Capítulo 14

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Eu passei as horas seguintes trancada no porão, não fui ao teto por medo de subir as escadas sozinha e me sentir mal. Quando menos esperei, ouvi a porta se abrir e não me mexi, sabendo que era Lucero quem entrava e a sentindo me envolver em seus braços segundos depois.

− Como está se sentindo?

− Bem. – eu me ajeitei nos braços de Lucero, entrelaçando nossas mãos.

Nós ficamos em silêncio até eu falar novamente.

− Te devo uma explicação, não é? – eu olhei para cima querendo encontrar os olhos de Lucero.

− Quando você quiser, anjo, não quero lhe pressionar.

− Eu sei. – eu suspirei, voltando a olhar para frente. – Terminei com o Théo.

− Ele realmente assumiu que ficou com a tal da Isabela?

− E precisava assumir algo depois de ter visto o que eu vi? – eu ri irônica.

− Ela pode muito bem ter o beijado à força. – Lucero deu de ombros.

− Foi exatamente o que ele disse. – eu me sentei, virando de frente para Lucero. – Mas eu não acreditei. Até parece que uma menina conseguiria atacar um garoto daquele tamanho.

− Quando se é pego de surpresa, não tem como reagir.

− Mas também o fiz pensar que não me importei com o que vi.

− Como? – Lucero me olhou, confusa.

− Eu disse que nunca o amei de verdade e que para mim, ele foi só um passatempo. – eu falei com os olhos marejados.

− Por que fez isso, Marina?! – Lucero arregalou os olhos.

− Porque eu estou cansada de ser humilhada por tanta gente. – eu me levantei e cruzei os braços, ficando de costas para Lucero. – Agora as pessoas vão saber o quanto dói ser enganada.

− Você sabe que essa não é a solução. – Lucero se levantou e ficou atrás de mim. – Nós não devemos pagar o mal com o mal, isso só faria a gente se tornar como essas pessoas.

− É que eu não entendo porque não nasci para ser amada. – eu me virei para Lucero, deixando as lágrimas caírem. – Primeiro foram meus pais, nunca me demonstraram nem um pouco de amor. Agora o Théo que resolveu brincar comigo e ainda me deixou com uma criança que eu nem sei como vou criar, mas que ao mesmo tempo é tudo o que eu tenho.

− Oh meu Deus, não, meu amor. – Lucero me puxou para seus braços e me apertou enquanto eu soluçava. – Você sempre terá a mim. Eu já prometi que nunca vou te deixar sozinha porque você também é tudo que eu tenho.

Eu chorei por vários minutos enquanto Lucero acariciava meu cabelo e sussurrava palavras de carinho para me acalmar. Quando enfim me controlei, voltamos a sentar na mesma posição de antes.

− E você contou para ele sobre o bebê? – Lucero perguntou.

− Não e nem pretendo. – eu suspirei. – Não quero correr o risco dele me mandar tirar o meu filho.

− Você acha mesmo que Théo seria capaz disso?

− Eu não duvido mais de nada que venha dele, Lu.

− Eu entendo, apesar de não concordar. – Lucero enfatizou. – Ainda acho que essa história com a Isabela está muito mal contada.

− Não quero falar disso, por favor. – eu olhei a hora no relógio do seu braço. – Precisamos ir, o Bê já deve ter chegado.

− É, tem razão. – Lucero assentiu.

Nós nos levantamos e saímos sorrateiramente. Como previsto, Bernardo já esperava e Lucero me levou até o carro, cumprimentando meu motorista que já a adorava desde que a conheceu. Lu se despediu de mim com um beijo no rosto e um "eu te amo", indo para o próprio carro.

− Ela cuida tanto de você, não é, Nina? – Bernardo perguntou enquanto dirigia para fora do estacionamento e olhávamos para Lucero pelo retrovisor dirigindo calmamente atrás do nosso carro.

− Como uma mãe cuida de um filho. – eu suspirei sorrindo.

                                                                                     ~ * ~

Mas as coisas até que estão calmas ultimamente, né? :(

Minha Querida ProfessoraOnde histórias criam vida. Descubra agora