Capítulo 22

101 16 2
                                    


Marina Narrando

Como dito, Lucero havia entrado com o pedido de adoção no dia seguinte e para minha sorte, meu pai ainda não tinha descoberto onde eu morava ou simplesmente não quis vir atrás de mim. Por ora, eu permanecia com minha professora até segunda ordem do juiz que trabalhava no caso, o que eu esperava que fosse positivo para o nosso lado. Depois de alguns dias, Lucero me aconselhou a conversar novamente com Théo, ainda que não ficássemos juntos, mas pelo nosso filho, era importante que tivéssemos uma boa relação. Apesar de ter tentado odiá-lo, eu não consegui e estava disposta a ajudar a descobrir o que realmente havia acontecido naquela manhã em que o encontrei beijando a Isabela. Eu andava de um lado para o outro esperando Théo que já devia ter chegado há horas enquanto Lucero me olhava, preocupada. Meu coração dizia que algo de ruim havia acontecido, pois ele nunca deixaria de vir sem me avisar.

− Nina... Querida, tenha paciência. Vai ver aconteceu um imprevisto e não deu para ele avisar.

− Mas nem ao menos ligar para me dar uma satisfação?

− Então liga você.

− Tá. – eu suspirei.

Eu peguei o celular e disquei três vezes para Théo, mas sempre chamava até cair a ligação.

− Não atende. – eu me sentei no sofá ao lado de Lucero.

− Espera, eu tenho uma ideia. – Lucero se levantou e correu para o quarto dela.

Lucero logo voltou carregando vários diários da escola e colocou na mesinha em frente ao sofá, voltando a se sentar.

− Essa semana eu me ofereci para ajudar a professora Tatiana de matemática a corrigir as provas dela e como você sabe, ela ensina ao Théo. Se dermos sorte, o telefone da casa dele está aqui, só precisamos procurar.

Eu assenti e começamos a ler todos os nomes possíveis com a letra T para encontrarmos o número de Théo. Já estávamos cansadas quando Lucero deu um pulo, me assustando.

− Achei! – Lucero gritou. – Pega o telefone. – ela balançou a mão.

Eu disquei o número e aguardei nervosamente enquanto chamava.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Alô? – uma mulher atendeu.

− Boa tarde, eu gostaria de falar com o Théo. – eu mordi o dedo, nervosa.

− O menino saiu para encontrar a namorada há horas e não disse quando volta. Quer deixar recado?

− Não, obrigada, até logo. – eu falei baixo.

FIM DA LIGAÇÃO

Eu voltei a me preocupar. Segundo a mulher, Théo havia saído há horas para encontrar a namorada e se ele não chegou, era porque havia outra mulher na história, quem sabe até a tal da Isabela que ele resolveu dar uma chance.

− E aí? – Lucero perguntou ansiosa.

− Ele saiu há horas para se encontrar com uma namorada. – eu suspirei, voltando a me sentar.

− O quê? – Lucero franziu o cenho.

− Já ouviu o ditado que para bom entendedor, meia palavra basta? – eu olhei para Lucero. – Se ele saiu para ver a namorada e não chegou, é porque a namorada em questão é outra.

− Não, Marina. – Lucero negou com a cabeça. – Você não pode tirar conclusões precipitadas. Com certeza aconteceu alguma coisa porque o maior sonho dele era que vocês pudessem conversar para resolverem logo o futuro de vocês. Vamos esperar mais um pouco.

Eu assenti e me deitei no colo dela. Assim se passou o dia, Lucero passou a maior parte dele me fazendo companhia e tentando me animar, só saiu do sofá para cozinhar e logo voltou para tentar me fazer comer nem que fosse à força.

− Ele não vem. – eu suspirei, me sentando.

− Eu insisto que deve ter acontecido alguma coisa. Ele não iria fazer nada sem avisar antes.

− Lucero, atrasos acontecem, mas por minutos ou horas. Se ele não avisou foi simplesmente por não querer.

− Eu não sei nem o que dizer. – Lucero abaixou a cabeça.

− Não há o que dizer. – eu falei com a voz embargada. – Eu fui feita de boba mais uma vez pelo homem que eu amo, o pai do meu filho.

Eu caí no choro e mais uma vez Lucero me segurou enquanto eu desmoronava. Mais uma vez ela provou ser a mãe que eu precisava na minha vida.

                                                                                                 ~ * ~

Théo não chegou ao encontro e Marina está pensando horrores dele, mas e quando ela souber o que aconteceu de verdade? :(

Minha Querida ProfessoraOnde histórias criam vida. Descubra agora