Capítulo 6

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Patch

Finalmente hoje é o dia que eu vou voltar para o céu e poderei ver ela de novo. Assim que pouso no céu vou direto ver como ela está, como está tudo por lá mas Faille me para pondo a mão no meu peito.

- Eu sei o que vai fazer e acho que isso não está te fazendo bem. Você nunca quebrou nenhuma regra antes e por causa dessa mortal você foi exilado. Isso precisa parar,Patch. - diz ela cruzando os braços.

- Eu só vou ver se ela está bem. - digo mas sei que não é verdade,eu iria ver ela de novo,eu prometi a ela. Ignorando Faille,olho para terra e logo a localizo. Lá está ela,está conversando com o tio sobre alguma coisa. Os cabelos loiros estão soltos como de costume e ela faz uns gestos com as mãos enquanto fala.

- Candriel está preocupado. - Faille insiste.

- Candriel está sempre preocupado. - digo ainda com os olhos na terra.

- Tudo bem,você não quer me ouvir mas tenha em mente que dessa vez foi exílio mas e da próxima? Você pode cair por isso. Sabe disso,não é?

- Eu sei,Faille. - digo somente,ela resmunga alguma coisa e vai embora me deixando sozinho em meus próprios pensamentos. Faille tem razão mas não importa. Eu iria ver ela e ponto. Eu só podia estar ficando louco. Bato as asas e vôo para onde eu ansiei em todos esses meses.

Estou invisível aos olhos humanos no momento esperando ela acabar de conversar com o tio e ficar sozinha para mim poder aparecer. Fico o tempo todo a absorvendo,a maneira como ela sorri,a maneira como joga os cabelos claros sobre os ombros,finalmente ela caminha até o banheiro eu já ia entrar atrás dela mas me lembro que o banheiro é um ligar íntimo dos humanos,bem eu nunca usei um,eu não preciso mas acredito que ela vá querer um pouco de privacidade. Espero pacientemente ela sair e a sigo até o quarto. Vejo ela pegando um livro sobre a cômoda e se sentar na cama que afunda com seu peso,ela abre o livro na página marcada e decido que é hora de aparecer. Ela leva um susto comigo e deixa o livro cair no chão,fazendo barulho. Me olha com os olhos arregalados de surpresa e descrença.

- Olá. - digo simplesmente e ela levanta da cama quase em câmera lenta como se estivesse com medo de me assustar ou algo do tipo.

- Você é real. - diz ainda em descrença.

- Sou. - respondo abrindo um sorriso. Me assusto quando ela vem até mim e começa a me dar vários tapas pelo corpo.

- Seu anjo de araque! Você disse que voltaria para mim e me deixou acreditar que aquilo tudo havia sido um sonho ou pior que eu estava ficando louca! - ela continua a me bater e eu seguro suas mãos as prendendo.

- Foi mal. Eu estive...- sendo torturado todos esses últimos meses,é claro que eu não diria isso pra ela. - ocupado. - termino.

- OCUPADO?! - Ela grita e solta uma risadinha. - Tudo bem,eu só não fico com mais raiva ainda porque estou muito contente em te ver. Eu achei que tudo não havia passado de coisas da minha mente mas você está aqui. - diz ela tocando meus braços como se estivesse testando que não era uma ilusão. Alguém bate na porta nos assustando.

- Ully! Está tudo bem por aí? Escutei você gritando. - diz seu tio a voz abafada do outro lado da porta. - ela me olha como se dissesse e agora? E eu apenas nego com a cabeça. Ela entende.

- Não foi nada tio! Não se preocupe,eu apenas estou vendo uma série muito boa! - vejo ela com a expressão de quem está pensando. - Scream! -  termina.

- Ah,então tudo bem. O almoço está quase pronto. - ouço seus passos indo embora.

- Eu não posso contar pra eles sobre você? -  pergunta.

- Não,ninguém pode saber sobre mim,Ully. - digo falando sério.

- Onde estão suas asas? - pergunta olhando para trás de mim.

- Estão aqui,eu só não estou com elas abertas. - explico sorrindo com sua ingenuidade.

- Tudo bem mas os outros vão achar que eu sou maluca se me virem falando com o nada. Já que você está aqui vamos ver Siren juntos. - ela sorri e pega minha mão me puxando para a sua cama e pegando o laptop da mesa do lado da cama. Eu fiquei meio desconfortável no início por ficar tão perto dela assim mas logo comecei a relaxar e a série também não era das piores. Ela ficava me atualizando sobre as coisas que perdi e eu apenas assentia com a cabeça tentando acompanhar a história. Logo nós dois começamos a falar da série e eu realmente gostei de passar aquele tempo com ela.

- Porque você me salvou? - ela diz de repente enquanto eu ainda estava com os olhos na pequena tela.

- Eu não gostei de ver você sofrendo e eu queria poder te ajudar de alguma forma,eu apenas não podia deixar você morrer assim. - ela fica em silêncio durante todo o próximo episódio e finalmente diz.

- Obrigada. - Nossos olhares se encontram e vejo os mais lindos pares de olhos esmeraldas me fitando.

- Você não tem do que me agradecer. - digo dando de ombros e voltando a prestar atenção na série que estava passando mas ainda sentia seu olhar sobre mim.

- Eu não consigo entender você mas eu gosto da sua companhia. - ela diz me fazendo abrir um sorriso. Bem,somos dois. Eu não sei por quanto tempo ficamos lá assistindo  séries no laptop mas sei que eu adorei cada segundo. Ela acaba dormindo e percebo que ela nem comeu. Fico a observando dormir e dou um beijo em sua testa em despedida. Não posso ficar muito tempo fora do céu ou o Pai vai sentir minha falta. Levanto da cama mas acabo fazendo barulho no processo e ela abre os olhos,se sentando imediatamente quando me vê de pé.

- Você já vai? - pergunta claramente triste.

- Sim,eu não posso ficar muito tempo,você devia comer alguma coisa. Se esqueceu de ir almoçar. - aviso.

- Você vai voltar,não vai? - ela pergunta preocupada.

- Eu volto. - disse e ela assente com a cabeça voltando a se deitar.

- Não demore muito. - ela diz com as pálpebras já se fechando.

- Pode deixar. - respondo mesmo sem ela poder me ouvir.

Eu não pretendo ficar longe de você mais do que o necessário.

Pelo menos não pela minha vontade. Eu teria de ser muito cuidadoso,não sei o que séria de mim se o Pai descobrisse.

Vale a pena.

PATCH Vol.1(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora