Os Manipulados Mortos

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          Quando Daniel abre a porta, ele vê os sete filhos de Umbra, dentro de uma sala escura.
     -Não há escapatória! –Porta-voz diz.
     -Não há esperança! –Bailarina continua.
     -O mal é inevitável! –O Violinista termina.
     -NÃO! NÃO! Não é possível! Eu venci! Eu derrotei vocês! Eu atravessei a porta e...
     -Na verdade, essa era apenas uma porta falsa! Uma ilusão! Cortesia da Bailarina! Nós te trouxemos para o nosso clube! –Porta-voz explica.
     -CHEGA!! Eu não aguento mais esse pesadelo! Por favor! Acabem com isso de uma vez! –Daniel pede.
     -Acabar? Nós estamos apenas começando! –Porta-voz se aproxima de Daniel.

     -Espera aê! Quer dizer que o orgulho do Daniel atraiu os Filhos de Umbra? –Larissa está surpresa.
     -Não! Atraiu algo bem mais perigoso! Ele atraiu a Menina do Lago! O espírito mais maligno e manipulador que já existiu... A filha da Jumenta Voadora! –Madame Creuzodete diz.
     -Quê?! Para tudo! Como assim? Ela não era boazinha? –Larissa está chocada.
     -A Menina do Lago não era a vítima da lenda? –Sofia também está surpresa.
     -Como todo conto de fadas, a história real da Jumenta Voadora foi adocicada, para ser contada para as crianças... –Madame Creuzodete conta –Enquanto sua mãe era uma pessoa boa que distribuía comida para as crianças, a menina era consumida por uma inveja e um ciúme incontrolável! Ela odiava todas as crianças da cidade porque achava que sua mãe dava atenção demais para elas... Naquela noite do dia das bruxas, há vinte anos, ela resolveu assustar um grupo de sete crianças... pegou um crânio de jumenta e colocou galhos no lugar das orelhas...Não foram eles que atacaram a menina... Foi exatamente o contrário... Ela correu urrando para as crianças, que fugiram em pânico! Mas a menina não percebeu que o crânio atrapalhava a sua visão...até ser tarde demais...
     -Quer dizer que as sete crianças eram inocentes? Me amarrota que eu tô passada! –Larissa está de boca aberta.
     -Sim... Mas a história fica ainda mais sombria, a partir de agora...

     -Por que só dá pra ver o símbolo pela câmera? –Mari pergunta.
     -É isso aí! O símbolo não é um fantasma! –Theo está confuso.
     -As câmeras não enxergam só fantasmas! Elas conseguem "ver" todo tipo de evento paranormal ou oculto! –Hardin explica.
     -Mas por que esse troço tá aí? –Mari pergunta.
     -Eu não sei!
     -Vamos abrir de uma vez e descobrir! –Theo abre a portinha.
     -Oh! Meu Deus! –Hardin diz chocado.
     -O que foi Hardin? O que você está vendo pela câmera? –Mari pergunta.
     -O símbolo! Está rabiscado em todas as paredes! Deve ser um tipo de magia de ocultamento! Como se eles estivessem aqui para esconder alguma coisa! –Hardin conta.
     -Será que foram os fantasmas que fizeram tudo isso? –Mari deduz.
     -Temos que avisar a Berenice! Rápido! –Theo diz.

Umbra...
     -...E essa é a verdadeira história da Menina do Lago! Ela te enganou esse tempo todo! –Porta-voz conta tudo.
     -NÃO!! EU NÃO ACREDITO NISSO! ELA É A VÍTIMA! VOCÊS SÃO OS VILÕES! –Daniel grita.
     -Oh... Então, o grande manipulador nem percebe quando está sendo manipulado? –Bailarina diz. 
     -Quê?! –Daniel fica confuso e a Bailarina começa a dançar entre as memórias de Daniel –O que está fazendo?
     -Vamos dançar entre suas memórias! A Menina do Lago planejou tudo... Causou o acidente na estrada, te marcou com o selo da serpente e fez você entrar na Umbra... Mas ela não fez tudo sozinha! Alguém sabia que vocês vinham para cá e estava manipulando tudo, desde o início! –A Bailarina olha fixamente para ele.
     -Quê?!
     -Quem está trabalhando com ela? Quem é o grande vilão por trás de tudo isso? Quem encontrou vocês quando tiveram o acidente? Quem disse que estava vindo para cá? Quem ofereceu uma carona? Quem ofereceu a sua casa para vocês dormirem? –A Bailarina diz até ele cair na real.
     -Berenice!! Não!! A turma...

