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"Eu adoro quando você simplesmente não se importa
Eu adoro quando você dança como se não houvesse ninguém por perto
Eu adoro quando você não aceita um não
Eu adoro quando você faz o que quer, só porque você falou que iria fazer."
LIFE OF THE PARTY — SHAWN MENDES

Existia algo de reconfortante na possibilidade de não fazer nada. Madison não era fã do ócio; muito pelo contrário, sempre sentia uma necessidade de fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo. Mas saber que não precisaria acordar cedo naquele onze de dezembro aqueceu seu coração de uma forma que somente quem odeia levantar antes das nove sabe.

Que o lindo nascer do sol na varanda ficasse para o próximo dia. Poder dormir até tarde em uma quarta feira era tudo que seu espírito precisava para ter seu bom humor matinal renovado.

Madison se levantou e realizou todas as tarefas obrigatórias como uma máquina: em menos de cinco minutos, já tinha arrumado a cama, aberto as cortinas, penteado os cabelos e trocado de roupa. Esperava que o suéter de tricô bege com algumas listras de arco-íris e a blusa justa de mangas compridas que vestia por baixo dessem conta do frio que parecia não ter fim. Não que ela fosse vestir o suéter agora; o aquecedor da casa era suficientemente bom para que somente uma camada de roupa a esquentasse.

Flynn não gostava, mas Madison era uma fã natural das baixas temperaturas. Não havia programação de fim de semana melhor que beber um bom vinho, comer queijos e assistir comédias românticas após uma noite de longas conversas. Muito melhor que o calor insuportável que, quando vinha, tirava todos de suas casas e lotava os parques.

Ela saiu cantarolando pela casa, a cozinha como seu primeiro destino. O cereal de chocolate que pedira à moça que cuidava da casa quando não haviam visitas era seu preferido, e ela aumentou o volume da música que cantava conforme o leite foi amaciando as bolinhas marrons.

Como já tinha reclamado de quartas-feiras?

— Acordou de bom humor hoje, hein, Bradford — ela escutou uma voz grave dizer atrás de si.

Era Flynn, obviamente. Ele ainda estava de pijama, e a camisa a fez franzir a testa por alguns segundos antes de rir. Era por isso que ele parecera tão revoltado no dia anterior diante dos insultos a O poderoso chefão. Sua camisa não deixava dúvidas a respeito de seu apreço pela franquia.

— Você tem até pijama disso — ela afirmou, se sentindo um pouco estúpida pela afirmação depois. É claro que ele tinha, e estava bem na frente dos olhos dela.

Flynn, que se sentava na bancada à sua frente com uma cara de poucos amigos, respondeu:

— Eu não estava brincando quando disse que era o melhor filme já feito.

— Você disse que era "um marco na indústria audiovisual", não o melhor, se lembro bem.

Ele arregalou os olhos.

— Sua memória é sempre irritantemente impecável assim?

Madison deu de ombros.

— Não posso evitar.

Flynn soltou um muxoxo de chateação e pegou um dos muffins que tinha assado no dia anterior. Não sobraram muitos; Madison logo descobriu que ele cozinhava bem demais para que ela conseguisse manter os frutos desse talento longe de seu alcance.

— Você demorou tanto pra acordar que eu achei que nem iríamos mais a... St. Luke? — Ele terminou a frase com um tom questionador, incerto sobre o nome da cidade.

Madison bufou.

— Por que eu acordaria cedo sem motivo algum?

— Você estava dormindo até agora?

Luzes congelantes | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora