30 - Não vou desistir de você

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HARRISON

Mais dias dessa tortura se passaram e nada mudava.

Trabalho, correção de exercícios e provas, noites mal dormidas no hospital e lágrimas de dor diárias. 

Em um dia ou outro, Robin conseguiu me convencer a sair com ela para um pub, um bar... Ou até mesmo para assistirmos algum filme em sua casa. Durante esses momentos, de qualquer forma, eu não conseguia me distrair muito. Minha mente permanecia preocupada com Scott e sentindo sua falta. Eu sentia a necessidade de estar ali, perto dele. Sentia que ele precisava de mim, da minha esperança e da minha energia, ainda mais depois de todos perderem as esperanças nele. 

Comentei isso com o psiquiatra que me consultava e ele me recomendou tentar dormir uma noite no motel, pelo menos. O obedeci, afinal, o médico de Scott, Robin e Nathalia me aconselhavam o mesmo. 

Mas foi pior ainda... Não consegui dormir um minuto sequer. 

No dia seguinte, era domingo. Consegui dormir a tarde toda na poltrona ao lado da cama de Scott. 

Certo dia, o médico me disse que nunca havia visto alguém ficar tantos dias e tantas noites seguidas com algum paciente no leito do hospital, principalmente em coma. Eu não ligava para os sacrifícios, eu só queria estar com ele e vê-lo acordando logo... 

Eu falava com Nathalia normalmente, mas de forma um pouco forçada depois que ela me falou sobre aquela possibilidade horrível de desligar as máquinas que mantinham Scott vivo. 

Eu sentia uma preocupação e tristeza enorme, mas no fundo procurava entender a dor que ela, como irmã, também sentia. 

Amanda nunca me surpreendeu tanto. Ela realmente aparentava não estar nem ligando para Scott e já nem me cumprimentava mais nos corredores. Acredito que o rancor e o ódio, quando permitidos, podem dominar um coração bom de uma forma que ninguém nem pudesse imaginar. 

E mais um dia eu chegava ao hospital... 

Talvez estivesse fadado a isso? Acompanhar pessoas em seu leito de morte?

A vida já tirou o meu pai de mim e pouco tempo depois, quando reencontrei o meu amor, ela quer tirá-lo de mim também? Que tipo de ser humano eu e Scott éramos pra sofrermos tanto assim? 

— Oi, Scott... — sorri ao entrar na sala, jogando o meu corpo na poltrona. — Senti sua falta. 

Toquei a sua mão e a acariciei. 

— Sabe... Ninguém mais acredita em mim, ou em você. Acham que eu sou ingênuo ou louco, mas... — mexi no cabelo dele delicadamente. — Eu sei que você vai voltar pra nós. Sei que você vai acordar. Eu sigo esperando todos os dias pacientemente. Vou estar sempre esperando por você. 

Então, inclinei meu corpo pra frente e repousei um beijo em sua testa.

ALGUM DIA EM 1988

SCOTT

Depois de tomar banho no vestiário, saí de lá chacoalhando a cabeça para secar o cabelo e fui até a arquibancada me sentar perto dos meus amigos. 

Estávamos conversando quando de repente o nerd se aproximou de nós.

— Ih, o que ele quer de nós? — Thomas ergueu uma sobrancelha enquanto nos entreolhou e começou a rir. 

Quando o amor é pra sempre (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora