Ressaca.

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Yohanna chegou em casa por volta das cinco da manhã, levemente bêbada, e um tanto chapada, ela ria sozinha, pela noite incrível que havia tido na praia, e o que a animava ainda mais era o beijo que havia conseguido roubar de Pietra, num momento que elas trocavam o baseado para um lado e outro, o clima acabou rolando, quando perceberam, já haviam se beijado, e riam animadamente daquilo, até porque a atração era mútua.
Após trancar a porta do apartamento, a dos olhos verdes deixou o violão sobre o sofá da sala e os tênis largados no tapete, subindo as escadas de maneira desajeitada, indo direto para o banheiro do segundo andar. Quando se lembrou de trancar a porta, já estava quase sem roupa, e agradeceu mentalmente por Amélie não ter aparecido em momento algum, já que estava bêbada, e diria alguma besteira a colega de apartamento.
Terminou de se livrar de suas roupas, colocando direto no cesto, já que as peças estavam cheias de areia, além de um pouco de bebida derramada sobre a camisa. Pobre Lucca, perdia todo seu guarda-roupa para Yohanna, mas estava acostumado.
Após um bom tempo com a água quase gelada correndo por seu corpo, e os cabelos molhados, a garota desligou o chuveiro, pegando sua toalha, para secar o que conseguia, e logo depois a enrolar no corpo de qualquer jeito, tendo tempo apenas para escovar os dentes sem muita calma.
Seu caminho para o quarto foi lento, novamente Amy não parecia estar em casa, mas ela não se preocupou muito, pelo que havia lido no celular dela, ainda na aula, ela estava em boas mãos... Ao se lembrar do momento mais cedo, acabou por cair novamente em risadas descontroladas, causadas tanto por estar alterada, quanto pelo assunto.
Já em seu quarto, ela não perdeu muito tempo, pendurou a toalha atrás da porta, já a fechando e trancando, com certeza acordaria de ressaca, então só se preocupou em vestir uma calcinha qualquer e um conjunto de pijama quase infantil. A única coisa que quebrava a pose de "má" da garota eram seus pijamas com bichinhos e frases fofas, que às vezes as faziam rir.
Se jogou na cama e pegou o celular, analisando algumas mensagens, não se preocupando em responder naquele momento, já que o cansaço e o sono começavam a bater, e o dia já havia amanhecido quase completamente. Jogou o celular sobre a cama, ligando o ventilador no interruptor perto da cama, já apagando a luz e se permitindo levar por um sono pesado, claramente causado pela festinha a quatro na beira da praia.

No dia seguinte, como não precisava se preocupar em acordar cedo, simplesmente ignorou seu alarme e voltou a dormir com o rosto afundado no travesseiro, deixando que o sono a levasse, até umas três da tarde tranquilamente. Só acordou por conta de seu celular tocando levemente descontrolado, ao lado do travesseiro, ela queria o jogar pela janela, mas acabou concluindo que a melhor decisão seria atender mesmo, respirou fundo, e instantes depois soltou todo o ar.

— Alô? - questionou a quem estava do outro lado da linha e não dizia nada. - boa tarde? - questionou novamente.

Frustrada e sem resposta, ela desligou o celular na cara do indivíduo, julgando que, muito provavelmente, era ou a operadora de seu celular, ou alguém que realmente não estava precisando conversar. Rolou na cama por mais alguns minutos, até se sentar sobre a mesma, espreguiçando seu corpo e bocejando logo depois, já aproveitando para estralar as costas e, naquele momento, sua cabeça doeu, ressaca.
Ela revirou os olhos, negando aquilo e repetindo "por que?" diversas vezes mentalmente, se odiando por ter bebido tanto, mas havia sido divertido, não valia a pena se culpar, apenas levantar da cama e tomar café e muita água, para que, aos poucos, aquilo melhorasse, e foi o que fez.
Pegou seu celular, levantando-se da cama, e nem se preocupando em colocar chinelos, de pijama mesmo partiu para o primeiro andar, dando de cara com Amélie, que estava com uma cara tão bonita quanto a sua.

— Bom dia, sumida! - comentou sonolenta, indo direto até a máquina de fazer café. - aonde passou a noite? - questionou. - ou melhor, com quem? - a desafiou com o olhar.

— Boa tarde, né Yohanna, vejo que você também não dormiu a noite toda em casa! - a voz da garota era um tanto aguda, mas não chegava a irritar. - E eu não estava... Com ninguém. - ela pareceu pensar para responder.

— Eu curti a noite com uns amigos na praia, mas dormi aqui sim! - respondeu, distraída, colocando as capsulas de café forte na máquina, apoiando sua caneca onde deveria e apertando o botão para o café começar a ser feito - mas você, não anda passando as noites aqui! - ela só queria saber com quem Amy andava, na verdade já desconfiava.

Amélie a alguns dias dormia fora, aparecia de cabelos bagunçados, e não muito arrumada, isso quando não ia direto da casa do ser misterioso para o colégio, e aquilo estava deixando Yohanna curiosa. Por mais que suspeitasse de alguém, ainda mais que a garota dos cabelos louros e pouca altura parecia fazer de tudo para esconder com quem saia.

— Eu tô saindo com um carinha, mas não te interessa! - ela se condenou, arrumando o próprio cabelo.

— Eu ainda não esqueci das mensagens que vi meio por cima no seu celular, me diz a verdade, você ta de caso com o professor Ruan? Justo com ele? - questionou, subindo levemente o tom de voz.

— Jamais... - ela parecia estar mentindo, sem dúvidas a mensagem do professor que ela havia visto, dizendo que "Amélie estava linda" não era só uma mensagem qualquer.

— Vou fingir que acredito... Assim você fica em paz! Você não me conta nada ultimamente, e depois diz que somos amigas... - talvez ela tivesse ficado um tanto magoada.

Apenas pegou a caneca com o café pronto, colocou açúcar o suficiente, e traçou seu caminho de volta para o quarto, sem dar espaço para Amélie dizer algo, ela realmente queria tentar uma amizade, mas, não era o que a loura queria. Então, desde que não fosse despejada, Yohanna não se esforçaria mais pra essa amizade.
Levou a caneca de café a boca, tomando uma pequena parte, e se lembrando da professora de inglês, o que a fez sorrir, e caminhar até sua mochila da escola.
Ela nunca imaginou que abriria o caderno por prazer, querendo encontrar o número da professora, para falar das séries, ou talvez puxar assunto.
Ao encontrar o número, escrito em caneta roxa, na borda da folha de uma das páginas de inglês, novamente ela sorriu, se lembrando da aula, e da pequena professora, negando com a cabeça, e digitando "Leonie" e colocando um emoji de livrinho, para lembrar que era a professora, não que ela tivesse um nome comum, suspirou baixinho ao que a foto apareceu no whatsapp, e precisou começar a pensar, se deveria puxar algum assunto, se deveria dizer apenas oi e que era a aluna, ou o que dizer... De alguma forma, Yohanna estava... Confusa?

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Me desculpem pela demora, prometo melhorar isso em breve... Obrigada por lerem, favoritem e comentem!

Desencontros Marcados - HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora