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"Ouço minha mãe, (..) ouço minhas irmãs; pessoal, relaxa
Todo mundo responde merdas que eu não perguntei
Acho que estou atingindo meu limite
Posso expirar por um minuto?"
EXHALE — SABRINA CARPENTER

Flynn tinha certeza de que estava perdendo a cabeça.

Primeiro, no dia anterior, tinha despejado toda a história do seu relacionamento — da qual ele evitava falar sobre com todas as suas forças — para cima de Madison em um supermercado, como se fossem duas senhorinhas fofocando. E, em segundo, porém não menos alarmante, ele tinha aceitado a proposta louca dela.

E ele nem podia culpar fator externo algum; estava totalmente sóbrio quando perguntou o endereço dela para que combinassem no dia seguinte. Dia que tinha chegado.

Diante do olhar curioso do seu irmão mais velho, Flynn suspirou.

— Eu fiz a maior merda da minha vida — ele começou, se jogando no sofá macio de Keith.

Seu interlocutor nada disse, somente arqueou as sobrancelhas, esperando que ele prosseguisse. Eram tão semelhantes em trejeitos e gestos, os Cortland. Quase como se esse tipo de coisa se adquirisse geneticamente.

— Minha única alternativa agora é torcer pra dar certo. Quer dizer, não é o fim do mundo, são só dois dias e...

— Você realmente quer me fazer perguntar o que aconteceu, não é? — Keith o interrompeu, impaciente.

— Se você quiser saber... — diante do olhar cortante do irmão, Flynn suspirou.

E contou tudo.

Desde o momento em que tinha decidido fazer compras para suas férias dali a alguns dias à hora em que guardou o celular na gaveta da cama e dormiu, sem pensar nas consequências do que tinha aceitado. Por Deus, ele não costumava ser tão imprudente assim.

Nunca havia sido. E esse era o tipo de coisa que não deveria ter sempre uma primeira vez.

— Porra — foi a reação de Keith. Seu olhar fazia Flynn se sentir ainda mais insano. — Você arrumou um namoro de aluguel?

Dizendo dessa forma, parecia bem pior do que era.

— Não é alugado! — Flynn se defendeu, exasperado. — Ninguém tá pagando ninguém aqui. É um acordo com benefício mútuo. E não precisa nem ser um namoro! São só duas noites.

Keith abriu um sorriso enorme, quase lupino.

— Não nesse sentido, imbecil.

Flynn queria desparecer sob o chão de madeira clara do apartamento do irmão. Se ele sumisse, não precisaria encontrar Madison dali a algumas horas. Não tinha como aquela loucura dar certo, mesmo que parecesse a solução ideal na noite anterior.

— Eu sempre disse que você iria acabar tomando uma decisão no impulso algum dia — Keith comentou, encarando o teto enquanto balançava os pés sobre a mesa de centro. — Não é o fim do mundo, fica calmo. Vai ser meio merda se descobrirem? Claro. Mas são só dois dias, não vai ser impossível fingir por esse tempo.

— Tecnicamente, é pouco menos que uma semana. Não podemos terminar no Natal e reatar no Ano Novo sem despertar perguntas demais — ele respondeu, falando tão rápido que as palavras se embolavam.

Keith apertou os lábios, ainda divertido.

— Por que você está tentando me convencer que vai dar errado?

Flynn não sabia. Não tinha, em nenhuma de suas decisões racionais ao longo dos seus 25 anos, ficado tão nervoso a ponto de ter plena consciência de cada grama de comida em seu estômago. Costumava ser tão confiante, principalmente em questões profissionais, que se tornava até mesmo seu maior defeito.

Luzes congelantes | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora