Capítulo 17

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Ully

- O que estamos fazendo aqui?

Pergunto ainda confusa com aquela situação. Patch me acordou de um sonho tão bom e me levou para esse lugar que parece um local abandonado. Um castelo em ruínas talvez,nao sei dizer nem aonde estamos no momento. Faille está em casa para dar proteção a minha família.

- Nós estámos aqui porque você precisa aprender a lutar. A se controlar mais. Primeira lição: controle as suas emoções. Suas emoções são um forte caminho para seus dons,se você estiver descontrolada eles também estarão. Como aquela vez que você desapareceu na cozinha,ficando invisível.

- Foi um acidente.

- Foi por causa das suas emoções. Não estou dizendo que não deve te-las nem reprimi-las mas deve controla-las. Vamos fazer um pequeno teste. Ully,tente quebrar esse pedaço da parede. Dê um soco e vê o que acontece.

Olho para a parede em questão. É impossível,não tenho essa força.

- Não consigo.

- Como sabe que não consegue se nem tentou? Vamos lá. De um soco forte,não se preocupe você irá se curar bem rápido. Nós não sangramos mas como você é nephilim precisamos saber quais serão os efeitos.

- Tudo bem mas tenho um meio mais fácil pra isso.  Que não envolva quebrar minha mão no processo.

Tiro um grampo do cabelo e o aperto  no meu dedo indicador até fazer um furo. Espero sair alguma coisa mas não sai nada. Eu não sangro?

- Incrível. Nem parece que você é metade mortal. Você não sangra. Isso é bom e ruim.

- Porque ruim?

- Porque você será vista como uma ameaça maior a todos mas também é bom,porque significa que é bem mais forte do que pensei.

- Ok,vou tentar socar a parede.

Ele concorda com a cabeça. Respiro fundo e fecho os punhos,que piada eu nunca fiz mal a uma mosca. Nunca dei um soco em ninguém. Bem,não para valher. Isso vai ser...interessante. Dou um soco o mais forte que eu posso e observo a parede amaçar como se fosse um simples papel. Fico olhando para ela sem conseguir piscar. Eu fiz isso? Minha nossa.

- Muito bom mas poderia ter sido melhor,seu soco não foi forte o suficiente para derrubar a parede. Um pouco fraco.

- Fraco? Então o que eu devo...

- Olhe para parede e não para mim, é ela quem você quer atacar. Vamos Ully,não seja uma fraca.

- Eu não sou!

- Então prove! Quebre essa parede ou você acha que não consegue? Pode pensar em alguma coisa se quiser,alguma coisa que te deixe com raiva. Não gosta que te chamem de fraca? Não demonstre ser uma.

- Para! - Dou um soco tão forte na parede que a minha mão afunda nela e todo o cômodo estremece.

-Viu só? Você não consegue controlar suas emoções. Foi só eu dizer algumas palavras e você quase jogou abaixo esse edifício em cima de nós.

- Você quem pediu. - digo me defendendo.

- Era um teste e você não passou. Ully,independe do que dirão a você e do quanto você estiver triste ou magoada,você nunca poderá perder o controle,ainda mais na frente dos mortais. 

Ele estava só querendo me ajudar e eu deveria aprender com ele se quisesse saber como sobreviver daqui por diante,não só em segurança na terra como em segurança também dos seres celestiais que não gostam de mim. Me vêem como uma ameaça. Se eu provar que não sou,irão me deixar em paz e tudo poderá voltara ao normal. Eu espero.  Patch a cada vez me ensinava coisas novas,dons que eu nem sabia que tinha,como controla-los e como deveria usa-los apenas se fosse muito necessário. Como em uma questão de vida ou morte. Incrível como minha vida mudou de apenas tristeza para loucura total com seres celestias. Algumas vezes eu treinava com Faille,era uma ótima professora e queria me ajudar também. Patch e eu ainda não contamos para ela sobre Minhas asas que estão crescendo a cada dia. Toda manhã que eu acordo corro para o banheiro para ver como ela está,sempre cresce. Isso me assusta,caramba eu estou mesmo virando um anjo como Patch,Faille e Candriel. Um anjo,bem metade anjo. Apesar de eu não saber se ainda ter uma parte humana mude alguma coisa nisso,já que estou me mostrando tão parecida com os outros. Tenho notado Patch e Faille muito calados,sei que tem algo acontecendo mas como já sei que eles só vão me falar quando decidirem nem tento descobrir o que é.