     -Podem ficar tranquilos! Fui eu que montei este santuário! –Berenice diz.
     -Mas... Mas...por quê? –Mari pergunta.
     -Por quê? Não é óbvio? Eu o construí em memória da minha filha... Que foi morta por culpa daquelas crianças malditas! –Berenice diz muito séria.
     -Quê?!
     -Então... Você é a moça da história? –Hardin pergunta.
     -Você... Você é a... –Theo olha para ela.
     -Sim! Há muitos anos, as crianças me chamavam de Jumenta Voadora! As mesmas crianças que mataram a minha filha! As mesmas crianças que eu envenenei e joguei dentro de Umbra! –Berenice está com um ar muito mais sombrio.
     -Quê?! –Hardin está chocado.
     -Aliás, é o mesmo veneno que eu coloquei no chá que vocês acabaram de beber! –Berenice diz sorrindo maleficamente.
     -Não! –Hardin sente a cabeça doer e se ajoelha no chão.
     -Você... Você nos enganou esse tempo todo... –Mari tenta lutar, mas a tontura a derruba.
     -Sim! –Berenice sorri enquanto os vê morrer lentamente.
     -Urgh! –Hardin sente muita dor.
     -Não... Consigo... Ficar...de pé... –Mari cai no chão.
     -Por quê? Por quê? –Hardin pergunta.
     -Ora, meu querido... Eu preciso de vocês... Para trazer minha filha de volta à vida... Esta noite ela renascerá em toda a sua glória! E vai espalhar sua vingança pelo mundo... E então ela será conhecida, como a verdadeira Jumenta Voadora! –Berenice diz orgulhosa.
          Quando Hardin dá seu último suspiro, a câmera caí aos pés de Berenice, que, pela câmera, dá pra ver que Berenice não tem pernas, e sim cascos de Jumenta.

     -A Berenice!! É claro!! Agora tudo faz sentido! –Daniel finalmente entende tudo.
     -Nós fizemos de tudo para tirar vocês de lá... Tentamos expulsar vocês da casa, mas não quiseram partir! –Porta-voz diz.
     -Eu avisei que um de vocês ia morrer... Mas, ainda assim... –O Violinista conta.
     -Era tudo uma armação! Por isso a chave estava guardada na casa dela! Ela queria que eu encontrasse! –Daniel diz.
     -Sim! Ela usou o símbolo da serpente para ocultar... Faz anos que estamos procurando... Mas nunca conseguimos achar! –O Violinista fala.
     -Ei! Agora que eu tenho a chave, posso abrir a porta para vocês saírem comigo! –Daniel diz.
     -Não é tão simples assim! –O Porta-voz diz.
     -Berenice nos amaldiçoou... Fomos trocados pela alma da sua filha! –A Bailarina conta.
     -Só seremos libertados quando ela entrar em Umbra! –O Violinista conclui.
     -Ah! É por isso que ela me pediu para vir no seu lugar... Ela não pode entrar aqui! Acho que acabei de bolar um plano infalível! Mas vamos precisar do crânio da Jumenta! Vamos usar como isca e atrair a menina até aqui! Onde vocês esconderam o crânio? –Daniel sorri malicioso.
     -Não estou gostando dessa ideia! –Porta-Voz diz sério.
     -O futuro é incerto! É melhor não arriscar! –O Violinista diz.
     -Nós deixamos o crânio com a mulher do Barco! –A Bailarina conta.

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