Purgatório

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     -EU NÃO ESTOU MORTO! EU NÃO ESTOU MORTO!! –Daniel se recusa a acreditar.
     -Sim! Você está! Aceite o seu destino! –Porta-voz responde.
     -Não, eu só atravessei uma porta e... –Daniel tenta se explicar.
     -Nós sabemos exatamente por que você está aqui! E não vamos permitir que você leve embora o crânio da Jumenta! –Porta-voz diz bem sério.
     -QUÊ?! CRÂNIO DA JUMENTA?! Então... Esse é o rosto que a Menina do Lago está procurando? –Daniel pergunta.
     -Chega de conversa! Você vem conosco agora! –Porta-voz diz.
     -É o que você pensa, meu amigo! Você não acha que eu sairia de casa sem um plano infalível, não é? Sabe o que é isto? –Daniel tira algo do bolso –Potinhos de sal!! Inofensivos para os humanos, mas são granadas contra os espíritos!! –Ele joga o sal nos fantasmas e explode, mas Daniel também é atingido e voa longe –Meu deus! O que foi isso? Eu tô vivo? Ah, é! Eu já tô morto! Não dá pra morrer de novo, né! Esqueci que agora eu sou um espírito... E o sal também me afeta! Que vacilo! Pelo menos, me livrei dos pirralhos! Agora temos que correr para a porta vermelha...antes que eles me achem!!

          Enquanto isso, longe dali, na casa...
     -E agora pessoal? O que nós vamos fazer? –Mari pergunta.
     -Tomem um chá de camomila para acalmar! Vocês estão muito nervosos! –Berenice dá para cada um uma xícara de chá.
     -Valeu! –Hardin toma um pequeno gole.
     -Explica isso direito Berê! O que é Umbra? –Theo pergunta.
     -Umbra não é um lugar, é uma dimensão paralela à nossa! Algumas pessoas chamam de Limbo...outras de purgatório...Quem está em Umbra continua no nosso mundo, continua à nossa volta, mas está invisível... Na verdade, Umbra é um estado de espera... –Berenice conta. 
     -Espera? –Theo fica confuso.
     -Como assim? –Mari pergunta.
     -É quando os espíritos ficam aguardando... Antes de irem para o céu... Ou para o inferno! –Berenice explica.
     -Então, o Daniel tá mesmo morto?! –Hardin pergunta.
     -Sim...e não! Ele está preso em forma de espírito! Ele deve ter atravessado a porta vermelha da casa da Jumenta Voadora! –Berenice diz.
     -Quê?! A porta vermelha é uma passagem para Umbra? O que o Daniel foi fazer lá? Ele devia ter ficado quieto aqui dentro! –Hardin cruza os braços.
     -Turma! Vejam isto! A linha de sal, na janela... Ela foi quebrada! Acho que os Filhos de Umbra vieram aqui e atacaram o Daniel! –Mari aponta para a linha de sal da janela.
     -Pessoal! Tá tudo uma bagunça no quarto! Parece que teve uma briga feia ali dentro! –Theo diz.

"Er... Teve briga nenhuma! Eu mesmo baguncei tudo! Foi mal aí!"

     -Ai caramba! Os fantasmas o levaram à força! –Mari diz chocada.
     -É tudo culpa nossa! Não devíamos ter deixado ele aqui sozinho! –Hardin se culpa.
     -Perae! Se os filhos de Umbra também estão nessa outra dimensão por que nós podemos ver eles, mas não vemos o Daniel? –Theo pergunta.
     -Eles tiveram anos de experiência para aprimorar suas capacidades paranormais...por isso consegue ficar visíveis ou invisíveis...e o Daniel não! –Berenice conta.
     -Mas como a gente vai ajudar ele se não conseguimos nem enxergar o coitado? –Theo diz.
     -Ei!! Acho que eu tenho a solução pro nosso problema! –Hardin diz num pulo.
     -Sério? Fala aí! –Mari diz.
     -A Tia Louise, uma vez, me explicou que as câmeras trabalham numa frequência diferente da do olho humano... Elas conseguem"ver" aparições sobrenaturais! Com esta câmera a gente vai poder enxergar o Daniel! –Hardin pega a câmera de Theo.
     -Isso é absurdo... É loucura! –Berenice desacredita.
     -Não! É ciência! Mas a câmera tá sem bateria! –Hardin diz.
     -Eu tenho uma reserva na minha mochila lá no carro! –Theo vai buscar.
     -Eita! Dessas modernidades eu não entendo nada! Vou fazer mais chá! –Berenice dá risada.
     -Aqui Hardin! –Theo volta e entrega a bateria nova para ele.
     -Prontinho! Está funcionando agora! –Hardin coloca e começa a gravar.
     -E aí? Você tá vendo o Daniel? Ele tá aqui, com a gente? –Mari pergunta.
     -Não, mas...espera! –Hardin vê algo estranho.
     -O que foi? –Mari diz.
     -Tem um símbolo desenhado aqui! Só da pra ver pela câmera!–Hardin aponta para a portinha de baixo da escada.
     -Símbolo? Como assim? Que símbolo? –Theo pergunta.

     -Este símbolo! –Madame Creuzodete o desenha em um papel. O símbolo se parece com uma letra X cruzando uma linha reta.
     -Parece um... Tridente! –Larissa diz.
     -Ele estava na minha visão... Marcado no braço do Daniel! Ele faz parte do mais antigo alfabeto rúnico, o sistema nortumbriano... –Madame Creuzodete conta.
     -E qual é o significado dessa Runa? –Sofia pergunta.
     -Ela simboliza o mal inevitável do qual você não pode fugir! É o símbolo da serpente! –Madame Creuzodete explica.
     -Ok! Posso surtar agora, ou espero mais uns minutos? –Larissa olha para as duas.
     -Hum... Tenho certeza de que já vi isso antes... Só não sei onde! –Sofia tenta se lembrar.
     -Apenas uma pessoa com essa marca seria capaz de Abrir aporta para Umbra! –Madame Creuzodete diz.
     -Mas por que o Daniel foi escolhido? É um sorteio? –Larissa pergunta.
     -A ambição incontrolável dele... Esse orgulho desenfreado...o egoísmo capaz de passar por cima de tudo pra conseguir o que ele quer... Eu avisei ao Hardin... Corações puros atraem espíritos bons... E espíritos ruins são atraídos por sentimentos podres! O Daniel atraiu tudo isso para cima de si mesmo... E agora, que ele está morto, o mundo inteiro vai sofrer as consequências! –Madame Creuzodete está muito mais sombria.

     -Ok! Até aqui tudo bem! Até parou de chover! Os filhos de Umbra estão me procurando no chão! Nunca vão me encontrar aqui, em cima das árvores! Sou mesmo muito inteligente! E daqui dá pra ver a porta vermelha! Tô pertinho da saída! HUEHUEHUE! Eles podem ser poderosos, mas não têm nenhuma chance contra a maior mente do mundo! A minha! –De repente, o nariz de Daniel começa a sangrar –Hã?! O que é isso? NÃO!! ELA ME ACHOU! SANGRIA!! AAAHH!! MEU DEUS QUE DOR É ESSA? NÃO! VOCÊ NÃO VAI ME DERROTAR! NÃO AGORA QUE EU ESTOU TÃO PERTO! –Daniel começa a sentir uma dor enorme –Que barulho é esse? Parece um tremor de...Não, Não!! NÃO!! NÃO!! –Daniel vê Perna de Pau aparecer em sua frente, mais alto que nunca e joga Daniel longe e ele cai exatamente em frente à porta vermelha –Hã? A porta!! Eu não acredito!! Eu alcancei a porta!! Há! Há! Há! Não falei que eles eram burros? Me jogaram exatamente onde eu queria chegar! Hê! Hê! He! Eu derrotei os poderosos filhos de Umbra! Adeus pesadelo! –Ele abre a porta –QUÊ?! NÃO!

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