A Porta para Lugar Nenhum

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     -Oh, meu deus... Então, os boatos eram verdadeiros! –Berenice diz após eles contarem tudo o que aconteceu à noite.
     -Que boatos? –Hardin pergunta.
     -Quem eram aquelas crianças, Berenice? –Mari pergunta.
     -Venham...vamos para o carro...eu vou contar tudo para vocês!

          E assim eles vão para um penhasco, o mesmo do quadro da Jumenta Voadora.
     -Por aqui crianças! Foi aqui que tudo começou! Aqui neste penhasco... –Berenice diz.
     -Parece o penhasco do Quadro! O que aconteceu aqui, Berê?–Mari pergunta.
     -Foi neste local...que a menina do lago faleceu! –Berenice conta.
     -Menina do lago? –Mari fica confusa.
     -Há duas décadas, nesta mesma época do ano, uma menina linda e inocente atravessava a floresta, ela estava toda animada para a festa à fantasia que estava acontecendo na cidade, ela parecia um anjinho com aquela fantasia de fadinha. Mas, como existem crianças que parecem anjos, existem aquelas que parecem demônios. Sete crianças fantasiadas que também estavam indo para a festa, aterrorizaram a pequena fadinha, e colocaram um crânio de Jumento na cabeça dela, ela correu chorando assustada, sem enxergar nada na escuridão da noite, até que, ela caiu do penhasco e morreu... –Berenice conta.
     -Que horror!! –Hardin fica chocado.
     -Por que eles colocaram um crânio de Jumento na menina? –Mari pergunta.
     -Ela era filha de uma moça, conhecida como a Jumenta Voadora! –Berenice explica.
     -Ah! Eu conheço a história dessa moça! –Mari diz.
     -Sim! O pai do Leonardo contou para a gente, quando viemos aqui, na infância! Era uma moça muito boazinha que ajudava as crianças carentes e distribuía comida para elas em Tapauers! Ela era conhecida como Jumenta Voadora porque no seu quintal havia um cavalinho alado de madeira com orelhas grandes demais! –Theo conta.
     -Sim! Era por isso que as crianças caçoavam da fadinha...Diziam que, como ela era filha da Jumenta Voadora, devia ter uma cabeça de Jumenta também! –Berenice afirma.
     -Que Absurdo! –Mari se revolta.
     -E o que aconteceu com essas crianças mascaradas? –Daniel pergunta.
     -Venham... Há mais um lugar que vocês precisam visitar... –Berenice os leva até uma casa, ou melhor, o que restou de uma casa, está destruída, há apenas uma porta em pé, todo o resto da estrutura da casa está destruída...
     -Que lugar é este? –Mari olha em volta.
     -Isso era uma casa? Esses destroços? –Daniel pergunta.
     -Sim! Era aqui que morava a Jumenta Voadora! –Berenice diz.
     -Que horror! Parece que um incêndio destruiu tudo! –Hardin deduz.
     -Sim... A única coisa que sobrou da casa foi essa porta vermelha! –Berenice aponta para a porta no fundo do terreno.
     -Que Bizarro! Está intacta! –Daniel chega mais perto.
     -Como pode? Berenice... O que tem atrás dessa porta? –Mari pergunta.
     -Antes, não tinha nada...agora, tem um cemitério simbólico para as sete crianças mascaradas que desapareceram depois do ocorrido! –Berenice conta.
     -Desapareceram? –Mari fica surpresa.
     -Sim! Dizem que eles viraram espíritos malignos e assombram até hoje a alma da menina nessas florestas! –Berenice diz.
     -Foram eles que nós vimos na noite passada? –Daniel pergunta.
     -Sim! O pessoal da cidade os apelidou de filhos de Umbra... E deram nomes para cada um deles: Perna de Pau, Sangria, A Viúva, Absinto, Bailarina, Porta-voz e o violinista!
          De repente, Hardin fica com uma voz grossa e seu lindo rosto agora tem um chifre no meio, como o do fantasma.
     -Exato...e vocês sabem por que me apelidaram de Porta-voz? Porque eu consigo falar através das outras pessoas!
     -QUÊ?! –Mari se assusta.
     -AAAAHH!! –Daniel grita.
     -HARDIN?!
     -Eu vejo a solidão, eu vejo um beco escuro, eu ouço um trovão, eu vejo chuva...eu ouço passos correndo na noite...eu vejo desespero, eu vejo VOCÊ morrendo na escuridão! –Hardin, possuído pelo fantasma, aponta para Daniel.
     -YES!! Não sou eu quem vai morrer viu? Chupa essa manga! –Theo mostra a língua.
     -HAAAAA!! THEO!! –Mari grita com ele.
     -Hardin? –Mari o segura quando o fantasma sai do corpo dele.
     -O quê? O que aconteceu comigo? Eu...Eu não lembro... –Hardin passa a mão para tirar o cabelo do rosto.
     -Calma! Vamos para casa agora! Esse lugar tem uma energia muito pesada... –Daniel ajuda Hardin a se recompor.
     -Sim... Ele cheira à morte... –Berenice diz.

          Enquanto isso na cidade... Larissa estava deitada na grama, descansando, com o chapéu no rosto, até que...
     -Olá? Olá? Você está me ouvindo? Larissa? –Aquele garoto que quase a atropelou está na frente dela, então ele tira o chapéu do rosto de Lari.
     -Quê? –Larissa se assusta.
     -Olá! –O garoto sorri e Larissa dá um soco na mandíbula dele pelo susto.
     -Ah! É você de novo? –Larissa diz ao ver quem é.
     -Quer parar de me agredir toda vez que eu chego perto? –O Garoto reclama. 
     -Desculpa! Você me assustou! Como me achou aqui? –Larissa fica vermelha de vergonha.
     -Eu perguntei para a Sofia! Ela me disse que você estava aqui, descansando! –O garoto diz.
     -É... Eu varei a noite com os meninos, passando o som! Tava precisando de um cochilo! –Larissa explica.
     -Bom, então, vamos começar de novo... –O garoto sorri para ela –Prazer! Eu sou Leandro! Você deve conhecer meu primo Leonardo... Lá de onde você mora!
     -PERAÊ!! PARA TUDO! Você é primo do Leonardo? Você?! –Larissa fica surpresa.
     -Sim...por que? –Leandro pergunta.
     -Nada não! Hê! Hê! Hê! –Larissa fica tímida outra vez –AAH!!Eu não acredito! O Leonardo tem um primo Boy Magia e não me contou? Vou matar aquele moleque! –Larissa diz baixinho para si mesma –Mas fala aí...o que você quer comigo?
     -Eu queria pedir desculpas de novo, pelo beijo de ontem, não quero que você tenha uma impressão errada de mim! –Leandro se desculpa.
     -Ah! Não precisa! Você não beija tão mal assim! –Larissa sorri.
     -Hê! Hê! Hê! É que eu te confundi com a minha namorada! –Leandro explica.
     -Ah! Conta outra, sua namorada coincidentemente tem o mesmo nome que eu? –Larissa diz.
     -Há! É uma longa história! Olha só para este lugar... É maravilhoso! Continua o mesmo, desde a última vez em que estive aqui! –Leandro olha em volta.
     -Você tava fora da cidade?
     -Sim... Faz muito tempo que não venho aqui...só voltei agora porque... –Leandro fica em silêncio.
     -Por quê? –Larissa diz para ele continuar.
     -Desculpa, mas não posso falar! Se eu te contar é capaz de complicar ainda mais as coisas! –Leandro dá uma risadinha.
     -É tipo...missão secreta? ADORO!! Bom...o papo tá bacana, mas eu vou ter que ir nessa! Por que você não aparece no show, esta noite, para a gente poder continuar essa conversa? –Larissa o convida.
     -O Daniel vai estar lá? –Leandro pergunta.
     -Vai! Por quê?
     -Nada, não... É que faz tempo que eu não vejo ele!
     -Beleza! A turma toda vai estar lá! Até mais! –Larissa vai embora.
     -Até... –Leandro começa a chorar –Meu deus...me dê forças...

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