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"Toda minha vida você esteve ao meu lado, quando ninguém esteve me apoiando
Todas essas luzes não podem me cegar
Com seu amor, ninguém pode me derrubar."
DRAG ME DOWN — ONE DIRECTION

Madison queria jogar seu telefone pela janela.

Se arrependia amargamente da hora em que contara todos os acontecimentos dos últimos dias para Beverly. Ela podia ter quase 30 anos, mas era uma adolescente quando o assunto era irritar Madison.

E ela estava conseguindo.

Madison soprou a fumaça do cigarro à sua frente, vendo-a se fundir com a névoa natural das montanhas. Estava particularmente frio, mantendo a média do dia anterior.

Dia esse que tinha sido bem melhor do que ela imaginara, aliás. Madison jamais esperara que Flynn fosse pensar em uma noite da fogueira, muito menos conversar abertamente sobre tantas coisas e até mesmo tocar. Era verdade que ela quase estragara o momento musical com sua voz aguda demais, mas tinha sido tão pacífico, tão intocável, que ela bem que gostaria de eternizar o momento em um globo de neve.

Falando no objeto, ele enfeitava sua cômoda desde o dia em que tinham ido a St. Luke. Ele combinava perfeitamente com a decoração rústica e intimista do quarto, com aquela tapeçaria em tons de verde, branco e vermelho na parede. Madison amava aquele quarto pelo clima natalino que ele tinha e, naquele ano em específico, adicionara mais uma decoração temática.

A risada de Beverly continuava chegando aos seus ouvidos. Ela tinha que admitir que a amiga estava certa: tinha passado tantas horas antes da viagem julgando que seriam os piores dias de sua vida, que o mau humor de Flynn a contaminaria e ela passaria duas semanas sem nenhuma partícula do espírito natalino dos anos anteriores, que tomara todos esses pensamentos como um presságio verdadeiro.

E a realidade não poderia ser mais distante deles.

Se era para ser sincera, Madison sabia que Flynn vinha tornando a viagem única para ela, e não de uma forma ruim. Era interessante ter uma companhia durante todo aquele tempo, mas talvez o mais interessante mesmo fosse a companhia ser ele.

E esse pensamento a fez soltar um arquejo.

Você tá me ouvindo, Mads? — Beverly a tirou de seus devaneios. — O sinal aí é uma merda.

— Eu que estava perdida em pensamentos, Bev — Madison respondeu, se jogando na cama, os cabelos espalhados ao seu redor em um fundo cor de fogo. — E como você tá aí? Trabalhando muito?

— Eu que estava perdida em pensamentos, Bev — Madison respondeu, se jogando na cama, os cabelos espalhados ao seu redor em um fundo cor de fogo. — E como você tá aí? Trabalhando muito?

Beverly era advogada especializada em direito de família e sempre tinha um caso ou outro para destrinchar. No fim de ano, em meio a tantas festas, viagens e comemorações, ela costumava ficar mais ocupada ainda, motivo pelo qual tirava suas férias geralmente no final de janeiro.

Infelizmente — ela brincou, mas Madison sabia que a amiga adorava o trabalho. Tinha inclusive mudado de país quando recebera a proposta de emprego em um dos escritórios de advocacia mais famosos dos Estados Unidos. Madison se perguntava às vezes se ela sentia falta do Canadá. — Eu não ia te contar, preferia fazer surpresa, mas a boca grande do seu irmão não sabe guardar segredo nenhum. Vou passar o Natal com vocês!

Madison soprou a fumaça com força e se endireitou na cadeira.

— O QUÊ?

Sério! Obviamente, não vou trabalhar no Natal, e meus pais acharam uma promoção incrível para passar o Natal na Suíça. Eu não poderia estar com mais inveja, Mads. Imagina, tomando chocolate quente nos Alpes e... enfim, falando sobre mim, seu irmão me convidou e eu aceitei. Não é incrível?

Luzes congelantes | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora