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"Como vai a vida, me diga, como vai a sua família?
Eu não os vejo faz um tempo
Você esteve bem, mais ocupado do que nunca
Nós jogamos conversa fora, falamos sobre o trabalho e o clima."
BACK TO DECEMBER — TAYLOR SWIFT

Madison não conseguia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo.

Não é como se ela pudesse dizer "quem diria que isso aconteceria comigo?", na verdade. Madison era uma exímia colecionadora de situações adversas e peculiares, e uma nevasca com certeza não se encaixava na última definição.

A falta de sorte, porém, consistia na sua localização: ela estava fazendo compras de última hora para curtir um filme de Natal qualquer com Beverly antes de sua viagem quando o gerente da loja anunciou nos alto-falantes que eles não sairiam dali tão cedo.

A Filadélfia sempre podia surpreender e, em pleno início de dezembro, a neve caíra tão rápido que os funcionários do supermercado não conseguiram evitar que as estradas de saída ficassem totalmente obstruídas. Demoraria cerca de duas horas, o gerente dissera, para que fosse seguro sair.

Justamente as duas do filme. Era inacreditável que aquela neve toda esperasse somente sua chegada ao supermercado para cair! Ao menos dessa vez sei que você não vai me dar o bolo, Mads, Beverly, sua vizinha e melhor amiga, comentara aos risos quando ela saiu de casa.

Madison soltou uma risada sem humor, mesmo que isso fizesse com que as pessoas ao redor levantassem as sobrancelhas em estranhamento. Que achassem que ela era louca por rir sozinha. Aquele era o menor de seus problemas.

Ela tirou o celular da bolsa, se atrapalhando com os mil e um objetos lá dentro. Precisava urgentemente de aplicar a organização meticulosa de seu apartamento aos seus acessórios. O suficiente para montar uma casa poderia ser encontrado neles.

Abrindo o aplicativo de conversas com um pouco de dificuldade, já que segurava celular e barra de chocolate com a mesma mão, ela selecionou a conversa com Beverly e respirou fundo antes de digitar.

Bev, eu tô presa no supermercado! Nevou tanto que os funcionários vão levar mais ou menos duas horas para liberar a saída do estacionamento. Você vai sair à noite, né? Acho que vamos ter que deixar o filme pra depois do dia 25. Nem acredito que isso tá acontecendo!

Madison torceu para que a amiga não ficasse chateada. Não poderia culpá-la se o fizesse; ela mesma tinha vontade de passar a perambular pela loja com a pior das caretas.

Como essa atitude não a ajudaria em nada, Madison resolveu que ia checar qualquer coisa na seção de petiscos. Sempre havia um salgadinho novo para ser descoberto, mesmo que os seus ingredientes não fossem dos mais saudáveis.

O seu carrinho só tinha chocolates, biscoitos, queijo e uma garrafa de vinho, de qualquer forma. Não faria mal entupi-lo de mais besteiras para parar de pensar no tempo que estava perdendo.

Ela passou pelo corredor de temperos com pressa, parando somente no de biscoitos para trocar o sabor do que tinha pegado. Morango nunca seria uma boa escolha quando o chocolate estava disponível. O próximo corredor, de salgadinhos e batatas e todos os tipos imagináveis de petiscos, fez seus olhos brilharem.

Era para aquilo que ela recebia um salário. E para pintar suas telas, é claro.

Madison passou tranquilamente pelas embalagens brilhantes e excessivamente coloridas, parando para pegar uma batata picante. O rótulo insistia que era forte demais, mas Madison sabia que era pura propaganda enganosa.

Ela colocou esse e outros petiscos no carrinho, andando depressa pelo corredor só pela sensação que as rodas correndo rapidamente pelo chão da loja lhe proporcionava. Seu irmão provavelmente insistiria em chamá-la de pirralha por isso.

Luzes congelantes | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora