que ele achou que eu estava preocupado com seu bem estar? – ele riu. – Eu ofereci dinheiro para ele se afastar de você e sabe o que escutei? "Meu amor não está à venda." – Rodrigo afinou a voz e fez aspas com as mãos. – Então não me restou alternativa a não ser mandá-lo para o inferno com passagem só de ida.
Rodrigo terminou de relatar com tanta naturalidade e diversão que me deu nojo. Eu chorava por imaginar o quanto Théo havia sofrido, pelo tanto de tempo em que perdi de estar ao seu lado quando deixei a cena que eu vi destruir a nossa relação e principalmente por saber que nós ainda tínhamos tanto para viver juntos.
− Você é um monstro, eu odeio você, odeio! – eu gritei e avancei em cima de Rodrigo.
Antes que eu batesse em Rodrigo, senti uma dor cortante e um líquido escorrer pelas minhas pernas. Meu corpo esmoreceu e eu fui segurada por Lucero que me deitou em seu colo no colchão.
− Rodrigo, nós temos que levá-la ao hospital. O bebê vai nascer. – Lucero falou desesperada enquanto me abanava.
− Se virem. – Rodrigo enfatizou e saiu, batendo a porta.
Eu fazia um esforço descomunal para me manter acordada, pois a dor era tão insuportável que eu me sentia zonza.
− Mãe, ele precisa nascer o quanto antes. – eu falei ofegante.
− Eu sei, minha vida, ele vai. – Lucero se levantou devagar e se abaixou em minha frente, levantando meu vestido e abaixando minha calcinha. – Eu preciso que você seja forte, ok?
Eu assenti e comecei a fazer forças enquanto chorava e gritava de tanta dor.
− Filha, quando vier a contração, você faz força.
Na hora que Lucero falou isso, a dor veio com força e eu fiz o que ela mandou. Mas de nada adiantava e eu só ficava mais cansada.
− Eu não aguento mais. – eu falei ofegante enquanto chorava.
− Aguenta sim, você precisa. É pelo seu menino, já está acabando.
Veio outra contração e eu voltei a fazer força enquanto Lucero pressionava minha barriga para baixo, provavelmente para ajudar nos movimentos. Até que senti algo deslizando em minhas pernas e Lu sorriu emocionada.
− Está vindo, meu amor. Seja forte.
Nós voltamos aos mesmos movimentos várias vezes até que senti uma dor mais forte que todas e o corpinho do meu filho deslizar de dentro de mim.
− Nasceu. – Lucero falou chorando e puxou o meu bebê que gritava a plenos pulmões, demonstrando saúde.
Lucero o entregou nos meus braços e eu chorei emocionada ao vê-lo de perto. Ele tinha os meus olhos e os meus cabelos, mas era a cópia perfeita de Théo. Eu imaginava o quanto ele ficaria feliz em ver o filho de perto.
− Minha vida. – eu falei encantada, agarrando o seu dedinho enquanto o bebê já havia parado de chorar e me olhava com os olhinhos arregalados. – Ele é a cara do Théo, mãe.
− Sim, meu amor. – Lucero sorriu.
Eu senti uma leve ardência na minha intimidade e Lucero me explicou que havia retirado a placenta, pois era o que fazia depois do parto para que não ocorressem infecções. Depois que ela me higienizou como podia, Rodrigo entrou no quarto e eu abracei mais forte meu filho, com medo e Lucero se levantou, ficando na nossa frente.
− Vejo que conseguiram se virar muito bem sozinhas. – Rodrigo ironizou. – Agora ande, me dê esse menino.
− Você não vai tirar ele daqui. – Lucero falou firme.
− Deixe de conversar besteiras. Saia da frente.
− Você só vai tirar essa criança da mãe por cima do meu cadáver. – Lucero falou pausadamente.
− Não seja por isso. – Rodrigo puxou uma arma da cintura e apontou para Lu, me assustando. – Vai sair da minha frente ou não? – ele perguntou entredentes.
− Não. – Lucero falou simples.
− Mãe... – eu falei com medo.
− Shhh, está tudo bem, querida. – Lucero me olhou rapidamente, mas logo voltou o olhar para Rodrigo. – Você pode fazer o que quiser comigo, mas deixe Marina e o bebê dela em paz.
− Nunca! – Rodrigo gritou. – Ela é a culpada de toda a minha desgraça e eu nunca vou deixá-la ser feliz com esse bastardo.
− Não deixe esse ódio lhe corroer mais do que já fez. – Lucero falou calma. – Quando isso aconteceu, Marina era uma criança e você sabe tanto quanto eu que ela não teve culpa alguma.
− Eu já me cansei dessa conversinha, saia!
Rodrigo puxou Lucero com brutalidade e tudo aconteceu em questão de segundos. Ela chutou a mão dele, fazendo a arma cair longe enquanto ambos se desequilibraram e caíram no chão.
~ * ~
Em meio a tantas coisas ruins, Lucero fez o parto do bebê e agora se sente mais forte do que nunca para lutar pelas pessoas que ama <3
Hoje entramos em reta final :(
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Minha Querida Professora
Fanfiction"Andava cabisbaixa entre as pessoas, queria ser invisível para todos até que eu a vi, caminhando graciosamente segurando seus livros para a sala de aula. Então ela sorriu e naquele momento, eu recebi mais amor do que já havia recebido em toda a minh...