Ir pra escola está se tornando cada dia mais sem sentido,sempre me sinto como uma intrusa ali apesar de achar bom e saudável eu ter coisas humanas para me preocupar. Como por exemplo,a semana de provas que está se aproximando. Por mais estranho que possa parecer,estou muito bem para estudar apesar de tudo o que vem acontecendo. Me sinto mais mente aberta,ando aprendendo as coisas com mais facilidade do que deveria? É estranho,porém bem vindo. 

- O que está fazendo? - pergunta Patch ao me ver virando na direção oposta da minha casa. Vou para um canto qualquer por causa dos carros e paro em sua frente.

- Vi minhas asas hoje de manhã. Elas...cresceram bastante. Acho que já dá pra mim...tentar voar.

- Sério? Porque não me disse que já estavam completas? Isso foi bem mais rápido do que o esperado. Consegue fazer aquilo? - assinto e me torno invisível aos olhos mortais. Tiro a blusa da escola e fico com uma aberta nas costas que eu pus por baixo. Abro minhas asas brancas. Patch fica olhando elas.

- São perfeitas,Ully. Você fica tão linda assim. - O encaro. - Quero dizer...linda...lindas...elas são lindas.

Solto um suspiro e as fecho de novo,ouvindo o barulho de um leque se fechando.

- Patch,eu quero te fazer uma pergunta a um tempo e eu quero que você seja muito sincero,por favor.

Ele me encara sério.

- Pode falar.

- As vezes... você me da umá impressão de que se importa comigo e eu sei que sim mas não só assim. Bem,eu vou entender se você disser que estou ficando louca mas...Você sente algo por mim? E por favor,apenas responda com sim ou não em português. - ele sorri de lado.

Fico o olhando esperando uma resposta,ele olha para o chão por um momento e depois me encara de novo,uma de suas mãos vão para a minha bochecha e permanecem lá enquanto suas íris negras se concentram nas minhas.

- Sim.

Se faz silêncio,ficamos parados ali no meio da rua apenas nos encarando e absorvendo o que acabamos de fazer. Achei que ele não diria mais nada mas diz:

- Eu gosto de você,Ully mas nós não podemos ficar juntos,mesmo que eu queira. Mesmo que eu queira muito.

Sua confissão me deixou sem ar por um tempo,como era difícil ter ele tão perto e não poder fazer o que eu queria. Não poder toca-lo como eu queria.

- Porque não?

Ele suspira e passa as mãos pelos meus cabelos.

- Anjos e nephilins não podem ficar juntos,assim como mortais e anjos tambem não devem. É a lei.

- É uma lei estúpida. Porque isso?

Ele sorri.

- Porque dos anjos e Nephilins,assim como dos mortais com eles,podem nascer outros nephilins.

Eu sinto meu rosto esquentar automaticamente.

- Ah,então é por isso.

Ele assente.

- Mas nós não vamos...

- Mesmo assim. Não é permitido. Eu queria muito poder mudar isso,porque realmente Ully,eu te admiro muito e gosto de você.

- Mas não podemos desobedecer a Deus.

- Sim. O que aconteceria com você se isso acontecesse?

- Se ficássemos juntos?

- É.

- Eu cairia,arrancariam minhas asas,viveria como um exilado.

- Melhor não arriscar então.

Dou um sorriso forçado.

- Eu não estou preocupado comigo,Ully. Se fosse só isso,eu já teria...mas não é. Você também seria punida e não quero que nada aconteça a você.

- Tudo bem,foi uma idéia idiota mesmo. A última coisa que eu quero é que você sofra por minha causa.

- Sua idéia foi tudo,menos idiota. Vem cá.

Ficamos abraçados e eu nem notei o tempo passar. Não notei nada. Patch e eu nunca poderíamos ficar juntos,era contra a lei e ele poderia sofrer as consequências. Não poderia fazer isso com ele depois de tudo o que fez por mim. Deveria não ser egoísta uma vez na vida e deixar isso para lá.

- Você estar aqui já é bom o bastante pra mim.

Dou um beijo em sua bochecha e ele sorri e que sorriso era aquele.





PATCH Vol.1(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora