SCOTT
— Isso tá muito estranho. — coloquei o telefone de volta ao gancho.
— Ele realmente não atende mais o telefone, não é? — Amanda perguntou.
— Não, amor. Não sei porque... — cocei o queixo, pensando.
— Acha que ele ficou com aquela ideia doida de novo de deixar todo o passado em Denver pra trás e agora tá ignorando a gente?
— Talvez seja... Mas ele me prometeu.
— Te prometeu o quê, amor? — ela chegou perto de mim e apoiou a mão no meu ombro.
— Ele prometeu que nunca mais deixaria de falar comigo. Tenho medo de que tenha acontecido alguma coisa com ele. — olhei sério pra Amanda.
— Bom, você acha que é uma boa ideia ir até a casa dele, então?
— Vou pensar nisso...
HARRISON
Os dias foram passando lentamente. Chovia muito e eu não fazia nada. Não entrei mais em contato com os meus quatro alunos que restavam das aulas particulares. Eles poderiam achar um professor ou professora melhor que eu. Não faria falta a eles. Talvez eu não fizesse falta a ninguém.
Certo dia o porteiro ligou para o interfone do apartamento e perguntou se Jack poderia subir. Ordenei que não o deixasse subir nem hoje e nem nunca mais. Graças a Deus ele me ouviu e até hoje não sei se ele voltou, porque esse porteiro não me comunicou mais nada.
Todo dia o telefone tocava várias vezes. Poderia ser alguém querendo vender um produto, cobrar um boleto que não estava pago, quem sabe algum aluno meu das aulas particulares querendo saber notícias? Assim como poderia ser Jack ou Scott. Eu não queria falar com ninguém, de qualquer forma, então desde o dia que peguei Jack me traindo e acabei tudo entre nós, eu não atendi mais nenhuma chamada telefone.
Eu não tinha mais forças. Não tinha mais energia alguma. Estava cansado, farto, exausto. Toda palavra relativa a isso que eu possa imaginar me representaria agora. Acabado, destruído, o que for.
Eu sabia das consequências que viriam. Eu não estava trabalhando, parei de tentar alguma vaga de emprego, ou seja, não distribuí mais currículos. Eu não saia mais de casa. Tudo o que eu fazia era ficar deitado na cama ou no sofá, viajando nos meus pensamentos, filosofias, memórias e preocupações com o futuro. Não passava disso.
Ah, às vezes ligava a TV e me distraia um pouco com algum programa, ou pelo menos com o som que ela fazia de fundo.
Me alimentava porque meu corpo pedia isso. Era só de vez em quando, de qualquer forma. Na maior parte dos dias eu só fazia uma refeição. Em outros dias eram duas refeições no máximo. Com isso tudo, acabei emagrecendo.
Todo o sentimento deprimido e triste estava me afetando bastante conforme o passar dos dias, mas eu já estava até me acostumando. Era como se eu estivesse me entregando a vida. Era isso o que ela tinha a me oferecer? Só coisas dando errado, só dor e machucados? Obrigado, então, se é isso o que tem pra me dar. Vou aceitar. Não vou mais lutar, eu cansei.
A vontade que eu tinha era de fugir de tudo. Do mundo, das pessoas, do sofrimento.
Então, peguei um pote de sorvete que tinha comprado há muito tempo atrás e comecei a comer enquanto assistia Os Simpsons na TV.
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Quando o amor é pra sempre (Romance Gay)
Romance(COMPLETO E REVISADO) No ano de 1989, em Denver, Colorado - Estados Unidos, Harrison é um garoto de 18 anos que nunca se relacionou com ninguém por ter dificuldades de entender sua sexualidade. Se sentindo completamente confuso, a situação só piora...