Capítulo 35

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HORAS DEPOIS

Acordei em um lugar que havia pouca luz, apenas a do sol que entrava pela janela. Eu percebi também que estava deitada em um colchão duro e imediatamente levei as mãos à minha barriga, respirando aliviada ao sentir o mesmo volume de sempre nela. Sentei-me ainda zonza e encontrei Lucero ainda desmaiada, sentada em uma cadeira com as mãos amarradas para trás.

− Mãe, por favor, não. – eu fui até Lucero e desamarrei suas mãos com dificuldade, logo voltando para frente e erguendo seu rosto. – Mãe, acorda, eu preciso de você. – eu comecei a chorar.

Lucero abriu os olhos aos poucos e meu coração se aliviou.

− Filha... – Lucero sussurrou.

− Shhh, fica quietinha. Eu estou aqui com você.

Eu estava preocupada pela pancada na cabeça de Lucero.

− Onde... Estamos?

− Eu não sei, mas logo vamos descobrir. Agora descanse para você melhorar.

Com muito custo, consegui deitar Lucero no colchão e me deitei no chão de lado, já que não caberia junto com ela por causa da minha barriga. Eu acariciei seu rosto até voltarmos a dormir aos poucos. Não sabia dizer quanto tempo depois acordei com Lucero tentando se levantar.

− Mãe, o que foi? – eu sentei, preocupada.

− Eu preciso caminhar um pouco. – Lucero começou a andar devagar.

− Eu vou te ajudar, vem. – me levantei.

Nós caminhamos calmamente pelo pequeno cubículo até que a porta se abriu e Rodrigo entrou devagar, com uma expressão tenebrosa. Lucero me colocou atrás dela, mas eu a abracei, ficando do seu lado.

− Felizes em me ver? – Rodrigo ironizou.

− O que você ainda quer, Rodrigo?! – eu perguntei.

− Eu não gosto de ser contrariado e foi isso que aconteceu naquele julgamento, então tive que fazer do meu jeito, filhinha. – Rodrigo ironizou.

− Por quê? – eu sussurrei. – Você me odeia desde que eu nasci. Por que não me deixa viver em paz?

− Porque você me tirou absolutamente tudo! – Rodrigo gritou e respirou fundo. – Sabe, menina, desde sempre você foi bastarda. – ele gargalhou. – Ninguém nunca quis te criar até aparecer essa professorazinha de meia tigela. – Rodrigo apontou Lucero com desprezo. – E nem assim você deixa de ser bastarda. – ele voltou a rir.

Lucero e eu nos encaramos confusas enquanto Rodrigo continuava a rir diabolicamente.

− Do que você está falando? Que história é essa? – eu perguntei sem entender.

− Por sua causa, eu perdi o meu filho legítimo. – Rodrigo começou a andar de um lado para o outro, transtornado. – Você nunca soube, mas eu vou te contar agora. Laura estava grávida de oito meses quando foi tomar um sorvete no parque e encontrou uma criança junto com a mãe. Essa mulher estava com a expressão transtornada e pediu para que Laura olhasse a menina enquanto ela procurava um banheiro. Mas essa mulher estava demorando demais e a criança se desesperou perguntando pela mãe, até que saiu correndo e para que um carro não a atingisse, Laura se jogou na frente e perdeu o meu filho. – ele segurou meu queixo com brutalidade. – Sabe quem era essa criança? Você. Ninguém nunca te quis, garota. Desde cedo você foi rejeitada pelos seus pais.

Eu chorava desesperada com as mãos na cabeça. Aquele homem era mais louco do que eu imaginava. Como pude pagar tão caro por algo de que não tive culpa?

− Ela não é rejeitada. – Lucero falou. – Marina é minha filha agora e eu posso dar todo o amor que nem essa tal mulher, você ou Laura deram.

− Porque você é uma assassina que nem ela, matou seu próprio filho. – Rodrigo apontou para Lucero.

− Cala a boca! Não coloca ela no meio das suas maldades, seu problema é comigo! – eu gritei enquanto Lucero se apertou a mim com as duas mãos nos ouvidos.

− Não grite comigo ou sua situação pode piorar. – Rodrigo falou firme. – Depois eu volto para conversarmos mais. – ele sorriu irônico e abriu a porta.

− Espera! – eu falei e Rodrigo me olhou sem soltar a porta. – Quanto tempo você vai nos deixar aqui?

− Até que uma das duas esteja morta. – Rodrigo sorriu malvado e saiu.

Lucero e eu nos abraçamos, chorando muito. Eu só precisava tirá-la dali junto com meu filho assim que ele nascesse, já que eu sentia que estava cada vez mais perto disso acontecer. O problema de Rodrigo era comigo, eles não tinham nada a ver e eu sabia que Lucero seria uma ótima mãe para o meu filho como era para mim.

                                                                                   ~ * ~

Agora vocês já sabem porque o Rodrigo odeia tanto a Marina :(

Minha Querida ProfessoraOnde histórias criam vida. Descubra agora