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"Nós não podemos fazer nenhuma promessa agora, podemos, querido?
Mas você pode me fazer uma bebida
Está tudo bem eu ter dito tudo isso?
É normal que você esteja na minha cabeça?
Porque eu sei que é delicado"
DELICATE — TAYLOR SWIFT

Madison jogou suas malas sobre a cama, sorrindo com grande contentamento. Como era bom estar em casa! Não que ali fosse a sua. Mas seria o lugar mais familiar que encontraria em um raio de muitos quilômetros.

Ao contrário dela, Bingley não tinha problema nenhum em tratar o chalé como um lar. Ele deitou no tapete espesso e macio do quarto e caiu no sono com uma facilidade invejável. Madison sabia que ele devia estar cansado da viagem e, por isso, o cobriu com sua coberta preferida de patinhos.

Ouviu um pigarro. Era Flynn, é claro. Ele estava apoiado no batente da porta, as mãos dentro dos bolsos da calça e um sorriso mínimo direcionado a Bingley. Nem mesmo o mais rabugento dos homens resistia a um labrador dormindo tranquilamente sob seu cobertor felpudo.

— Qual vai ser meu quarto, Bradford? — ele perguntou, e Madison se sentiu mal. Estava tão louca para deixar todos seus pertences no quarto que nem pensara em dar qualquer orientação ao mais novo membro da casa.

Ela exibiu seu melhor sorriso de desculpas.

— Pode escolher. Os da esquerda ventam mais, mas são um pouco maiores. Todos tem aquecedor, na verdade, então praticamente dá na mesma... os da direita tem uma vista mais bonita do nascer do sol nas varandas.

A própria Madison escolhia o primeiro quarto à direita por isso. Todos os dias da viagem, ela fazia questão de acordar antes das sete só para ver os raios de sol surgirem no horizonte e iluminarem a paisagem tão branca de neve. Os pinheiros estavam sempre cobertos por ela, e o contraste da luz batendo em suas folhas congeladas era uma das paisagens mais bonitas que já vira.

Flynn assentiu, já saindo pelo corredor e respondendo no trajeto:

— Vou estar no próximo quarto.

Decidida a questão dos quartos, restava a ela tirar seus pertences das malas. Madison não estava com a mínima vontade, mas sabia que era uma tarefa inevitável, e adiá-la só tornaria tudo mais insuportável.

Ela deixou seus cosméticos e produtos na cômoda, dividindo o espaço disponível com seus pincéis de aquarela e acrílica. Tinha levado telas especialmente para aproveitar as férias e trazer o que havia de melhor no seu espírito artístico. Elas foram parar na primeira gaveta, junto com todos os objetos de trabalhos manuais que lotavam sua mala de mão.

Colocar as roupas nos cabides foi uma tarefa tão chata quanto ela imaginara e, após repousar as malas no canto mais afastado do quarto, ela fez a parada obrigatória para admirar as árvores ao redor na varanda principal da casa.

A condição de estar no segundo andar a proporcionava uma vista privilegiada do meio dos árvores. Dali, a imensidão de verde quase totalmente coberto pelo branco não parecia nada intimidadora — pelo contrário, somente a fazia sorrir.

Depois de tatear o bolso do sobretudo, Madison acendeu um cigarro e soltou a fumaça instantes depois. A névoa embaçou sua visão por alguns segundos antes de se dissipar no ar.

Foi necessário um tempo considerável para que ela percebesse que tinha companhia. Flynn estava no canto da varanda, apoiando os antebraços no guarda corpo à sua frente e a encarando com um olhar nada menos que julgador.

Madison estreitou os olhos.

— Não me diga que vai dizer que eu deveria parar de fumar porque "é um desperdício que uma jovem com tanto para viver o faça" — ela imitou o tom de voz irritante que estava acostumado a ouvir, onde quer que fosse.

Luzes congelantes | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora